Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Experiência da Escola de Saúde Pública do Ceará no Curso de Vigilância em Saúde de Populações expostas aos agrotóxicos
Rosimary da Silva Barbosa, Olga Maria de Alencar, Thayza Miranda Pereira, Gláucia Maria Reis de Norões, Geórgia de Mendonça Nunes Leonardo, Liduína Virgínio de Sousa, Tereza Emanuelle da Silva Costa

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


APRESENTAÇÃO: O Brasil está entre os maiores consumidores de agrotóxicos no mercado mundial. Por isso, o Ministério da Saúde implantou ações considerando este fator de risco à saúde da população, dos trabalhadores e para o ambiente. Visto a capacidade reduzida dos órgãos de saúde nas três esferas governamentais para o desenvolvimento de serviços de monitoramento e controle das exposições. O avançar dos processos de descentralização no campo da vigilância ambiental, tem transmitido às instâncias locais, a necessidade de qualificação e atualização constantes dos profissionais para a execução e avaliação das políticas e ações norteadas pelas diretrizes do Ministério da Saúde. Assim, desde 2010, há estudos da Secretaria de Saúde em conjunto com áreas afins para analisar a situação de vulnerabilidade dos municípios cearenses quanto ao parâmetro agrotóxico. Após quase cinco anos, a Escola de Saúde Pública do Ceará, em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado do Ceará, promoveu o Curso de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos. Objetivando o aprimoramento das atividades inerentes à vigilância ambiental, em âmbito municipal e regional, por meio da incorporação de novos saberes e práticas. Diante desta contextualização o presente relato descreve a experiência dos autores na construção curricular do Curso de Vigilância em Saúde de Populações expostas aos Agrotóxicos da Escola de Saúde Pública do Ceará e o quantitativo de profissionais capacitados durante as ofertas da capacitação. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: O curso foi construído pela equipe técnica multidisciplinar do Centro de Educação Permanente em Vigilância da Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará (CEVIG/ESP) e por outros profissionais de áreas afins com a temática em estudo. Contribuindo para a renovação das práticas profissionais e a reorganização dos serviços de Saúde do Ceará. O método adotado foi a realização de oficinas pedagógicas, valorizando-se a construção do conhecimento de forma participativa. Foram realizadas 04 oficinas, de junho a agosto de 2014, com a participação de profissionais de saúde da ESP/CE, técnicos dos níveis centrais que atuam na área e em outras áreas estaduais com o conteúdo semelhante a ser abordado. Assim, observou-se que a integração dos vários olhares contribuiu para um alinhamento metodológico durante todo o diálogo. A inserção das outras áreas nesta elaboração justifica-se pela importância da intersetorialidade, tendo em vista que no Estado do Ceará existem várias ações conjuntas para a conscientização do Combate ao Uso Indiscriminado dos Agrotóxicos. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: O processo de trabalho com os diversos saberes envolvidos oportunizou a descrição do objetivo geral, a análise do perfil dos participantes, a elaboração dos objetivos de aprendizagem específicos, a utilização da metodologia ativa e participativa, as temáticas abordadas. Desta forma, pactuou-se que os profissionais deveriam compreender: 1) Os aspectos conceituais e organizacionais da estruturação da Vigilância Ambiental; 2) As legislações relacionadas à implantação da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos; 3) As técnicas, fluxos e formulários de coleta, acondicionamento e transporte das amostras da água para análise do parâmetro agrotóxico; 4) Os riscos, causas e consequências à saúde humana e ambiental decorrentes do uso dos agrotóxicos; 5) As competências dos órgãos dentro de sua atuação quanto ao controle e fiscalização do uso dos agrotóxicos; 6) A importância da agroecologia para prevenção dos riscos ambientais; 7) O diagnóstico situacional do Pará no Ceará. Após o processo de definição de currículo, iniciaram-se os cursos que entre os anos de 2014 e 2015, nos quais foram concluídas seis turmas com carga horária de 40 horas presenciais. Desta forma, foram capacitados 128 profissionais técnicos em vigilância ambiental e de Centro de Referências em Saúde do Trabalhador, oriundos de 92 secretarias municipais de saúde e distribuídas nas cinco macrorregiões de saúde do Estado do Ceará: Fortaleza, Sobral, Sertão Central, Litoral Leste (Jaguaribe) e Cariri. O curso propiciou um maior envolvimento dos participantes e esclarecimentos relacionados a uma das pactuações firmadas como meta para a vigilância ambiental: a coleta da água para consumo humano quanto ao parâmetro agrotóxico. Além de integrar a vigilância das exposições e intoxicações (notificação, investigação, identificação de população exposta, identificação de áreas contaminadas com população exposta, monitoramento da população exposta incluindo trabalhadores) para que a atuação inter e intrasetorial sejam efetivas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O Curso de Vigilância em Saúde de Populações expostas a Agrotóxicos propiciou uma oportunidade em discutir os problemas relacionados à Vigilância em Saúde e aos riscos do uso dos agrotóxicos, considerando o comprometimento com a sociedade. Visando à garantia de ações qualificadas através de instrumentos que contribuam e garantam o fortalecimento da Vigilância Ambiental.  Este processo pedagógico propiciou ao educando uma integração da teoria à prática, considerando as demandas vivenciadas na realidade do território. Avançando no processo reflexivo, por meio de estratégias participativas e coletivas, o curso valorizou a construção de novos conhecimentos e buscou caminhos para que o profissional ampliasse o olhar crítico de maneira global para agir local, aplicando medidas que previnam ou diminuam os fatores de riscos à saúde humana e ao ambiente.

Palavras-chave


vigilância em saúde, agrotóxicos, populações expostas, educação permanente.