Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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HEPATITES B E C, HIV E HTLV ENTRE USUÁRIOS DE COCAÍNA, CRACK E SIMILARES EM MATO GROSSO DO SUL
Vivianne de Oliveira Landgraf de Castro, Ana Rita Coimbra Motta Castro, Sandra Maria do Valle Leone de Oliveira, Andréa Cristina Stabile, Elizeu Ferreira da Silva, Paula Renata Tedesco de Carvalho, Grazielli Rocha de Rezende, Larissa Mello Bandeira

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Estudos têm demonstrado que populações vulneráveis, como usuários de crack e similares, estão mais susceptíveis a infecções pelos vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV), HIV e HTLV. Presença de úlceras, cortes, bolhas e queimaduras na cavidade oral são comuns entre os usuários de crack e pode facilitar a disseminação de vírus de transmissão sanguínea. Além disso, apresentam elevada frequência de comportamentos sexuais de risco como multiplicidade de parceiros sexuais, uso irregular de preservativos e troca de sexo por dinheiro e/ou drogas. O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência da infecção pelos vírus das hepatites B e C, HIV1/2 e HTLV-1/2 nos usuários de crack, cocaína e similares em Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã-MS. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Um total de 700 usuários de crack, cocaína e similares institucionalizados e em situação de rua foram entrevistados e submetidos à coleta de amostras sanguíneas para detecção dos marcadores sorológicos HBsAg, anti-HCV, anti-HIV-1/2 e anti-HTLV-1/2 utilizando o ensaio imunoenzimático (ELISA). As amostras positivas para HCV, HIV e HTLV foram confirmadas por immunoblot. As amostras positivas para HBsAg e anticorpos anti-HCV e anti-HIV foram submetidas à carga viral por PCR em tempo real (Abbott m2000rt PCR Real Time) e para o HTLV-1/2 submetidas ao nested-PCR para detecção de material genético. RESULTADOS: A maioria dos usuários estudados era do sexo masculino (84,7%), não branco (67,8%), sem companheiro fixo (78,7%), residentes em Campo Grande-MS (54,0%), com 5 a 9 anos de estudo (50,4%). Quanto à renda mensal, 44,6% relataram ter até 1 salário mínimo e 60% relataram história de encarceramento. Com relação às drogas ilícitas utilizadas, 79,4% relataram o uso de similares do crack e 40% o consumo do crack. 45,4% relataram que tiveram algum ferimento/ferida/queimadura na área da boca nos últimos 6 meses e 59,6% relataram compartilhamento de cachimbo/pipa/lata. A maioria dos participantes relatou ter tido relação, exclusivamente, heterossexual nos últimos 06 meses (67,6%) e o uso irregular de preservativo com parceiro fixo foi relatado por 40% e com parceiros eventuais por apenas 29% dos usuários, sendo que 13,3% destes relataram dar droga ilícita ou dinheiro em troca de sexo e 8,4% relataram ter recebido dinheiro e/ou droga. As prevalências das infecções causadas pelo HBV, HCV, HIV e HTLV encontradas foram de 1,1% (IC 95%: 0,4-1,9%), 4,5% (IC 95%: 2,9-6,0%), 3,0% (IC 95%: 1,7-4,3%) e 0,8% (IC 95%: 0,5-0,9%), respectivamente. A Carga viral foi detectada em 7 das 9 amostras positivas para HBV (77,8%), 26 das 31 amostras positivas para o HCV (83,9%) e em 15 das 21 positivas para o HIV (71,4%). Com relação ao HTLV, o material genético foi detectado nas 5 amostras positivas (100%). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados deste estudo evidenciam elevada frequência de fatores comportamentais de risco que indicam uma necessidade urgente de implementação dos programas de saúde que visam à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessas infecções nos usuários de crack, cocaína e similares.

Palavras-chave


usuário de drogas; crack; doenças transmissíveis