Última alteração: 2016-01-21
Resumo
Encontro entre a experiência com a formação de EPS (Educação Permanente em Saúde) em Movimento e o cotidiano do processo de trabalho com a EPS, tendo como objetivos demonstrar as afecções e saberes vivenciados durante o processo de formação em EPS a partir da junção de fragmentos isolados (pedaços de panos). Estes deram vida a uma nova realidade, infinitamente mais complexa que o estado anterior. A colcha de retalhos foi utilizada como dispositivo de cuidado.
A ‘colcha de devires’, apresentada como produto final da formação em tutoria de EPS em Movimento, trata-se de uma proposta de ‘instalação’ ilustrando as conexões tecidas com a EPS no espaço de trabalho, onde foram replicados de forma viva, e em ato, os conceitos propostos no percurso formativo da tutora, bem como tudo aquilo que foi vivenciado presencialmente nos encontros com o grupo de EPS em Movimento. Tudo foi posto em cena em tempo real e com a participação de todos os atores presentes.
A experiência de tecer a ‘colcha de devires’ em ato aponta para uma nova maneira de interpretar o outro e a nós mesmos a partir do encontro, da produção de novos arranjos no campo da saúde, da ótica do anfíbio voador, do reconhecimento do rastreamento nos nossos cotidianos, podemos almejar uma prática de EPS que, de fato, dialogue com as necessidades dos sujeitos nos territórios e que possa ser um dispositivo de transformação das práticas, e com isso, fortalecer e consolidar o SUS que queremos.
Essa experiência foi trançada em uma colcha de retalhos que se tornou um tecido entrelaçado dando forma e corpo a uma outra colcha onde os retalhos estão presentes e integrados num material que se desprende do anterior e da pressuposta individualidade de cada fragmento. E foi a costura entre essas afecções que deu sentido à colcha, como se o pesponto entre os panos nascesse em si mesmo, provocando reflexões sobre a prática de trabalho da tutora e a relação com a formação em EPS.
Toda criação tem suas incoerências, toda colcha de retalhos tem suas descosturas e são elas que abrem brechas a novas experiências, outros formatos. Este trabalho tem a característica de ser poroso, aberto e descontínuo fermentando sua ideia inicial e tomando outro corpo. O resultado é um tecido sem forma definida, feito com inúmeros materiais, colhidos nas mais diversas fontes e aberto a novas experimentações e narratividades em EPS.
Palavras-chave
Referências
DELEUZE, G. & GUATTARI, F. Introdução - Rizoma, In: DELEUZE, G & GUATTARI, F. Mil Platôs: Capitalismo e Esquizofrenia, Vol. 1. São Paulo, 34, 1995.
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