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A Extensão Universitária se constitui como um processo educativo, cultural e científico que articula Ensino e Pesquisa e viabiliza a relação transformadora entre universidade e sociedade. Visa produzir saberes científicos, tecnológicos, artísticos e filosóficos, acessíveis à população. No âmbito da saúde coletiva, as propostas de extensão, colocam-se bastante pertinentes frente à necessidade de implementação de práticas inovadoras e com vistas à reorientação da saúde. Assim, o presente relato, abordará a estratégia utilizada no planejamento e execução de um projeto de extensão desenvolvido na Universidade do Estado da Bahia, campus VII por discentes do curso de enfermagem e Agentes Comunitários de Saúde (ACS): “AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE: O Uso da Educação em Saúde como Facilitadora do Cuidado”. O Programa Saúde da Família, estratégia proposta pelo Ministério da Saúde, atualmente denominada por Estratégia de Saúde da Família - ESF visa à reorientação do modelo assistencial centrado na doença para uma assistência voltada à promoção e prevenção da saúde, com a criação de vínculos efetivos entre a equipe multiprofissional e comunidade. Na ESF, o ACS é um trabalhador de destaque, pois deve representar o elo entre a comunidade e os demais membros da equipe. A Política Nacional de Atenção Básica determina as atribuições dos ACS em ações de educação e de promoção de saúde. Frente ao exposto, no contexto real ocorre que, muito frequentemente, mostram-se inseguros sobre as temáticas exigidas pela comunidade. Neste sentido é necessário que recebam mais atenção por parte dos gestores e dos profissionais no sentido de torná-los seguros na promoção dessa oferta. Acrescenta-se ainda a este fato, outros “nós” que interferem no desenvolvimento das atividades como: a falta de percepção que os mesmos têm a respeito da sua importância na ESF, o qual possibilita a ida dos profissionais para além da ESF. O Projeto de Extensão foi desenvolvido entre os anos de 2013 e 2015. Utilizou como campo Unidades de Saúde da zona rural do município de Senhor do Bonfim, Bahia. Este projeto buscou ações estratégicas e resultados disparadores para o processo de reflexão crítica das práticas desenvolvidas no cotidiano dos serviços de saúde pela equipe, envolvendo o cuidado no atendimento no SUS, os instrumentos de gestão disponíveis e utilizados. Os objetivos do projeto eram: Proporcionar o fortalecimento de atividades que contemplassem a expansão de conhecimento do ACS no seu exercício junto à comunidade, educação em saúde, contribuindo sobremaneira no cuidado e autocuidado da população. Além disso, a participação de estudantes do curso de Enfermagem nas práticas de educação em saúde junto ao ACS permitindo o exercício do pensamento crítico bem como aproximando estes da realidade da ESF. Além disso, buscou identificar as práticas educativas para a promoção da saúde desenvolvidas pelos ACS; Ampliar as práticas educativas desenvolvidas com os ACS nas Unidades Saúde da Família; Fortalecer o vínculo estabelecido entra o ACS e os usuários da ESF no cuidado. Na operacionalização da proposta, antes da imersão no campo de prática, ocorreu uma reunião com os monitores com a finalidade de apresentar o projeto e a construção das atividades. Foi elaborado, portanto, um plano de ação em parceria com os ACS. Neste plano, continha atribuição de papéis para cada participante e definiram-se encontros quinzenais para execução da proposta. Este momento teve como objetivo despertar entre os extensionistas discussões e reflexões sobre o desenvolvimento da ação e suas nuances (dificuldades operacionais, políticas e sociais) com o propósito de contribuir na formação para uma aplicabilidade de ações continuadas com a comunidade. Os encontros foram iniciados a partir da definição de datas e os temas a serem discutidos, bem como a contribuição de cada participante. As ações ocorreram na estrutura do PSF ou na área de abrangência deste. Entre os temas solicitados pelos ACS para aprofundamentos foram: Abordagem sobre álcool e outras drogas com as famílias, cuidados com a pessoa idosa e abordagem sobre doenças sexualmente transmissíveis. Durante e após os encontros era notória a participação dos ACS, com depoimentos, esclarecimento de dúvidas. Uma troca de saberes e experiências. Importante evidenciar que foi acordada com o ACS a necessidade de após os encontros e discussão dos temas, no período do projeto, estes deveria proporcionar um retorno para a comunidade. Assim, foram realizadas feiras de saúde nas praças, encontro com grupo de idosos e em escolas. O projeto contou com a participação de uma professora, uma bolsista e três discentes voluntárias para o seu desenvolvimento. Buscou-se uma parceria entre Secretaria Municipal de Saúde e Universidade do Estado da Bahia para sua viabilização. As atividades realizadas durante a monitoria tiveram carga horária semanal de 12 horas. A partir da proposta foi possível compreender que o trabalho de educação desenvolvido pelo ACS é frequentemente, desvalorizado pela equipe que o integra. Diante disso, os mesmos tornam-se desmotivados a realizar tais ações. Justifica-se tal desvalorização em virtude do modelo curativista/biomédico e não o da prevenção e promoção da saúde. Outro aspecto que deflagra na realização de uma educação unidirecional é o despreparo e a falta de conhecimento que o ACS tem diante das suas atribuições, do amplo grau de magnitude que detêm. Acreditam que seu trabalho estaria apenas relacionado às estratégias de educação em saúde. Ressalta-se ainda que muitos tenham um conceito equivocado do que seria educação em saúde e promoção da saúde. Associa-se tal despreparo a uma deficiência na realização de capacitações dos profissionais de saúde e até a deficiência na implementação da política de Educação Permanente. Há o entendimento sobre a importância das capacitações como uma forma de troca de conhecimento e ajuda para compreender a competência específica de cada profissional, sendo necessário maior investimento de tempo das instâncias gestoras. Sugere-se primeiramente a necessidade de cada componente da equipe refletir seu papel frente à proposta. Além disso, faz-se necessário retirar-se do seu lugar passivo e dar espaço para a atividade e mudança nos contextos inapropriados. Essas ações são importantes ferramentas que permitem uma melhor atuação dos profissionais e a situação da saúde no local em que esse indivíduo atua. Mesmo os ACS não cumprindo na íntegra a promoção da saúde os próprios tem influenciado na consolidação da APS, através da educação em saúde que tem realizado, pois a mesma tem o seu valor perante os problemas sociais que as comunidades detêm apresentado resolutividade. Frente ao exposto e com a aplicabilidade do projeto de extensão, confirma-se que a extensão universitária, com a participação estudantil, aproxima a universidade da vida comunitária, proporcionando a troca de conhecimento. As atividades extramuros permitem o conhecimento dos alunos sobre a estrutura organizacional, administrativa, gerencial e funcional dos serviços de saúde, além da participação direta no cuidado à população. Permitem também o entendimento da legislação e da micropolítica, compreensão de papéis e atribuições e ainda sobre as reais necessidades dos sujeitos envolvidos. Na realidade a qual o projeto foi aplicado foram encontradas algumas limitações na aplicabilidade das ações de educação permanente em saúde. Limitações estas que estão presentes no cotidiano da saúde brasileira, sejam por despreparo dos gestores e trabalhadores de saúde para planejar e gerir as ações. Tal perspectiva de compreensão permite o aprendizado dos discentes por meio da problematização e estabelecem diálogo com todos os sujeitos do processo na busca pela minimização das limitações e a efetivação das estratégias na busca de um sistema de saúde mais equânime e acessível.

Relação comunidade-instituição; Agentes Comunitários de Saúde; Educação em Saúde