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Os desafios do CAPS na efetivação da reabilitação psicossocial
Última alteração: 2014-11-09
Resumo
Introdução: Na atual política nacional de saúde mental, destaca-se a criação de diversos serviços substitutivos, notadamente os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Tais serviços devem funcionar segundo a lógica do território, sendo responsáveis pela articulação da rede de saúde mental, buscando ampliar os lugares sociais a serem habitados pelas pessoas em sofrimento psíquico. A reabilitação psicossocial é essencial para o trabalho realizado nos CAPS, sendo uma possibilidade para a efetivação de políticas públicas em saúde mental dentro do território, favorecendo aos usuários o acesso aos direitos e ao exercício de sua cidadania. Objetivos: Dada à relevância do conceito de reabilitação psicossocial e sua implicação no campo da saúde mental, o presente estudo tem como objetivo analisar as dificuldades enfrentadas pelos CAPS na efetivação da reabilitação psicossocial e refletir sobre possíveis estratégias frente a tais desafios. Metodologia: Como referencial metodológico, utilizou-se a revisão integrativa de literatura, elaborando uma síntese do conhecimento para a compreensão do fenômeno analisado. Foram analisados 35 artigos de periódicos indexados nas bases de dados LILACS, Scielo, INDEX Psi e PePSIC, a partir dos descritores CAPS, centro de atenção psicossocial, serviços de saúde mental, reabilitação psicossocial e reinserção psicossocial. Como critério de inclusão foram selecionados documentos na íntegra, dos últimos cinco anos e que fizessem alguma referência ao processo de reabilitação psicossocial nos CAPS. Resultados: Os resultados mostram que o conceito de reabilitação psicossocial, embora muito presente nas publicações, encontra-se ainda sem uma definição unívoca e engloba múltiplos significados. Os artigos descrevem experiências exitosas, mas enfatizam que a concretização da reabilitação psicossocial não vem ocorrendo efetivamente nos CAPS, devido às inúmeras dificuldades enfrentadas nesses serviços. Algumas das dificuldades apontadas são: pouca articulação dos CAPS com os serviços de atenção básica e intersetoriais; ações com baixo enfoque comunitário; poucas iniciativas para a inclusão social pelo trabalho; baixo suporte às famílias e falta de capacitação dos profissionais de saúde. Os estudos analisados evidenciam um risco eminente dos CAPS reproduzirem modelos manicomiais. Nesse sentido, as ações psicossociais permanecem à margem do projeto terapêutico, predominando intervenções pautadas no paradigma psiquiátrico. Discussão: Conclui-se que é necessário promover o debate e a reflexão dos gestores e profissionais a fim de melhorar tal processo. Além do trabalho desenvolvido na rede de atenção psicossocial, também o trabalho em equipe interdisciplinar contribui para a efetivação do processo de reabilitação. Ainda, dentro dessa perspectiva, estratégias como a formação em saúde pautada em campos de conhecimento, para além dos núcleos profissionais, contribuiria para que os futuros profissionais trabalhassem de maneira mais integrada e interdisciplinar. Nesse sentido, propostas como o VER-SUS, PET-Saúde e as Residências Multiprofissionais, possibilitam uma maior imersão do estudante/residente nos cenários de prática profissional, experienciando e refletindo sobre as ações no território. No que diz respeito aos profissionais já inseridos nos serviços de saúde, a formação permanente tem se mostrado uma ferramenta interessante para viabilizar uma discussão e reflexão sobre as práxis profissional.
Palavras-chave
CAPS; reabilitação psicossocial; saúde mental