Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Atuação de residentes fisioterapeutas na porta de entrada de urgência e emergências de um Hospital Universitário: Relato de Experiência
Ana Iara Pereira de Souza, Aryne Arnez, Gabriel Victor Guimarães Rapello

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: Em um hospital a porta de entrada para pacientes que apresentem alterações, com risco de vida, dos pontos de vista biológicos e físicos, é constituída pelo serviço de urgência e emergência. A especialidade de fisioterapia na emergência é nova dentro desta área. Surgiu aproximadamente há três anos e visa dar suporte inicial a pacientes que dão entrada no setor de emergência com quadros graves que colocam a vida em risco. A importância do fisioterapeuta dentro deste setor destaca-se por contribuir diretamente na rapidez e eficiência dos atendimentos, bem como na evolução do quadro clínico do paciente, refletindo em menores índices de intubação orotraqueal, menor tempo em ventilação mecânica invasiva, manutenção das funções vitais de diversos sistemas corporais, prevenindo e/ou tratando doenças cardiopulmonares, circulatórias e neuromusculares/musculares, menor número de complicações, infecções e menor tempo de internação hospitalar, tendo em vista que a maior parte desses pacientes que adentram na unidade de urgência e emergência necessitam de cuidados intensivos e suporte avançado. O fisioterapeuta apto para atuar neste contexto, deve possuir conhecimento técnico e científico voltado para a área, com capacidade de decisões rápidas, eficientes e capaz de atuar de forma multiprofissional. Dentre os objetivos específicos da atuação fisioterapêutica no paciente crítico, tem-se a otimização da função ventilatória, manutenção dos volumes e capacidades pulmonares, manutenção da força muscular respiratória e periférica, manutenção de suporte ventilatório invasivo (VMI) e não invasivo adequados, manutenção da integridade da pele, posicionamento adequado no leito, manutenção dos gases sanguíneos dentro dos valores de normalidade, entre outros. Para isso, geralmente é usada a combinação de procedimentos fisioterapêuticos, como a terapia de higiene brônquica, terapia de reexpansão pulmonar, treinamento dos músculos respiratórios, mobilização precoce e treinamento físico, posicionamento funcional e ventilação mecânica não invasiva (VMNI) em grupos selecionados de pacientes. No que se refere à utilização de VMNI, pacientes com exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica (grau de recomendação A), exacerbação da asma (grau de recomendação B), insuficiência respiratória aguda ou crônica agonizada (grau de recomendação B), edema agudo de pulmão (grau de recomendação A), podem se beneficiar, e sabe-se que sua utilização é responsável pela diminuição da necessidade de intubação, da mortalidade e dos custos do tratamento, nestes pacientes. Efeitos fisiológicos importantes da técnica são a melhora do fornecimento de oxigênio, a melhora do débito cardíaco, a redução do esforço respiratório com a melhora da capacidade residual funcional e da mecânica respiratória, melhora da ventilação alveolar e diminuição da hiperinsulflação dinâmica em pacientes com diversas patologias na bomba respiratória, via aérea e parênquima pulmonar. A residência multiprofissional em Atenção ao Paciente Crítico busca oferecer o suporte necessário para a formação de profissionais capazes de atuar nesta área. Entretanto a unidade de Pronto Atendimento Médico (PAM) do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossiam (HUMAP) não possuía a inserção de fisioterapeutas, dentro do quadro de funcionários do setor. Neste contexto objetivou-se relatar a experiência da atuação das residentes de fisioterapia recém-formadas, na porta de entrada de urgência e emergência do Hospital. