Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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PERCEPÇÃO DA CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE E FATORES ASSOCIADOS
Alessandra de Campos Fortes Fagundes Serrano, Angelina do Carmo Lessa, Delba Fonseca Santos, Liliany Mara Silva de Carvalho

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


A segurança do paciente é um importante tema a ser abordado, que se tornou mais evidente desde a década de 90. Constitui atualmente um tema de relevância crescente entre pesquisadores de todo o mundo. Os eventos adversos ocorrem em qualquer local onde se prestam cuidados de saúde e na maioria das situações são passíveis de medidas preventivas.  O objetivo foi analisar as percepções dos profissionais que atuam em um hospital filantrópico do Vale do Jequitinhonha acerca da cultura de segurança do paciente e as possíveis associações com as variáveis sociodemográficas e laborais do estudo. Trata-se de um estudo de abordagem quantitativa, observacional, com delineamento de corte transversal realizado em um hospital de médio porte, natureza filantrópica e privada do tipo geral localizada no interior de Minas Gerais. A amostra foi constituída por todos profissionais que atenderam aos critérios de inclusão. Os dados foram coletados no período de fevereiro a julho de 2015, por meio de um instrumento autoaplicável, o Hospital Survey On Patient Safety Culture. Os dados foram analisados pelo Programa Stata, versão 13.0. Participaram do estudo 139 técnicos de enfermagem (66,51%), 29 enfermeiros (13,88%), oito técnicos de radiologia (3,83%), seis instrumentadores cirúrgicos (2,87%), seis médicos (2,87%), cinco fisioterapeutas (2,39%), cinco auxiliares de enfermagem (2,39%), três nutricionistas (1,44%), três psicólogos (1,44%), dois farmacêuticos (0,96%), dois assistentes sociais (0,96%) e um fonoaudiólogo (0,48%). Numa análise geral, referente à concordância em relação às dimensões da cultura de segurança, notou-se que as predominâncias foram de profissionais com mais de 36 anos de idade (71,23%), do sexo feminino (69,46%), cujo tempo de trabalho na instituição era mais de 06 anos (72,84%) e que trabalham em setores críticos (72,59%). Não houve diferença significativa entre o grau de instrução. Referente à carga horária semanal, 86,12% dos participantes relataram trabalhar entre 40 a 59 horas por semana e 95,22% indicaram ter contato direto com o paciente. Os profissionais do estudo atuavam em diversas unidades do hospital, sendo 64,12% em áreas críticas e 35,88% em áreas semicríticas e não críticas. Considerando-se os percentuais de respostas positivas, as dimensões com maiores percentuais de avaliação positiva foram: expectativas e ações de promoção da segurança do paciente do supervisor na função de gerente (73,68%), aprendizado organizacional, melhoria contínua (72,25%) e trabalho em equipe no âmbito das unidades (71,77%). Por outro lado, as dimensões com menores percentuais de respostas positivas foram: respostas não punitiva aos erros (18,66%), profissionais (36,36%) e percepção geral de segurança do paciente (42,58%). As variáveis que se mantiveram associadas após a análise multivariada foram apenas quatro, as dimensões (D1, D2 e D6) e o número de eventos notificados nos últimos 12 meses em relação ao tempo de trabalho no hospital, grau de instrução e unidade. CONCLUSÃO: Esses achados revelaram uma cultura de segurança com potencial de melhoria para todas as dimensões, possibilitando traçar um modelo de qualidade e segurança mais específico para cada setor.

Palavras-chave


Segurança do paciente; Qualidade da assistência à saúde; Cultura organizacional; Equipe de Assistência ao Paciente; Doença Iatrogênica

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