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APRESENTAÇÃO: O Diabetes mellitus (DM) vem se destacando no cenário das doenças contemporâneas, considerada como uma das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCTN) mais comuns, com grande impacto na saúde pública.  Caracterizado como uma síndrome de etiologia múltipla, o Diabetes Mellitus apresenta hiperglicemia crônica e distúrbios metabólicos de carboidratos, em decorrência da alteração da ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambas. O aumento da incidência de casos das DCNT está fortemente relacionado ao estilo de vida, influenciados por padrões de consumo não saudáveis, como a industrialização, a mecanização da produção e a urbanização. No Brasil em 2013, 6,2% da população brasileira de 18 anos ou mais de idade referiram diagnóstico médico de diabetes, o equivalente a 9,1 milhões de pessoas. O diagnóstico precoce do Diabetes Mellitus auxilia na prevenção ou no retardamento das complicações da doença, juntamente com uma conduta e adesão terapêutica adequada. Podemos definir a adesão terapêutica como o grau que o paciente incorpora as instruções veiculadas por um profissional da saúde em relação a medicação, ao cumprimento da dieta e alteração de hábitos ou estilo de vida. Vale ressaltar que a terapia nutricional é um importante fator na conduta terapêutica, o qual proporciona mudanças de hábitos alimentares dos portadores da doença, com intuito de evitar o descontrole metabólico e o aparecimento de complicações grave da doença e/ou o controle das mesmas. É de fundamental importância o envolvimento do indivíduo neste processo de adesão terapêutica como agente ativo, considerando seus hábitos alimentares anteriores, uma vez que estes são reflexos de suas origens culturais, regionais e são profundamente influenciados pelo poder aquisitivo do indivíduo. O conhecimento técnico sobre as melhores opções alimentares para quadro clínico não indica a correta adesão do diabético ao tratamento, porém funciona como um instrumento propulsor de mudanças, quando a interesse. O presente estudo teve o propósito de contribuir para a melhoria da qualidade da assistência aos portadores de Diabetes Mellitus, buscando analisar os conhecimentos e atitudes sobre a patologia e hábitos alimentares praticados pelos diabéticos do município de Bodoquena. Com intuito de entender a baixa adesão terapêutica que refletem no alto custo para a saúde pública e a baixa resolubilidade das ações educativas.   Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa seccional, que irá buscar compreender o conhecimento e atitudes dos indivíduos sobre o Diabetes Mellitus e seus hábitos alimentares. O estudo foi constituído por usuários atendidos, incluídos no Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos – HIPERDIA, da rede municipal de saúde de Bodoquena, com diagnóstico de Diabetes Mellitus (tipo 1 e 2), em atendimento no período de maio a setembro de 2015.  Foram excluídos os pacientes que, apesar de preencherem os critérios de inclusão, tenham sua capacidade de comunicação e compreensão prejudicada, pessoas com dificuldade de compreensão e/ou comunicação. A coleta de dados foi realizada nas unidades de Estratégia Saúde da Família - ESF e perante a ausência do usuário portador de diabetes melittus nos encontros do HIPERDIA, buscou localiza-los através de contato telefônico e visita na residência. O preenchimento do questionário foi realizado pela pesquisadora e por ACS que se disponibilizaram para a aplicação do formulário de forma voluntaria, sendo os mesmos capacitados para a execução desta atividade, afim de não prejudicar a veracidade das respostas. A coleta de dados iniciou-se após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Antecedendo a realização da entrevista, todos os participantes convidados e que aceitaram ser incluídos como sujeitos, foram informados sobre a pesquisa, os objetivos, a metodologia empregada, inexistência de riscos atuais ou potenciais, a razão de sua escolha como participante e a necessidade de leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), em linguagem acessível à clientela. A entrevista constitui-se no preenchimento de formulário composto por três blocos. O primeiro bloco refere-se aos dados sociodemográficos (idade, sexo, estado civil, escolaridade, profissão, número de filhos, renda familiar, número de membros da família).  