Última alteração: 2014-11-08
Resumo
INTRODUÇÃO:
Apesar dos avanços conquistados com o SUS, pode-se dizer que o modelo de atenção à saúde, em vários lugares do Brasil, ainda é centrado no hospital e no saber médico, é fragmentado, é biologicista e mecanicista.
Segundo a portaria 2.527, a atenção domiciliar (AD) é “caracterizada por um conjunto de ações de promoção à saúde, prevenção e tratamento de doenças e reabilitação prestadas em domicílio, com garantia de continuidade de cuidados e integrada às redes de atenção à saúde”. Um dos eixos centrais da AD é a “desospitalização”, o qual minimiza intercorrências clínicas; institui o papel do cuidador, que pode ser qualquer pessoa com vínculo emocional com o paciente e que se responsabilize pelo cuidado junto aos profissionais de saúde; e propõe autonomia para o paciente no cuidado fora do hospital.
A AD, por ser realizada no domicílio do paciente, expõe as equipes à realidade social na qual a família está inserida, a sua rotina, seus valores e as formas de cuidar instituídas no senso comum e na memória falada, passada de geração em geração.
Após um levantamento dos pacientes restritos ao domicilio, feito pelos ACS, começamos a frequentar a casa do paciente destinado para nós uma vez por semana, realizando o atendimento fisioterapêutico e conhecendo a dinâmica familiar para que em um dado momento, possamos rearticular a co-resposabilização da família.
IMPACTO:
Durante as visitas realizadas ao longo da disciplina Saúde e Cidadania V percebemos que o atendimento domiciliar é de suma importância para os pacientes pois entramos em contato direto com sua rotina e família. Com ferramentas como o genograma e ecomapa é possível verificar as potencialidades e as fragilidades das relações familiares e sociais, as quais apresentam grande impacto no processo de cuidado do usuário.
No domicílio, a família tem um papel essencial no cuidado, pois sua participação ou não influencia diretamente na melhora do paciente. A equipe de atenção domiciliar tem a missão de aproximar-se da família a fim de criar vínculo, visualizar o cenário do contexto do lar e, convergir para uma clínica ampliada singular e integrada envolvendo não só paciente, mas também cuidadores e os familiares. Percebemos uma melhora significativa no paciente, pois estamos em sua casa e o vemos completamente como ele é, um ser biopsicosocial. O tratamento é realizado de forma holística e não apenas por partes, como era visto no antigo modelo assistencial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS: A inserção precoce dos acadêmicos nesse cenário de prática contribuiu significativamente para o entendimento e a orientação dos estudos futuros, visando o desenvolvimento crítico e reflexivo, além de promover uma melhora da realidade do paciente inserido nesse nível de atenção à saúde. Nesta experiência foi possível vivenciar a questão do ser biopsicosocial e um pouco do processo familiar e isto foi de grande importância para adquirir um maior aprendizado, aperfeiçoando técnicas profissionais e desenvolvendo uma maior sensibilidade na hora de tratar.