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APRESENTAÇÃO: O movimento de descentralização na gestão pública do Brasil através da Constituição Federal de 1988, fez com que estados e municípios ganhassem mais autonomia e responsabilidades nas atividades antes desenvolvidas pela União. Diante disso, aumentou a exigência de competências específicas de gestores públicos. Assim, o Ministério da Educação do Brasil junto aos esforços da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Instituições Públicas de Ensino Superior e Sistema Universidade Aberta do Brasil (UAB), implementaram em 2009, estratégias para formação e qualificação de profissionais portadores de curso superior, que exercem ou pretendem exercer a função de gestor. Dentre essas estratégias adotadas, destaca-se o Programa Nacional de Formação em Administração Pública (PNAP). Este programa engloba um curso de bacharelado em Administração Pública e três especializações (Gestão Pública, Gestão Pública Municipal e Gestão em Saúde) sendo todos oferecidos na modalidade Educação a Distância (EaD). Esta modalidade de ensino utiliza tecnologias da informação e comunicação para mediar os conteúdos. É considerada uma importante ferramenta por diminuir as barreiras geográficas e levar acesso à educação, além de permitir a simultaneidade entre ensino e atuação profissional. Das especializações do PNAP, a de Gestão em Saúde espera que os gestores desenvolvam intervenções de acordo com a realidade de cada serviço assim como aprimorem ações e iniciativas administrativas. O curso tem sido ofertado por 23 Instituições Públicas de Ensino Superior, no Brasil, em diversos Pólos de Apoio Presencial da UAB. Dessas Instituições, a Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ) localizada no estado de Minas Gerais oferece essa especialização desde 2013 sendo disponibilizadas 320 vagas distribuídas em oito Pólos de Apoio Presencial nos estados de Minas Gerais e São Paulo. Para compor a primeira turma houve um alto índice de procura e inscrições realizadas. Nesse contexto, ressalta-se a importância de avaliar o curso através dos resultados que o mesmo produz no ambiente de trabalho, sendo denominado impacto do treinamento no trabalho. Este termo é definido como a influência que o evento instrucional exerce sobre o desempenho global subsequente do participante no treinamento, bem como, em suas atitudes e motivação. OBJETIVO: Avaliar o impacto que o treinamento em questão, a especialização de Gestão em Saúde do PNAP, gerou no trabalho daqueles que já concluíram o curso. MÉTODO DO ESTUDO: É uma pesquisa avaliativa, transversal, com abordagem quantitativa e qualitativa. A amostra foi definida do total de 320 alunos matriculados na especialização de Gestão em Saúde pela UFSJ, 133 (41,6%) concluíram o curso. A coleta de dados consistiu na aplicação de dois questionários on-line do tipo websurvey e entrevistas semi-diretivas aos 133 egressos do curso. O primeiro questionário abordou questões relativas ao perfil do aluno e de variáveis relacionadas com a formação e atuação profissional, hábitos de estudo, utilização da EAD, aspectos de vida familiar e social e motivos que levaram a procura pelo curso. O segundo questionário abordou o instrumento intitulado “Impacto do treinamento em amplitude” validado por Abbad (1999). Este instrumento é composto por 12 itens, associado a uma escala de concordância do tipo Likert. A entrevista consistia de questionamentos relacionados ao treinamento e a aplicabilidade no trabalho. A amostra final dos dois questionários foi de 120 respondentes, valor considerado alto para este tipo de coleta de dados e da entrevista foi de 52 respondentes. A coleta foi realizada no dia da apresentação do trabalho de conclusão de curso (TCC) da especialização. Após a coleta foi realizada análise descritiva dos dados utilizando o software estatístico StatisticalPackage for the Social Sciences 20.0 (SPSS) e as entrevistas foram analisadas por meio da análise temática de conteúdo. Para auxiliar na organização desta análise utilizou o software ATLAS TI. Este estudo obedeceu aos preceitos éticos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde e foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa que envolve seres humanos. RESULTADOS: O primeiro instrumento revela o perfil dos egressos da especialização de Gestão em Saúde, sendo que residem em 47 cidades distintas no estado de Minas Gerais e São Paulo, a maioria é do sexo feminino, casado, cursou graduação em instituição privada e possuía outra especialização. Dos egressos 44 (36,7%) possuíam mais de 1 especialização. Prevaleceu profissionais graduados em enfermagem 46 (38,3%), sendo o restante distribuído em outras 9 profissões. A média de idade foi de 42,1 anos variando entre 21 e 59 anos. Em relação ao trabalho, 108 (90%) egressos possuem vínculo empregatício no setor público e 75 (62,5%) profissionais não atuam como gestor ou administrador na saúde. Sobre o treinamento ser na modalidade EaD, 76 (63,3%) já participaram de algum curso a distância. No segundo questionário de coleta, referente ao impacto do treinamento no trabalho, utilizou a escala tipo Likert que possui 5 opções de resposta, sendo: Discordo Totalmente, Discordo Pouco, Em dúvida, Concordo Pouco e Concordo Totalmente. Nas doze variáveis do instrumento estudadas o maior percentual de respostas foram concordantes, entre Concordo Pouco e Concordo Totalmente. Os itens do instrumento que apresentaram o maior percentual de concordantes relacionam a percepção que os egressos tiveram sobre a aplicação do que foi aprendido no treinamento em seus trabalhos. Os participantes julgaram que o treinamento teve impacto no ambiente de trabalho, que aumentou a motivação, a autoconfiança e se tornaram mais receptivos as mudanças no trabalho. Já em relação ao menor percentual do instrumento refere-se ao curso ter beneficiado os colegas de trabalho, que para os participantes não houve beneficio aos demais profissionais do trabalho, o que sugere que os egressos tiveram dificuldades de compartilhar as novas habilidades. Em relação à análise das entrevistas, resultaram em categorias analíticas que demonstraram a aplicabilidade do TCC no ambiente de trabalho dos egressos, a contribuição do curso para o trabalho e a oportunidade que os participantes tiveram de aplicar os conhecimentos adquiridos na especialização no local de trabalho. As categorias apresentaram a importância e contribuição do treinamento para a prática profissional dos gestores da área da saúde. Assim como fica explícito nos relatos a aplicabilidade dos conteúdos do curso na execução das atividades desenvolvidas no ambiente de trabalho. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A especialização de Gestão em Saúde do PNAP oferecida na modalidade à distância, através dos resultados da pesquisa aponta que foi dirigida ao público alvo preconizado, mas espera-se que os participantes que não atuam como gestores ou administradores na saúde em algum momento possam ter possibilidade de assumir a gestão pública e implementar os conteúdos do treinamento. O segundo instrumento da coleta permitiu avaliar o impacto do treinamento no trabalho, revelando que o curso provocou mudanças no comportamento dos profissionais e impactou o local de trabalho dos mesmos. Algumas fragilidades foram encontradas, destaca-se a ausência de conteúdos que abordem como compartilhar os conhecimentos advindos do curso com os demais profissionais do trabalho. Assim, aguarda que novos editais sejam abertos e que os desafios no desenvolvimento da especialização sejam sanados. Este estudo espera contribuir para futuras experiências de avaliação de treinamento e enseja novas pesquisas de avaliação de impacto do treinamento em demais locais do país.

gestão pública; educação a distância; impacto do treinamento no trabalho.