Rede Unida, Encontro Regional Centro-Oeste 2014

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CARACTERÍSTICAS DO ACOLHIMENTO NAS UNIDADES DE ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO BRASIL
Larissa Rachel Palhares Coutinho, Mara Lisiane de Morais dos Santos, Albert Schiaveto de Souza

Última alteração: 2014-11-09

Resumo


Introdução: O acolhimento é uma estratégia importante para a reorganização do serviço de saúde. No Brasil, foi instituído o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ –AB), com o intuito de monitorar e avaliar a qualidade da atenção prestada. Objetivos: caracterizar o acolhimento realizado pelos profissionais da APS no Brasil que participaram do PMAQ-AB/2012. Metodologia: Trata-se de um estudo multicêntrico, de metodologia observacional, quantitativo descritivo transversal. Resultou-se a partir de uma análise dos dados provenientes do primeiro ciclo da fase de Avaliação. A amostra foi composta por 17.202 profissionais equipes de Saúde da Família. Foram selecionados blocos de questões referentes à acessibilidade e ao acolhimento à demanda espontânea do módulo dos profissionais. Resultados: Dentre o total de equipes avaliadas, o acolhimento está implantado em 80% das unidades, e 19,7% não realizam o acolhimento aos usuários. Os resultados mais representativos podem ser demonstrados nas regiões Sudeste e Sul, com 92,2% e 81,9%, respectivamente que realizam o acolhimento. Os estados onde há menor implantação de acolhimento são Norte (62,9%) e Centro-Oeste (66,8%). Sobre a disponibilidade de local para realização, 74,1% das unidades não possuem sala de acolhimento. Nos estados a indisponibilidade de local para realização do acolhimento vai de 90,1% no Nordeste, 84,4% no Norte, 75,2% no Centro-Oeste, 65,8% no Sul e 55,9% no Sudeste. No item que diz respeito à acessibilidade nas unidades de saúde, os resultados demonstraram que: 78,9% das unidades avaliadas não garantem acessibilidade a usuários que não sabem ler, com diminuição da visão e/ou audição, com deficiência visual e/ou auditiva. Resultados significativos foram encontrados na região Norte e Sudeste, onde pode se observar 88% de falta de acessibilidade a estes grupos e no Sudeste onde 27,4% das unidades estão preparadas para atender este público em suas necessidades. Com relação ao turno de atendimento e à frequência, os resultados demonstraram que houve predominância de um turno do dia para que o acolhimento ocorra: em 98,7% das unidades do país o acolhimento é realizado no período diurno. Conclusão: Através dos resultados apresentados, foi possível identificar que uma parcela significativa das unidades de saúde não está preparada para oferecer o acolhimento aos usuários. Quanto a questões de acessibilidade, que está intimamente ligada ao acolhimento, foi demonstrado que as unidades de saúde estão despreparadas em receber a quem possui algum tipo de deficiência ou necessidade especial, demonstrando ainda inaptidão tanto das equipes em receber os usuários, quanto à estrutura física que facilite o acesso. Este acesso ainda fica limitado pelo fato de número significativo de unidades não oferecerem o acolhimento durante o período integral de funcionamento do serviço. Limitar o período em que se possa ser acolhido por um profissional é restringir o acesso do usuário a um atendimento humanizado. Diante disto, a final deste estudo, pode-se afirmar que não existe uma hegemonia da prática do acolhimento entre as regiões do país, demonstrado uma fragilidade deste ponto de atenção para a qualidade da assistência.

Palavras-chave


Acolhimento; Atenção Primária à Saúde; Avaliação em Saúde.

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2ed. 5 Reimp. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), 2012.