Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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INVESTIGAÇÃO DA MORTALIDADE POR CAUSAS INDETERMINADAS NO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CLEMENTINO FRAGA FILHO (HUCFF/UFRJ) COMO INSTRUMENTO DE GESTÃO
Mariana Araujo Neves Lima, Marcella Martins Alves Teofilo, Antonio José Leal Costa, Maria Stella do Castro Lobo

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


INTRODUÇÃO: Informações sobre mortalidade são utilizadas em estudos epidemiológicos, planejamento e avaliação de serviços de saúde, pois permitem calcular indicadores de saúde das populações. No entanto, o seu registro pode apresentar erros relacionados às causas de morte. No estado do Rio de Janeiro (ERJ) o maior número de óbitos ocorre na rede hospitalar. OBJETIVO: Analisar a ocorrência de óbitos por causas indeterminadas (CI) no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ) e sua associação com os postos de internação onde o paciente faleceu. MÉTODOS: Estudo de registros de óbitos de base hospitalar. A fonte de dados foi o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/DATASUS) e o banco de dados do Serviço de Vigilância da Mortalidade do HUCFF/UFRJ. Foram selecionados os óbitos de residentes no ERJ ocorridos no HUCFF entre 2006 e 2012. Para análise dos dados foi utilizado o software Stata 12. O desfecho foi o óbito por CI, de acordo com a classificação de Naghaviet al (2010). A medida de associação calculada foi o oddsratio (OR) de óbitos por CI segundo os postos de internação [Clínica Médica (CM), Clínica Cirúrgica (CC), CTI e Emergência (EM)]. A significância estatística, baseada no teste do qui-quadrado, foi estabelecida no nível de 5% (p, 0,05). RESULTADOS: No período estudado foram encontrados 4.426 óbitos, sendo 673 (15,21%) por causas indeterminadas. Pouco mais da metade (51,2%) eram do sexo masculino, aproximadamente 45% encontravam-se na faixa de idade de 60 a 79 anos e 56,2% eram da raça/cor branca. Os resultados que apresentaram associação foram: A categoria sexo feminino (OR=1,14); a faixa etária 90 e mais anos (OR=1,97), sendo observado acréscimo ao longo do aumento das faixas etárias, a cor preta para a variável raça e cor da pele (OR=1,22), solteiro para a variável estado civil (OR=1,16), nenhuma escolaridade (OR=1,63), o ano de ocorrência 2011 (OR=1,44) e o mês de março (OR=1,50). Quanto aos postos de internação, 44,7% dos pacientes estavam internados em CM, 7,9% em CC, 20,4% em CTI e 27,0% em EM. Com relação à mortalidade proporcional por causas indeterminadas segundo categorias do posto de internação, verificou-se maior proporção de causas bem definidas vs. indeterminadas para todas as categorias (CM: 88,8% vs. 11,2%; CC: 86,1% vs. 13,9%; CTI: 88,9% vs. 11,1%; EM: 86,5% vs. 13,5%). Em relação à CM, as chances de certificação de causas indeterminadas foram mais elevadas entre os óbitos ocorridos na CC (OR=1,37; p=0,07) e na EM (OR=1,29; p=0,02), e discretamente inferiores no CTI (OR=0,97; p=0,86).   CONCLUSÃO: O presente tema em questão se constitui como um importante instrumento de gestão hospitalar, pois possibilita a construção de indicadores mais fidedignos, auxilia o processo de planejamento e colabora para novas práticas de saúde. A partir disso, podem-se desenvolver medidas voltadas para a melhoria do preenchimento da declaração dos óbitos ocorridos na emergência, como parte da educação continuada dos médicos do hospital.

Palavras-chave


causas de morte; hospital universitário;gestão.

Referências


LAURENTI, R. Análise da informação em saúde: 1893-1993, cem anos da Classificação Internacional de Doenças. Rev. Saúde públ, São Paulo, 25: 407-17, 1991.

LAURENTI, R. Estatísticas de saúde. São Paulo: EBU, 53-86, 2010.

NAGHAVI, M. et al. Algoritms for enhancing public health utility of national causes-of-death data. Population Health Metrics, v. 8, n. 9, 2010. Disponível em: http://www.pophealthmetrics.com/content/8/1/9 Acesso em 18/10/2015.