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Este relato é fruto da permanência na unidade de urgência e emergência por dois meses e meio de duas residentes fisioterapeutas, em períodos diferentes do ano de 2015. O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde - Atenção ao Paciente Crítico do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian/UFMS tem como objetivo preparar profissionais da saúde das áreas de Fisioterapia, Enfermagem, Nutrição, Farmácia e Odontologia para o trabalho multiprofissional e atuação no âmbito da Urgência e Emergência e Intensivismo, através da associação ensino-serviço. No primeiro ano, os residentes passam por setores de enfermaria que normalmente recebem pacientes em estados menos críticos, sem risco eminente de vida, como a Clínica Médica, Clínica Cirúrgica e Setor de Doenças Infecto-Parasitárias, entretanto um período é determinado para a atuação na área vermelha do PAM, onde a maioria dos pacientes encontram-se criticamente enfermos. Devido as fisioterapeutas, integrantes do programa de residência, chegarem ao serviço sem ou com pouca experiência no atendimento à pacientes graves, este período torna-se essencial na preparação a nível teórico-prático para a posterior atuação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), ao mesmo tempo em que deve-se estar preparado para as necessidades do local mesmo sem experiência de atuação. O PAM do HUMAP é segmentado em três diferentes áreas, nomeadas de acordo com a classificação de risco dos pacientes que a compõe em verde, amarela e vermelha possuindo três, oito e seis leitos respectivamente. A área vermelha do PAM tem como perfil a permanência de pacientes sob Ventilação Mecânica Invasiva (VMI) por diversos dias, tendo em vista a necessidade de cuidados intensivos e o reduzido número de leitos do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital. Devido a este perfil, a atuação fisioterapêutica nesta unidade torna-se ainda mais relevante, tendo em vista a perda progressiva de massa muscular nos primeiros dias de restrição ao leito e na necessidade de se iniciar a programação para o desmame da VMI logo após a sua instituição, assim como recomendado. Até o mês de Julho de 2015 os profissionais fisioterapeutas que atuaram neste setor, foram os residentes de fisioterapia já que o local não contava com fisioterapeutas do hospital. Tendo em vista a falta de experiência devido ao recente término da graduação e a falta de fisioterapeutas capacitados no setor, que poderiam dar o apoio necessário, viu-se a necessidade de relatar a experiência da atuação neste contexto. IMPACTOS: Ao adentrar neste cenário as residentes em seu primeiro ano de atuação hospitalar, desempenharam a função de responsável pelo setor na área, não contando com a presença de um preceptor experiente para auxiliá-lo nesse processo. Desenvolveram o perfil exigido por este nível de atenção á saúde, como tomada de decisões rápidas, pensamento crítico, proatividade nas ações, embasamento teórico-prático preciso, habilidades interpessoais no que se refere ao relacionamento com a própria equipe multiprofissional, equipe médica, e com os outros profissionais do setor. Inicialmente essa situação causou ansiedade, preocupação e receio nas residentes que enfrentaram essa realidade, pois ainda que possuíssem o conhecimento teórico para prestar a assistência, a atuação prática já vivenciada era apenas a da graduação e necessitava-se de outros diversos aspectos citados anteriormente para o desempenho da função. Entretanto como descrito acima, foi possível adquirir tudo o que seria necessário com o passar dos dias, com o atender dos pacientes, com as intercorrências entre outras situações que se vivência nesse âmbito. A grande diversidade de casos, condições clínicas, avaliação e solicitação de exames complementares junto ao médico e principalmente a condução da VMNI e VMI foram extremamente enriquecedoras e geradores de segurança para a atuação. Esta vivência demandou grande empenho por parte das residentes e além de tudo o saber lidar frente às impossibilidades da vida. Tem-se ao final do período de atuação a gratidão por todos os conhecimentos adquiridos, pela contribuição da fisioterapia para a melhora e progressão do quadro clínico dos pacientes atendidos, pela experiência vivenciada e por poder contribuir na humanização da assistência dentro do hospital. CONSIDERAÇÕES FINAIS: O trabalho desenvolvido pelas residentes no PAM possibilitou identificar a importância e necessidade da atuação da fisioterapia neste nível de atenção à saúde, por auxiliar principalmente na redução do tempo de intubação orotraqueal, VMI, índice de infecção e tempo de internação hospitalar.

Palavras-chave


Assistência Integral à Saúde; Cuidado Intensivo; Serviço Hospitalar de Fisioterapia

Referências


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