Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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FLUXOGRAMA DO PROGRAMA DE PREVENÇÃO DO CÂNCER DO COLO DO ÚTERO: UMA AVALIAÇÃO EM TRÊS UNIDADES BÁSICAS EM BELÉM/PA NO 1º SEMESTRE DE 2015
THIAGO DO REIS DE OLIVEIRA COSTA, Maria da Conceição NASCIMENTO PINHEIRO

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: A população brasileira é de 190.755.799 habitantes, sendo que as mulheres representam 51,03% desta população (IBGE, 2010). Com uma população feminina muito grande é necessário garantir o atendimento adequado para doenças com morbimortalidade altas, como o Câncer do Colo do Útero (CCU). Com aproximadamente 530 mil casos novos por ano no mundo, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres, sendo responsável pelo óbito de 274 mil mulheres por ano (WHO, 2008). No Brasil, no ano de 2012, foram esperados 17.540 casos novos, com um risco estimado de 17 casos a cada 100 mil mulheres (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2011). Na análise regional no Brasil, o câncer do colo do útero destaca-se como o primeiro mais incidente na Região Norte, com 24 casos por 100 mil mulheres. Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste ocupa a segunda posição, com taxas de 28/100 mil e 18/100 mil, respectivamente, é o terceiro mais incidente na Região Sudeste (15/100 mil) e o quarto mais incidente na Região Sul (14/100 mil) (BRASIL, 2011). Com esses altos índices é preciso ter medidas para combatê-los, afim de que posso garantir uma assistência mais adequada à usuária. As estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce (abordagem de indivíduos com sinais e/ou sintomas da doença) e o rastreamento (aplicação de um teste ou exame em uma população assintomática, aparentemente saudável, com objetivo de identificar lesões precursoras ou sugestivas de câncer e encaminhá-las para investigação e tratamento). Dentro do rastreamento encontramos o fluxograma do PCCU, nele poderão ser encontradas as condutas que devem ser realizadas no encaminhamento das usuárias do programa. O fluxograma analisador é um instrumento, cuja utilização serve para demonstrar através dos símbolos, o processo de trabalho existente em um determinado serviço (MERHY, 1997). O uso do fluxograma analisador como instrumento de gerenciamento do trabalho, também permitiu que o profissional de saúde se tornasse capaz de identificar a necessidade de rever os instrumentos de trabalho que vem utilizando, para realizar suas práticas de saúde. (BARBOZA e FRACOLLI, 2005). O fluxograma do PPCCU basicamente fornece as informações necessárias, ao profissional, para a movimentação da usuária nos diferentes pontos das Redes de Atenção à Saúde (RAS). Partindo da Atenção primária à Saúde (APS), com a realização do preventivo, até os níveis secundários e terciários para tratamento da patologia. Sendo assim, o fluxograma que não é seguido de forma correta pode ocasionar uma peregrinação da mulher entre os níveis de serviços de atenção à saúde acarretando sérios prejuízos à mesma, podendo levá-la ao óbito. Usando a integralidade como processo de garantia ao atendimento adequado perante os resultados do Papanicolau. Este trabalho visa avaliar o funcionamento do fluxograma do PCCU nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Guamá, da Pedreira e do Marco em relação ao pelo ministério da saúde. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Trata-se de estudo observacional qualitativo de um Programa de Prevenção do câncer de colo do útero no ano de 2015. As UBS’s do estudo é uma UBS que atende a população do bairro da Pedreira, outra que atende as usuárias do bairro do Guamá e a UBS do Marco. Para este estudo utilizou-se uma entrevista com as técnicas responsáveis pelo Programa nas respectivas unidades. Para comparação das atividades desenvolvidas nas UBS’s com as preconizadas pelo PCCU utilizamos o fluxograma contido no Manual do PCCU/Ministério da Saúde de 2012. RESULTADOS E/OU IMPACTOS: Na unidade da Pedreira encontramos uma técnica de enfermagem executando o programa, o que não é permitido, pois a mesma não possui o conhecimento necessário para a execução do programa. Já nas UBS’s do Guamá e do Marco o PCCU é realizado por enfermeiras. O fluxo de atendimento das mulheres antes, durante e após o Teste Papanicolaou mostraram-se bastante discrepantes em relação ao que é preconizado no programa pelo Ministério da Saúde na UBS do Guamá, evidenciando uma desarticulação no encaminhamento para atendimento mais especifico, não havendo orientação nem encaminhamento adequado das mulheres baseado nos resultados de exames, sugerindo a falta de treinamento e qualificação do profissional para desenvolver atividades do PCCU. Já na Unidade da pedreira o fluxograma é seguido corretamente, com pequenas discrepâncias em alguns resultados relevantes, como o de NIC II. Na UBS do Marco encontramos situação semelhante. Contudo, é insensato atrelar a inadequação do fluxograma preconizado somente ao profissional que dirige o programa na unidade, devemos também por em questão se há uma preocupação por parte das secretárias de saúde em capacitar ou atualizar o técnico e assim remover esse problema.  Devemos também visar a excelência da formação destes profissionais, se dentro do currículo de sua academia formadora houve a devida atenção aos aspectos relacionados à saúde da mulher, dando ênfase ao PCCU, para que quando chegasse ao acolhimento à usuária, houvesse um atendimento eficaz. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Como se pode observar, há maneiras diferentes de fluxogramas sendo exercidos nas duas Unidades, enquanto em duas é seguido, em sua maioria, corretamente em outra é quase totalmente desarticulado com o que é especificado pelo MS, o que acarreta sérios problemas no encaminhamento entre a atenção primária e a média complexidade, fazendo com que a usuária peregrine entre os níveis do sistema e não inicie o tratamento mais precoce possível, inicio esse, extremamente necessário para aumentar as chances de cura. Tendo o câncer do colo de útero como uma doença com elevados índices de mortalidade e que causa mudanças bruscas na vida da mulher é fundamental para o bom andamento e funcionalidade do programa um profissional que além de ter dentro das suas atribuições a execução do exame, tenha a compreensão e ponha em prática o fluxograma preconizado pelo MS, para isso é capital que haja subsequentes atualizações e capacitações para promover uma assistência apropriada. Evidencia-se, em alguns casos, a inexistência ou não adesão aos protocolos clínicos, recomendações sistematicamente desenvolvidas com o objetivo de prestar a atenção à saúde apropriada a usuária que recebe o seu exame Papanicolau.  

Palavras-chave


Saúde da mulher; Neoplasias do Colo do Útero ; Prevenção de Câncer de Colo Uterino

Referências


— BARBOZA, T. A. V.; FRACOLLI, L. A.. A utilização do “fluxograma analisador” para a organização da assistência à saúde no Programa Saúde da Família. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p. 1036-1044, jul./ago. 2005.

— BRASIL, Ministério da Saúde. Estimativa 2012: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2011.

— BRENNA SMF, HARDY E, ZEFERINO LZ, NAMURA I. Conhecimento, atitude e prática do exame de Papanicolaou em mulheres com câncer de colo uterino. Cad Saude Publica. 2001 jul-ago;17(4):909-14.

 

— IBGE. Censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/censo2010/>. Acesso em: 6 jun. 2012.

— MERHY, E. E. ; ONOCKO, R. (Org). Agir em saúde: um desafio para o público. São Paulo: Hucitec, 1997. p. 71-112.

— WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). International agency for research on cancer. Globocan 2008. Lyon: WHO, 2008.