Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DO MILITANTE DA EDUCAÇÃO EM SAÚDE
elenita sureke abilio, Maria Jose Jesus Alves Cordeiro

Última alteração: 2014-11-09

Resumo


Introdução: Neste trabalho apresento o relato da minha experiência no campo da Educação sendo este um recorte da minha pesquisa de mestrado o qual apresento de forma discursiva, pois não há outra forma de falar de mim, senão na afirmação do quanto me moldei buscando uma identidade profissional construída no berço da vivência prática do trabalho amparada pelas políticas de saúde. Descrição da experiência: Na primeira década do SUS, quando iniciei a minha carreira profissional, emergia vários problemas sócio-políticos no Brasil e ecoava inquietas as demandas que me eram trazidas para pensar o contexto da saúde e da assistência social, demandas esta que trouxeram a subjetividade necessária para ter muitas dúvidas de qual era realmente o meu papel como psicóloga e a sede por conhecer e mergulhar nas políticas públicas para atender as exigências de dar respostas imediatas a estas demandas e na pulsação por questionamentos infinitos.  O aguçar dos questionamentos, conflitos e respostas nada prontas marcou o meu território de prática profissional e, além disso, exigiu o aperfeiçoamento na minha área de formação determinando de fato que a Psicologia da Saúde fosse a especialidade a ser seguida por mim e impulsionou-me a entender a complexidade da instituição hospitalar como fortaleza para a criação de subjetividade e firmar-me como apoiadora institucional neste contexto. Um feliz encontro com o novo foi a minha participação na equipe de docentes da Universidade Federal da Grande Dourados na elaboração de um projeto para implantação do programa de residência multiprofissional no hospital. Proposta ousada, desafiadora e necessária para a identidade de instituição de ensino que vislumbrávamos como espaço de formação em saúde. Além das funções como gestora e psicóloga, a função de preceptora dos residentes de psicologia me despertou para a docência e para a construção de um novo jeito de fazer/ensinar repensar a minha prática profissional com a interface da Política de Educação. Impactos: Pesquisas, estudos, discussões, reuniões, registros, fizeram parte da construção de um incremento para a minha vivência profissional.  Esse novo papel marcava uma descoberta singular e potencializadora de novamente mergulhar não só nas políticas públicas de saúde como também associar ao eixo da Educação em Saúde para atender a complexidade de processos que a residência. Com a experiência adquirida e a busca pelo aperfeiçoamento técnico e político, o nascer de uma nova etapa, o desafio de coordenar o programa de residência multiprofissional em saúde que me trouxe de forma ambivalente: reconhecimento, ansiedade e insegurança. Muitos mergulhos ainda seriam necessários para responder pela forma ainda instável, burocrática e inovadora que esta nova modalidade de formação se daria. Considerações Finais: A experiência na coordenação de um programa de RMS me faz estar imbuída de intensas inquietações referentes ao compromisso com o HUGD como instituição executora, com as relações que se configuram nos cenários de prática, com a participação dos residentes em espaços de cogestão e à formação dos residentes para o SUS, centralizando para o processo de transição da graduação para a pós-graduação o qual a residência opera.

 


Palavras-chave


EDUCAÇÃO EM SAUDE; PSICOLOGIA DA SAÚDE; ENSINO

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