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CONTRIBUIÇÕES DA OFICINA DE EDUCAÇÃO PERMANENTE DESENVOLVIDA PELO PET PARA A EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Última alteração: 2015-11-12
Resumo
O Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde) é uma articulação entre os Ministérios da Saúde e da Educação, com intuito de fomentar grupos de aprendizagem tutorial através da articulação entre ensino-serviço-comunidade, tendo ações direcionadas para o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS). O PET-Saúde é desenvolvido por universidades em parceria com Secretarias Estaduais e/ou Municipais de Saúde, que visa a formação do aluno através do trabalho, oferecendo oportunidade de experiências e conhecimento entre profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS), alunos e professores de graduação da área de saúde. Este estudo trata-se de um subprojeto do PET, o Vigilância em saúde (VS) /Rede Cegonha, que tem como proposta preparar não somente os profissionais inseridos nos serviços, mas também os alunos e professores que também irão aprender com a realidade e comunidade do local oferecendo a população um serviço de melhor qualidade conforme suas necessidades, na intenção de reduzir a morbimortalidade materna e infantil a partir dos problemas encontrados. O conceito de Rede Cegonha tem como marco legal a criação da Portaria Nº1.459/2011, consistindo assim uma rede de cuidados que visa assegurar às mulheres o direito ao planejamento familiar e atenção de forma humanizada durante a gravidez, o parto e posteriormente o puerpério, assegura também a criança o direito a um nascimento de forma segura, ao crescimento e desenvolvimento saudáveis, trazendo ainda como princípios a garantia dos direitos sexuais e dos direitos reprodutivos de mulheres, homens, jovens e adolescentes.Este estudo trata-se de um subprojeto do PET, o Vigilância em saúde (VS) / Rede Cegonha e irá discorrer sobre a experiência das oficinas de educação permanente em saúde. O presente trabalho tem como objetivo conhecer a contribuição das oficinas de Educação Permanente em Saúde (EPS) para a equipe de saúde da família (ESF). O PET foi implantado em uma ESF da periferia de Cuiabá-MT com duração de 24 meses. Esta unidade fica localizada na regional Leste do município, o que possui os piores indicadores de saúde de Cuiabá, segundo o Plano Municipal (2014-2017). Atualmente a unidade atende uma população aproximada de 1040 famílias cadastradas (2013), com cerca de 3 a 4 mil pessoas e com 1.419 mulheres em idade fértil-15 a 49 anos. Esta ESF foi o espaço de vivências do grupo de discentes do curso de Enfermagem, Saúde Coletiva, Psicologia e Biologia sob a orientação da preceptora, enfermeira da equipe e da tutora, docente da UFMT, onde puderam dialogar com os usuários e os profissionais, possibilitando a observação de toda a rotina do processo de trabalho e das atividades desenvolvidas. Utilizou-se para a construção do projeto de intervenção a Metodologia da Problematização, que incorpora o esquema de Arco de Maguerez, sob o olhar da Rede Cegonha. Tal arco parte da realidade social e após análise, levantamento de hipóteses e possíveis soluções, retorna à realidade. As consequências deverão ser traduzidas em novas ações, desta vez com mais informações, capazes de provocar intencionalmente algum tipo de transformação nessa mesma realidade. Para o desenvolvimento dessa metodologia, é necessário seguir alguns passos: (1) observação da realidade (levantamento do problema); (2) pontos chaves; (3) teorização; (4) hipóteses de solução e a (5) aplicação à realidade (prática). A Metodologia da Problematização ultrapassa os limites do exercício intelectual, na medida em que as decisões tomadas deverão ser executadas ou encaminhadas considerando sempre sua possível aplicação à realidade, no campo de atuação de cada estudante. Na fase de observação da realidade e levantamento de problemas, observaram-se problemas reais da ESF em relação às diretrizes da Rede Cegonha, sendo: baixa adesão das mulheres ao exame de colpocitologia oncótica (CCO); diagnósticos tardios de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s); subnotificação; ausência de atividades educativas voltadas as adolescentes, mulheres e gestantes e, programa de planejamento familiar ineficiente. Observou-se também a fragilidade dos profissionais de nível médio acerca do assunto, assim definiu-se a realização da EPS com o objetivo de sensibilizá-los sobre a temática e ressaltar a importância de seu papel como profissional de saúde para a comunidade. As oficinas foram divididas em três momentos, permitindo conhecer a política do PET; discussões acerca da sexualidade; e, problemas elencados como anticoncepção e câncer de colo uterino. As oficinas contaram com recursos audiovisuais e técnicas de dinamização para facilitar a interação e aprendizagem por parte dos profissionais de saúde da atenção primária. Também ocorreram nas oficinas atividades para especificar o quanto estava sendo assimilado por parte dos profissionais e avaliar se o material e as atividades propostas pela equipe PET-VS estavam sendo eficientes na construção do aprendizado proposto pela oficina. Buscou-se ouvir o que os profissionais da atenção primária queriam trazer para os temas trabalhados, como forma de participação nas oficinas, possibilitando que a equipe PET-VS pudesse dessa forma adentrar ainda mais a realidade do serviço na comunidade, bem como conhecer as dificuldades que cada profissional expôs ao grupo durante a realização das atividades. Utilizamos para a coleta de dados a entrevista semiestruturada e análise de conteúdo temática. Os profissionais relataram que as oficinas permitiram trocar experiências, esclarecimento de dúvidas, contribuir com o trabalho interdisciplinar, novos olhares e abordagem diferenciada e que as metodologias utilizadas foram adequadas e de fácil linguagem. Como pontos negativos elencaram a dificuldade da equipe em continuar os trabalhos e a falta de iniciativa de alguns profissionais. Ainda reforçaram que gostariam de mais tempo do PET no serviço para a articulação do ensino-serviço-comunidade. Observamos que as oficinas EPS contribuem para o envolvimento de todos os atores envolvidos com resultados mais significativos do que capacitações tradicionais, pois parte de problemas reais, assim como valoriza o sujeito no processo educativo. Notamos também que nas oficinas EPS os profissionais da atenção primária tem a oportunidade de expor suas dúvidas e opiniões à cerca de problemas enfrentados na prática cotidiana da atenção primária, o que é de muita valia, pois ao expor suas dificuldades, o profissional tem a oportunidade de melhorar, superando suas limitações e de alguma forma ajudando outros colegas que possam ter dificuldades semelhantes às enfrentadas por ele na prática do serviço. É de muito valor para a equipe e para a formação profissional.
Palavras-chave
Educação para a saúde; Vigilância em Saúde; Estratégia Saúde da Família.