Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ATUAÇÃO DE RESIDENTES DE PSICOLOGIA NA EMERGÊNCIA DE UM HOSPITAL PSIQUIÁTRICO
Luciana Santos Rodrigues, Vanessa Santana da Costa Lima, Cecília de Santana Mota

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


Este relato de experiência tem como objetivo demonstrar a vivência realizada por residentes de psicologia no atendimento a pacientes na emergência de um hospital psiquiátrico, em Salvador / BA, durante um ano (maio 2014 – maio 2015). O referido hospital recebe demandas de todo o estado da Bahia, atendendo os casos de emergência psiquiátrica e psicológica, matriculando alguns pacientes e encaminhando outros para os centros de referência encontrados na rede de saúde mental. Pode-se dizer que esse serviço trabalha com dois eixos (a emergência e a triagem), sendo ambos permeados por um terceiro eixo (o acolhimento). Um caso é classificado como de emergência quando os pacientes, em crise, precisam de intervenção imediata. Por emergência entende-se “processo com risco iminente de vida que exige tratamento imediato, visando manter os sinais vitais, evitar incapacidade ou complicações” (ESTELLITA-LINS e COLS, 2012, p. 49). No que diz respeito ao hospital psiquiátrico, a definição articula-se ao conceito de crise como “um arranjo providencial que se tem à disposição quando todos os recursos psíquicos do sujeito já foram utilizados. A crise é ponto de corte. Ela representa a experiência de inconstância subjetiva que se coloca para o sujeito quando este é colocado em questão” (VIDAL, BRAGA, SODRÉ, 2007, apud LIMA, 2012, p. 428). São pessoas nesse tipo de crise que chegam à emergência, em ambulâncias, em carros particulares ou levados pela polícia, quando em via pública. Ao chegarem ao serviço, são atendidos diretamente pelo psiquiatra que, em geral, conta com a participação de uma psicóloga ou uma assistente social na consulta. O paciente, na maioria das vezes, é medicado e, a depender do caso, internado no hospital (internação integral ou hospital-dia), ou encaminhado para tratamento em outro serviço da rede adequado à natureza do caso. A triagem atende os casos que chegam com alguma demanda de tratamento, a exemplos de casos de depressão ou transtornos de ansiedade. Geralmente é realizada por psicólogo ou assistente social, que colhe a história, com suas queixas principais, a partir de uma entrevista semidirigida realizada com o paciente e seu acompanhante. Através dos dados colhidos, formula-se uma hipótese diagnóstica que é transmitida ao psiquiatra plantonista, em caso de necessidade de administrar medicação. Em seguida, indica-se a unidade de saúde mental mais próxima da residência do paciente. Caso o paciente more nas adjacências do hospital, é matriculado para receber acompanhamento ambulatorial, obedecendo ao princípio de territorialização. O nosso papel, enquanto residentes, consistiu em realizar triagens, buscando sempre fazer uma escuta clínica psicológica apurada para melhor definir a demanda, hipótese diagnóstica e o encaminhamento. Também participamos de atendimentos de emergência a pacientes em crise, com a presença do psiquiatra, em que era necessário escutar e acolher também o familiar, muitas vezes, mobilizado emocionalmente. A experiência nos permitiu ter contato com o paciente em sofrimento psíquico agudo e crônico, além de vivenciar o manejo das situações de crise. Contribuiu também para a ampliação do nosso conhecimento acerca do funcionamento da rede de saúde mental na cidade de Salvador e no estado da Bahia.

Palavras-chave


Saúde Mental; Emergência; Crise Psicótica

Referências


ESTELLITA-LINS, C. (org.) Trocando seis por meia dúzia: suicídio como emergência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Mauad X: FAPERJ, 2012.

LIMA, M. (et al). Signos, significados e práticas de manejo da crise em Centros de Atenção Psicossocial. Interface - Comunic., Saude, Educ., v.16, n.41, p.423-34, abr./jun. 2012.