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HEPATITES B E C, HIV E HTLV ENTRE USUÁRIOS DE COCAÍNA, CRACK E SIMILARES EM MATO GROSSO DO SUL
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
APRESENTAÇÃO: Estudos têm demonstrado que populações vulneráveis, como usuários de crack e similares, estão mais susceptíveis a infecções pelos vírus das hepatites B (HBV) e C (HCV), HIV e HTLV. Presença de úlceras, cortes, bolhas e queimaduras na cavidade oral são comuns entre os usuários de crack e pode facilitar a disseminação de vírus de transmissão sanguínea. Além disso, apresentam elevada frequência de comportamentos sexuais de risco como multiplicidade de parceiros sexuais, uso irregular de preservativos e troca de sexo por dinheiro e/ou drogas. O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência da infecção pelos vírus das hepatites B e C, HIV1/2 e HTLV-1/2 nos usuários de crack, cocaína e similares em Campo Grande, Corumbá e Ponta Porã-MS. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Um total de 700 usuários de crack, cocaína e similares institucionalizados e em situação de rua foram entrevistados e submetidos à coleta de amostras sanguíneas para detecção dos marcadores sorológicos HBsAg, anti-HCV, anti-HIV-1/2 e anti-HTLV-1/2 utilizando o ensaio imunoenzimático (ELISA). As amostras positivas para HCV, HIV e HTLV foram confirmadas por immunoblot. As amostras positivas para HBsAg e anticorpos anti-HCV e anti-HIV foram submetidas à carga viral por PCR em tempo real (Abbott m2000rt PCR Real Time) e para o HTLV-1/2 submetidas ao nested-PCR para detecção de material genético. RESULTADOS: A maioria dos usuários estudados era do sexo masculino (84,7%), não branco (67,8%), sem companheiro fixo (78,7%), residentes em Campo Grande-MS (54,0%), com 5 a 9 anos de estudo (50,4%). Quanto à renda mensal, 44,6% relataram ter até 1 salário mínimo e 60% relataram história de encarceramento. Com relação às drogas ilícitas utilizadas, 79,4% relataram o uso de similares do crack e 40% o consumo do crack. 45,4% relataram que tiveram algum ferimento/ferida/queimadura na área da boca nos últimos 6 meses e 59,6% relataram compartilhamento de cachimbo/pipa/lata. A maioria dos participantes relatou ter tido relação, exclusivamente, heterossexual nos últimos 06 meses (67,6%) e o uso irregular de preservativo com parceiro fixo foi relatado por 40% e com parceiros eventuais por apenas 29% dos usuários, sendo que 13,3% destes relataram dar droga ilícita ou dinheiro em troca de sexo e 8,4% relataram ter recebido dinheiro e/ou droga. As prevalências das infecções causadas pelo HBV, HCV, HIV e HTLV encontradas foram de 1,1% (IC 95%: 0,4-1,9%), 4,5% (IC 95%: 2,9-6,0%), 3,0% (IC 95%: 1,7-4,3%) e 0,8% (IC 95%: 0,5-0,9%), respectivamente. A Carga viral foi detectada em 7 das 9 amostras positivas para HBV (77,8%), 26 das 31 amostras positivas para o HCV (83,9%) e em 15 das 21 positivas para o HIV (71,4%). Com relação ao HTLV, o material genético foi detectado nas 5 amostras positivas (100%). CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os resultados deste estudo evidenciam elevada frequência de fatores comportamentais de risco que indicam uma necessidade urgente de implementação dos programas de saúde que visam à prevenção, diagnóstico precoce e tratamento dessas infecções nos usuários de crack, cocaína e similares.
Palavras-chave
usuário de drogas; crack; doenças transmissíveis