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EXPERIÊNCIA SUBJETIVA COM A DOR E COM O USO DE MEDICAMENTOS ANALGÉSICOS
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
APRESENTAÇÃO: Os medicamentos analgésicos estão dentre os medicamentos mais consumidos pela população atualmente. Isso ocorre principalmente, devido ao fato dos pacientes na maioria das vezes não terem suporte profissional adequado para lidar com a dor. A dor, por sua vez, está entre as principais causas de licenças médicas e baixa produtividade, podendo comprometer as atividades diárias dos pacientes. Como consequência, pacientes que apresentam doenças crônicas que lhes causam dor, fazem cada vez mais um uso inadequado ou abusivo de medicamentos analgésicos. O objetivo deste trabalho foi compreender a experiência subjetiva de uma paciente acometida por uma doença crônica que lhe causava dor, revelando seu entendimento, suas expectativas, seus receios e seu comportamento em relação ao tratamento medicamentoso. METODOLOGIA: Foi utilizada a pesquisa qualitativa para o estudo de caso de uma mulher que convive com dor crônica e que utilizou um medicamento fitoterápico, o qual posteriormente foi descoberto ser adulterado. Foi realizada análise temática dos dados gerados por meio de entrevista semi-estruturada realizada com a usuária. RESULTADOS: Três temas emergiram da análise dos dados: experiência prévia com a doença e com o uso de medicamentos; sentimentos em relação ao cuidado recebido pelos profissionais de saúde e solução buscada pela paciente. O conhecimento adquirido pela paciente ao vivenciar, no passado, o adoecimento e o tratamento medicamentoso da mãe com a mesma doença (artrite reumatóide), subsidiaram suas decisões em relação à sua própria farmacoterapia. Somado a isso, a experiência negativa com a profissional que lhe prestava assistência, que não levava em consideração a perspectiva da paciente sobre o tratamento, fez com que ela decidisse por não realizar o tratamento convencional e buscasse a soluções alternativas para o seu problema de saúde. Nesta trajetória, a paciente recebeu recomendação de um leigo para o uso de um produto dito fitoterápico, comercializado ilegalmente, que vinha apresentando ótimos resultados no combate à dor. Com a doença já avançada, comprometendo sua qualidade de vida, a paciente opta por utilizar tal produto, que posteriormente, descobriu se tratar de um produto adulterado, o qual continha medicamentos antiinflamatórios em sua composição. Após essa descoberta, a paciente deixou de administrar o produto e resolveu buscar a ajuda de outra reumatologista para a realização do tratamento correto. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As experiências subjetivas dos pacientes influenciam suas decisões frente ao tratamento medicamentoso, se tornando um importante alvo para que os profissionais de saúde tenham uma prática mais efetiva. O presente estudo demonstrou a importância de uma prática centrada no paciente por parte dos profissionais de saúde, uma vez que ao conhecer as vivências da paciente, foi possível compreender suas preocupações e receios em relação ao seu problema de saúde e ao tratamento farmacológico. Deste modo, este estudo pode ser útil para se revisar a formação e a atuação de profissionais de saúde que ainda se baseiam no modelo biomédico, promovendo a reflexão sobre a importância do modelo biopsicossocial no cuidado ao paciente, de modo a otimizar o tratamento, beneficiando os pacientes, principalmente aqueles acometidos por doenças crônicas.
Palavras-chave
Experiência subjetiva com o uso de medicamentos; Dor crônica; Pesquisa qualitativa