Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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PRÁTICA DO ACOLHIMENTO COM CLASSIFICAÇÃO DE RISCO PELOS PROFISSIONAIS DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL
Larissa Rachel Palhares Coutinho, Mara Lisiane de Morais dos Santos, Albert Schiaveto de Souza, Beatriz Rodrigues de Souza Melo

Última alteração: 2014-11-09

Resumo


Introdução: O acolhimento é uma importante ferramenta do modelo assistencial proposto pelo SUS, e um dispositivo de mudança no trabalho da atenção e produção de saúde. Uma das suas vertentes é o acolhimento com classificação de risco, que tem como meta implantar uma assistência com responsabilidade e vínculo, ampliando o acesso do usuário, por meio do acolhimento resolutivo, baseado em critérios de risco. Para isso é fundamental que as equipes estejam instrumentalizadas e qualificadas para identificação de risco/vulnerabilidade do usuário. O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB) tem o objetivo de qualificar toda a atenção básica do País, a partir de um processo pactuado de forma tripartite, que permite a adesão das equipes de Saúde da Família. Objetivos: Caracterizar a prática do acolhimento com classificação de risco e capacitação dos profissionais que atuam na Atenção Primária a Saúde - APS que participaram do primeiro ciclo do PMAQ-AB/2012. Metodologia: Trata-se de um estudo multicêntrico, quantitativo, transversal, observacional que se deu a partir das análises dos dados provenientes do primeiro ciclo da fase de Avaliação Externa do PMAQ-AB/2012, com a participação de Instituições de Ensino e Pesquisa, e o Ministério da Saúde. A amostra foi composta por 13.769 equipes da APS que responderam ao módulo II do questionário do bloco referente ao acolhimento à demanda espontânea. Resultados: Do total de equipes avaliadas (n=13.769), apenas 87,7 % das equipes realiza avaliação de risco e vulnerabilidade no acolhimento dos usuários. Não houve resultados expressivos no que diz respeito a disparidades entre as regiões do Brasil. Houve certa constância entre os resultados, onde na região Sul e Sudeste a avaliação de risco é feita em 89,3% e 88,1%, no Nordeste 87,3%, Centro-Oeste 85,8%, e o menor resultado foi encontrado na região Norte com 82,2%. Quanto à capacidade das unidades em definir a resposta a partir da identificação do risco e vulnerabilidade, foram identificados resultados preocupantes, onde 53,9% das equipes possuem condições em oferecer respostas frente ao risco identificado. A região com melhor capacidade de resposta foi o Sudeste (62,1%), as demais regiões demonstraram resultados insatisfatórios: Norte (50,2%), Sul (49,8%), Nordeste (45,9%) e Centro-Oeste (45,3%). Das 7.960 equipes avaliadas, somente 57,8% tiveram capacitação para avaliação de risco e vulnerabilidade dos usuários. A região Sudeste aparece com 66,8% de profissionais capacitados, seguidos das regiões Norte (55,3%), Sul (52,7%), Centro-Oeste (49,7%) e Nordeste (49,1%). Conclusão: Diante disto, os resultados demonstraram que as equipes de APS não estão preparadas para realizar o acolhimento com classificação de risco dos utentes dos serviços de saúde no Brasil, seja por ineficiência em oferecer resposta frente ao risco identificado dos usuários, seja pela falta de capacitação dos profissionais em executar esta avaliação de vulnerabilidade. Partindo do pressuposto que o acolhimento é uma estratégia importante para a garantia da acessibilidade universal, assistência humanizada, qualificada e integral, vê-se a necessidade de capacitação e motivação da equipe de Saúde para a melhoria da qualidade da assistência prestada na APS.

Palavras-chave


Acolhimento; Educação Permanente; Atenção Primária à Saúde; Avaliação em Saúde.

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda espontânea : queixas mais comuns na Atenção Básica. Brasília : Ministério da Saúde, 2012a. 290 p.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), 2012b.