O segundo bloco é relativo aos hábitos alimentares praticados pelos usuários (número de refeições, ingestão hídrica, preparo dos alimentos) e uma avaliação qualitativa do consumo alimentar, mediante um questionário de frequência alimentar. O terceiro bloco refere-se aos questionários Diabetes KnowledgeQuestionnaire (DKN-A) e Diabetes AttitudesQuestionnaire (ATT-19), ambos os questionários traduzidos e validados no Brasil por Torres; Hortale e Schall (2005).   Resultados e/ou impactos A amostra do estudo foi composta por 51 indivíduos, predomínio do sexo feminino (60,8%), com idade média de 58,5 anos (desvio padrão de 14,9 anos), casados ou em união estável (82,4%), com ensino fundamental incompleto (66%), aposentado (35,3%), renda familiar de 1 a 2 salários mínimos. Residentes em casa própria na área urbana do município, com esposo e filhos e possuindo mais de 3 filhos. Em relação às comorbidades encontrou-se 54,9% dos entrevistados com Diabetes Mellitus possuíam Hipertensão Arterial ou Doenças Cardiovasculares, 35,3%  não possui doença associada ao Diabetes Mellitus e 9,8% apresentam outras. Após aplicação e avaliação do questionário de frequência alimentar que apresentavam opções de consumo diário, semanal, quinzenal, mensal e nunca. Os alimentos com consumo diários mais citados pelos entrevistados foram leite desnatado, biscoito de água e sal, margarina convencional, arroz, pastel, maçã, feijão carioca, alface, carne bovina magra, suco artificial convencional em pó e entre as opções de doce foram citados bala, canjica, arroz doce e doce de leite. Os alimentos mais citados na opção de nunca consumidos, foram iogurte light, biscoito waffer light, maionese light, cereais matinais, empada, pera, soja, espinafre, hambúrguer, suco artificial diet e pirulito. Com relação aos questionários Diabetes KnowledgeQuestionnaire (DKN-A) e Diabetes AttitudesQuestionnaire (ATT-19), que buscaram analisar os conhecimentos e atitudes dos usuários entrevistados identificaram-se uma média de 6,14 com desvio padrão de 2,59 para o teste DKN-A e no teste ATT-19, 49 das 51 pessoas (96,1%) obtiveram escore inferior a 70, caracterizando atitudes negativas dos entrevistados perante ao Diabetes Mellitus. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A partir da análise dos questionários de frequência alimentar notou-se que os diabéticos do município de Bodoquena possuem baixo consumo de alimentos light, integrais, diet e frutas, com pouca diversidade entre os alimentos consumidos diariamente. Entre o grupo dos carboidratos destacou-se maior consumo diário de arroz branco, "chipa" ou pão de queijo, pão francês e biscoito e água/sal, considerados de alto índice glicêmico. Verificou-se ainda um consumo diário de frutas e verduras relatado pelos pacientes diabéticos de ambos os sexos, fato positivo, pois, contribui com a ingestão de fibras da dieta e desta forma auxilia o controle da glicemia. Em relação ao teste DKN-A e ATT-19, notou-se uma atitude negativa dos diabéticos perante aos seus conhecimentos e atitude relacionados ao Diabetes Mellitus. Portanto pode se concluir que há necessidade de se reforçar as orientações nutricionais dos diabéticos, bem como maiores explicações sobre a importância das modificações nos hábitos alimentares inadequados e adesão ao tratamento para o controle da patologia e prevenção das complicações agudas ou crônicas associadas à doença. O processo periódico de educação e o aconselhamento nutricional tornam-se indispensáveis para se alcançar melhores índices de adesão terapêutica, contribuindo assim para melhoria da saúde e qualidade de vida destes pacientes.    

Diabetes Mellitus, Alimentação Saudável, Conhecimento e Atitudes.