Rede Unida, Encontro Regional Norte 2015

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A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR NA REALIZAÇÃO DE PRÁTICAS EDUCATIVAS EM SAÚDE: COMBATE A DISSEMINAÇÃO DE CASOS DE DENGUE NO MUNICÍPIO DE BONITO (PA).
LUINE GLINS CUNHA, BETH GOMES GONÇALVES, JOSÉ GUILHERME WADY SANTOS

Última alteração: 2016-05-30

Resumo


A dengue é uma doença aguda, cujo agente etiológico é o vírus do gênero Flavivírus, é conhecido por quatro tipos de sorotipos distintos: DEN-1, DEN-2, DEN-3 e DEN-4 (TAUIL, 2001). Ocorre principalmente em áreas tropicais e subtropicais do mundo, inclusive no Brasil. As epidemias geralmente ocorrem no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos. A dengue clássica se inicia de maneira súbita e pode ocorrer febre alta, dor de cabeça, dor atrás dos olhos e dores na costa. Às vezes aparecem manchas vermelhas no corpo, chamadas de petéquias. Os sintomas duram no período de 5 a 7 dias com melhora progressiva dos sintomas em 10 dias. Em alguns pacientes podem ocorrer hemorragias discretas na boca, na urina ou no nariz. O presente trabalho foi inicialmente realizado como pré-requisito de avaliação parcial da disciplina Necessidades e Demandas em Saúde Pública no Estado do Pará (NeDeSUS-PA), que faz parte do currículo de formação no 5º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem, da Faculdade de Castanhal (FCAT), e ministrada pelo terceiro autor. O objetivo da atividade inicial era cada grupo de alunos fazer um levantamento de situações problema ou experiências exitosas no SUS, nos municípios nos quais eles eram residentes ou que tivessem alguma possibilidade de realização da atividade na cidade escolhida, incluindo a cidade onde fica a Faculdade, no nordeste paraense. Nesse sentido, fizemos um contato com a equipe multidisciplinar, do Município de Bonito (PA), que é localizada no nordeste paraense, à 155km da capital Belém com aproximadamente 15.000 habitantes (IBGE, 2015) cuja composição era de um enfermeiro, um supervisor de endemias, cinco agentes de endemias e quatro agentes comunitários de saúde. Após esse contato inicial, o grupo de alunos, incialmente composto por quatro graduandos, foi pessoalmente até à cidade conhecer a experiência exitosa por meio de vídeos e fotos com relação às ações de educação permanente em saúde voltada para o combate à disseminação da dengue. Conhecida tal experiência, que também envolveu o levantamento de dados acerca da realidade local com relação ao mosquito, foi feito o convite para que a equipe de saúde daquele município, que vinha desenvolvendo uma experiência considerada exitosa, pudesse se fazer presente no dia da apresentação dos trabalhos realizados pelos diversos grupos de alunos, que ocorreu na faculdade acima citada. Chegado o dia, além da apresentação em forma de banner e distribuição de folders informativos à comunidade acadêmica, como parte da programação da VIII Semana Acadêmica da Faculdade de Castanhal, em maio de 2015, a equipe de saúde do município fez a apresentação teatral, a mesma que ela vinha fazendo nas diversas escolas da cidade, praças e comunidades da zona rural. Foram analisados os registros do Sistema de Informação de Agravos e Notificações - SINAN, no período de Janeiro a Março de 2015 quatro notificações de dengue naquele município. As formas preventivas e dinâmicas abordadas nas escolas, praças e comunidades da zona rural, foram de extrema relevância onde a população percebeu que o acúmulo de lixo pode gerar condições propícias para várias doenças. A distribuição de panfletos, folders informativos, campanhas com carro som, peça teatral, ações educativas e distribuição de sacos plásticos foram de suma importância, pois mostrou que é fácil tanto auto-prevenção quanto prevenção da comunidade. Conforme relatos da enfermeira da vigilância epidemiológica, o trabalho realizado pelos agentes comunitários de endemias em suas visitas domiciliares, os cidadãos são informados e orientados sobre o que devem fazer com o lixo, garrafas, latas, pneus e vaso das plantas, pois o costume de queimar lixo no fundo do quintal não era eficaz, após a observação dos quintais, alguns lixos não eram destruídos por completo como latas dentre outros, sendo um criadouro da larva do mosquito. Foram distribuídos sacos plásticos para evitar que os moradores façam aterro e realize queimadas dos lixos descartados, e esperar o carro de lixo para coleta. Tais ações foram de extrema importância e refletiram nos registros do Sistema de Informação de Agravos e Notificações, que notificou apenas quatro casos de dengue no município que, após exames laboratoriais, não houve sorotipos confirmados. A peça teatral chamou atenção das crianças, dos adultos e toda comunidade local, cujo foco foi o combate a dengue e as medidas necessárias para não criar condições necessárias para desenvolvimento das larvas do mosquito transmissor da doença (Aedes aegypti). Com 11 integrantes, todos caracterizados de moradores da região e de mosquitos da dengue, o grupo desenvolvia performances focadas no processo educativo do público alvo para o qual se apresentava (crianças – em escolas públicas e escolas na zona rural) e os adultos nas praças e bairros da cidade. O texto do teatro narrava uma situação cotidiana da cidade, ligada à temática, e que vinha sendo frequentemente observada nas residências da comunidade, pelos agentes de endemias daquela localidade, ou seja, o acúmulo de lixo e o armazenamento indevido de pneus, latas, garrafas, água na base do vaso das plantas e demais elementos que têm a capacidade de armazenar água e sujeira, tornando-se um criadouro da larva do mosquito. Após a divulgação e apresentação do grupo em várias escolas, bairros e localidades na zona rural, a realização de ações educativas e a apresentação do teatro, os agentes de endemias passaram a observar uma mudança substancial com relação à realidade anteriormente por eles presenciada quando realizava suas visitas às residências, pois não presenciaram o acúmulo de criadouros de larva do mosquito da dengue. Ao serem interrogados, os moradores relatavam a importância do processo educativo desenvolvido pela Secretaria Municipal de Saúde de Bonito especificamente o Departamento de Vigilância Epidemiológica. Além disso, chamou atenção dos agentes a constante referência que os adultos faziam em relação aos relatos das crianças alertando para os riscos presentes em suas casas, o que despertou o interesse daqueles adultos de assistir a peça teatral comentada pelas crianças. Nota-se que o processo de educação em saúde foi de suma importância, pois foi perceptível a troca de saberes entre profissionais de saúde, crianças e adultos. Atualmente o processo continua em curso e desenvolvimento permanente, com ideias sendo elaboradas para que a peça teatral seja apresentada por crianças com faixa etária de 07 à 12 anos, nas escolas da cidade e zona rural, pois a região é de clima quente e úmido. A equipe da Vigilância Epidemiológica junto a outros profissionais de saúde sempre buscando melhorar e aperfeiçoar as metodologias socioeducativas ao projeto. Concluímos que por meio dos registros do SINAN, não houve casos de sorotipos no município. Analisamos que por meio de uma equipe de multiprofissionais a interdisciplinaridade se faz presente com o objetivo de prevenção e promoção da saúde, ao analisarmos as vivências percebemos que a educação em saúde é um fator primordial e é um forte elo na atenção básica que precisa ser melhorado cada vez mais. As organizações e o surgimento de novas ideias foram de fundamental importância para melhoria, sensibilização e conscientização da população, enfatizando a educação em saúde, e assim eliminando criadouros da larva do mosquito Aedes aegypti nas residências, praças e escolas no município.

 


Palavras-chave


EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE; PREVENÇÃO; DENGUE.