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PARA ALÉM DOS MUROS DA UNIVERSIDADE: CONHECENDO A REALIDADE DE UMA PENITENCIÁRIA DE RECUPERAÇÃO FEMININA
Última alteração: 2015-10-31
Resumo
APRESENTAÇÃO: O Programa Mais Saúde na Comunidade é uma atividade de extensão popular da Universidade Federal da Paraíba que tem como fio condutor a Educação Popular em Saúde (EPS) atuando de forma interdisciplinar, intersetorial e interinstitucional. A construção das práticas do programa é iniciada a partir de uma territorialização, que consiste no reconhecimento do espaço onde as ações serão desenvolvidas. Com isso é possível conhecer as demandas dos sujeitos nele inseridos, bem como suas peculiaridades e organização social. Neste sentido, o objetivo do trabalho é relatar a experiência de extensionistas do programa em uma vivência na Penitenciária de Recuperação Feminina Maria Júlia Maranhão situada no município de João Pessoa – PB. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Uma das frentes de ação do programa são os Grupos de Encontro do Trabalho (GRT) realizados com categorias de trabalhadores e que possuem como eixos teórico- metodológicos a educação popular e a ergologia. Com o intuito de iniciar um GRT com apenados envolvidos em ações de ressocialização do sistema carcerário da Paraíba, os extensionistas realizaram territorializações em diversos presídios do Estado, dentre eles a Penitenciária Júlia Maranhão. A visita foi conduzida por uma agente penitenciária, que apresentou aos extensionistas o pavilhão do sistema prisional semiaberto, onde existe um grupo de apenadas que participam do projeto “Castelo de Bonecas”, no qual são confeccionadas bonecas de pano, com vendas destinadas à geração de renda do grupo produtivo, bem como para aquisição de matéria prima que viabilize a produção. Em seguida, foi visto o pavilhão de regime fechado, a estrutura física do berçário, do cárcere e da cozinha. RESULTADOS: Com base nesta experiência, identificou-se um ambiente físico adequado, porém com superpopulação carcerária, carência de infraestrutura que viabilize as atividades de ressocialização desde as ações de educação básica, a qualificação profissional e trabalho sendo, portanto, a educação popular uma ferramenta potente para fomentar a troca de saberes e respeito neste ambiente de reclusão. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A implementação do GRT vai possibilitar uma valorização do papel do apenado na sociedade, proporcionando-lhe visibilidade, autonomia e conscientização acerca dos próprios direitos e cuidados com a saúde. A experiência contribuiu para a construção de um pensamento crítico-reflexivo acerca das condições de vida das mulheres em uma penitenciária do sistema prisional paraibano. Por fim, pode-se concluir que falta para as apenadas políticas públicas que lhes assegurem o direito à cidadania, educação, saúde, trabalho, cultura, família e dignidade.
Palavras-chave
Educação popular, ressocialização e saúde.