Rede Unida, Encontro Regional Norte 2015

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Parteiras e a conexão com a Rede Cegonha no estado do Pará. Aproximações...
Ana Lúcia Silva, José Guilherme Wady, Emerson Elias Merhy

Última alteração: 2016-01-21

Resumo


Este trabalho é parte do projeto “Observatório Nacional da Produção de Cuidado em diferentes modalidades à luz do processo de implantação das Redes Temáticas de Atenção à Saúde no Sistema Único de Saúde: Avalia quem pede, quem faz e quem usa”, tendo o entendimento de que o trabalho em saúde faz parte de uma micropolítica. Propõe processos avaliativos nas redes de saúde, com foco no modo como o cuidado é produzido. Olhando para a Rede Cegonha-RC (PA) e considerando que a pesquisa no campo da saúde só ocorre efetivamente quando o conjunto dos protagonistas do agir cotidiano no mundo do trabalho se incorpora aos processos avaliativos, pretendemos abordar as relações de saber-poder (saber das parteiras / saber biomédico) e, de forma mais ampliada, os desdobramentos desses saberes em seus campos de disputas, as possíveis tensões entre eles e os efeitos de sua potência, circunscrevendo as práticas de um grupo de parteiras da cidade de Bujarú (PA). Pensar os regimes de verdade produzidos, como eles operam e os possíveis efeitos na produção do cuidado na RC. Fez-se uma aproximação do campo e identificou-se um grupo de parteiras, do qual duas foram inicialmente convidadas a participar da pesquisa e estamos chamando de “parteiras-guia” que, por meio de seus encontros com os pesquisadores e com o território onde estão inseridas, narram as experiências do vividas dentro e fora da rede de cuidado. Nessa metodologia, que foi se produzindo no encontro com essas cuidadoras, identificamos que muito embora as parteiras ocupem um “dentro/fora” na rede de atenção, estas não passam desapercebidas do que é instituído na RC com a sua política de visibilidade e invisibilidade, e seguem tecendo novas possibilidades de produção do cuidado, se deslocando e produzindo deslocamentos dentro e fora da rede. A lógica do acesso ao cuidado na região também passa pela possibilidade desses enfrentamentos, inclusive, de valoração do que é ser parteira e como isso vai se produzindo, e o sentido que é atribuído a um certificado de “parteira tradicional” ou a um “kit parteira”, por exemplo. A organização da RC tem sido pensada, talvez, a certa distância das práticas desenvolvidas pelas parteiras e estas, por sua vez, independentemente de serem ou não reconhecidas institucionalmente, vêm tecendo uma potente rede de atenção na produção do cuidado às mulheres, que extrapola o sistema; e que a conexão entre as redes é algo que urge.

 


Palavras-chave


Produção do Cuidado; Redes Temáticas de Atenção; Parteiras; Rede Cegonha