Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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FORMAÇÃO PARA O SUS: TECNOLOGIAS LEVES CONSTRUINDO O CONHECIMENTO VIVO NO TERRITÓRIO
valéria leite soares, Marcia Queiroz de carvalho Gomes, Ângela Cristina Dornelas da Silva

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


A formação de profissionais para a rede de serviços do Sistema Único de Saúde vem passando por um processo de reorientação, lançando mão de metodologias de ensino-aprendizagem que permitem a vivência e compreensão da saúde de forma ampliada e complexa, em diferentes cenários de prática. O objetivo deste trabalho é refletir sobre o processo de formação de Terapeutas Ocupacionais, da Universidade Federal da Paraíba, no cenário de prática da atenção básica. As práticas partem do princípio da clínica ampliada, na perspectiva das linhas de cuidado em saúde. O uso de tecnologias leves, pautadas nas relações, na escuta e no acolhimento conduzem os estudantes à construção do conhecimento vivo, com base nas necessidades de cuidado dos usuários, famílias e comunidades. Nos encontros iniciais com a equipe da unidade, os Agentes Comunitários de Saúde apresentam o território, as condições de saúde, social e organização da comunidade assistida e os alunos falam das expectativas de atuação da Terapia Ocupacional neste nível de atenção.A partir dessas interações as ações são planejadas e desenvolvidas tomando duas direções: visitas domiciliares e criação/participação de grupos. As visitas domiciliares permitem uma aproximação dos estudantes das necessidades e dificuldades vividas pelas famílias no cotidiano, levando-os a problematização sobre as possibilidades de intervenção, através da busca ativa do conhecimento teórico e do conhecimento construído junto com o próprio usuário. Os grupos, por sua vez, são formados a partir das demandas que são identificadas na comunidade, tais como o grupo com adolescentes estudantes de uma escola estadual do bairro, e o grupo de geração de renda e arte, voltado para pessoas com transtornos mentais. Os alunos e professores também buscam potencializar grupos já existentes na Unidade de Saúde, como o Grupo de gestantes e o Grupo de Diabéticos e Hipertensos, e em outros equipamentos do território, como o grupo com idosos do Centro de Convivência da Pessoa Idosa. Ao término de cada semestre letivo é realizada uma Ação em Saúde, reunindo toda a comunidade num espaço interativo, com apresentações artísticas e culturais dos próprios usuários e oficinas de promoção da saúde e prevenção de agravos em temas variados. Os alunos apresentam as propostas no coletivo da sala de aula, e após debate são planejadas as atividades que movimentam as ações em saúde. O exercício do reconhecimento das necessidades da comunidade, do planejamento e da execução de ações possibilita ao aluno não só reflexões acerca da prática profissional neste nível de complexidade, mas acima de tudo, a construção de um conhecimento vivo, voltado para o cuidado integral, para a emancipação, utilizando metodologias eficazes e de baixa densidade tecnológica.Consideramos que a formação em saúde no nível da atenção básica possibilita contato estreito de discentes e docentes com as famílias e a comunidade, permitindo a compreensão dos seus modos de vida, de suas demandas e necessidades de saúde, e dos determinantes do processo saúde-doença nos cenários da vida cotidiana dos usuários.Este contato, necessário para a formação profissional, dificilmente seria viabilizado em outros níveis de atenção à saúde.    

Palavras-chave


processo de formação; Terapia Ocupacional;tecnologias leve