Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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CONSTRUÇÃO DE UM FÓRUM DE PARTICIPAÇÃO POPULAR PARA O FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
Gabriel Noleto Rocha do Nascimento, Maria Salete Ribeiro, Gessica Cristina de Deus Silva, Jessica Dias Ferreira, Thais Cristina Borges Piovezan, Carla Gabriela Wunsch, Maria Auxiliadora Maciel de Moraes, Carla Rafaela Teixeira Cunha

Última alteração: 2015-12-08

Resumo


INTRODUÇÃO: A Clínica da Família (CF), foi pioneiramente implementada na cidade do Rio de janeiro, com objetivo de priorizar ações de prevenção, promoção da saúde e diagnóstico precoce de doenças na Atenção primária à saúde. Possui uma equipe multidisciplinar em que cada uma delas é responsável por sua área de abrangência (¹). Cuiabá, conta com uma unidade deste porte, onde são realizadas as atividades práticas do Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Saúde do Adulto e do Idoso com Ênfase em Atenção Cardiovascular (PRIMSCAV) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Há cerda de dois anos, a referida unidade veio substituir um serviço de pronto atendimento, gerando resistência por parte da população local, e dificuldade em compreender a mudança no modelo de atenção à saúde. Desta forma, houve a necessidade de se pensar em alternativas que atingissem positivamente a população da área adstrita à referida unidade, visando formas de comunicação que divulgassem os serviços ofertados e a forma de funcionamento da CF. Portanto, os profissionais da unidade, a Universidade (docentes, alunos e residentes) e Conselho Gestor local, idealizaram e implementaram o “1º Fórum da Clínica da Família: SUS e comunidade de mãos dadas”, com o principal objetivo de, por meio da Educação em Saúde, esclarecer a população sobre as mudanças ocorridas do modelo de atenção oferecido e abrir espaço de discussão para melhoria do serviço. Neste contexto, a participação popular é um dos princípios organizacionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e se configura como força social capaz de influir nas políticas públicas para a concepção da promoção da saúde como direito, de forma democrática e participativa (³). Além disso, por meio dessa perspectiva, consideramos a Educação em Saúde uma ferramenta importante no processo de empoderamento, como instrumento formador de autonomia e cidadãos críticos, capazes de transformar sua realidade (4). Objetivo: Relatar a experiência de residentes na construção de um Fórum de participação popular para o fortalecimento da Atenção Primária a Saúde, em Cuiabá-Mato Grosso. METODOLOGIA: Trata-se de um relato das experiências de um grupo de residentes do PRIMSCAV, composto por dois Enfermeiros, uma Psicóloga, uma Assistente Social e uma Nutricionista. O Fórum para discussão do modelo de atenção vigente foi planejado e elaborado em conjunto com servidores da CF, composta por cinco equipes de saúde da família, abrangendo três bairros da regional norte de Cuiabá, residentes e conselho gestor local (profissionais da CF e membros da comunidade). O Fórum ocorreu durante três semanas consecutivas, no mês de maio de 2015, sendo realizado um encontro para cada bairro da área adstrita à clínica, com cerca de quatro horas de duração cada um. Esses encontros ocorreram em espaços comunitários dos bairros que a CF abrange. Resultados e Discussões: Como estratégias de divulgação do Fórum foram utilizadas: panfletagem, rádio comunitária, abordagem em sala de espera e confecção de camisetas. Além disso, elaborou-se um instrumento de avaliação da atividade, composto por cinco perguntas objetivas e com espaço para discorrer sobre críticas, sugestões e elogios. Tivemos participação efetiva da comunidade, além de representantes da gestão, vereadores, lideranças dos bairros e uma adesão importante dos servidores da clínica. As discussões foram conduzidas em cada encontro pela respectiva equipe responsável, nas quais foram abordados assuntos referentes ao funcionamento da Estratégia de Saúde da Família, rotina e cronograma da unidade, prioridades das visitas domiciliárias, serviços oferecidos na CF, bem como foi enfatizado a diferença entre o antigo e atual serviço, priorizando o enfoque nas vantagens de um serviço de atenção primária dentro da comunidade. Ao final de cada encontro foi disponibilizado espaço para manifestação dos presentes. Os residentes participaram de toda a organização e divulgação do Fórum, cadastro de todos os usuários que compareceram nos encontros, além de elaborar uma carta de agradecimento e motivação que foi posteriormente entregue para cada membro da equipe e enviada ao endereço dos usuários que se fizeram presente e tornaram possível a realização dessa ação.  Somando todos os encontros, participaram 149 usuários, que expuseram as dúvidas, relataram suas impressões sobre a assistência que recebem no referido serviço e avaliaram o evento. Nesta avaliação, de todos os participantes do fórum, 91.02% responderam que acharam os assuntos abordados importantes, 93,58% consideraram que suas dúvidas foram esclarecidas, 98,71% reconhecem a importância desse tipo de atividade, 93,58% acharam que o tempo de realização do Fórum foi suficiente e 94,43% sentiram-se bem recebidos. Em relação à frequência de realização desses Fóruns, predominaram as sugestões de serem trimestralmente ou semestralmente. Além disso, programar participação popular em saúde na perspectiva da Educação abrange várias dimensões: democrática, participativa, política, educativa, acolhedora e cuidadora, pois, possibilita a transformação da realidade e a interação entre as pessoas e fomenta a troca de experiências e a construção coletiva de saberes e práticas, além de implicar, por meio da abertura desses espaços de discussão uma possibilidade para o empoderamento do usuário com  participação ativa junto ao serviço que lhe é ofertado, de forma queo entendimento sobre saúde  alcance a coletividade e a singularidade dos indivíduos envolvidos nesse processo de construção, em seus territórios,contribuindo  para a potencialização da resolutividade da atenção primária a saúde. É importante ressaltar que a implementação desse Fórum oportunizou a experiência na prática de um dos princípios organizacionais do SUS mais negligenciados, que é a participação popular que, realizada de forma educativa, possibilita uma troca importante pra atingir uma integralidade frente as demandas reais de uma comunidade que participa do processo de construção de sua assistência à saúde. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Portanto, atividades como esta, destacam a importância da construção coletiva sobre saúde, de maneira democrática, consolidando a responsabilidade de todos os profissionais de saúde como agente multiplicador e, sobretudo de instigar o controle social das práticas de saúde, pois, a partir do conhecimento dos usuários sobre o modelo proposto, esclarece-se sobre vários requisitos de organização, territorialização, abrangência, eficácia, etc. para o controle das atividades do SUS, além da ideia de cidadania, por considerar a saúde muito mais abrangente do que simples ausência de saúde. Além disso, para a equipe da CF e para os residentes permitiu uma aproximação com a comunidade, favorecendo o conhecimento sobre os anseios e demandas da população e fortalecendo o vínculo com esses usuários.

Palavras-chave


Saúde da Família, Sistema Único de Saúde, Participação Comunitária

Referências


  1. Prefeitura do Rio de janeiro [homepage da internet]. Secretaria Municipal de Saúde – SMS. Unidades de Saúde. Clínicas da Família [acesso em 09 out 2015]. Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/web/sms/clinicas-da-familia.
  2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica – Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, 2011.
  3. Cruz PJSC et. al. Desafios para a Participação Popular em Saúde: reflexões a partir da participação popular na construção de conselho local de saúde em comunidades de João Pessoa, PB. Saúde Soc. 2012;4(21):1087-100.
  4. Moreira J et. al. Educação Popular em Saúde: a educação libertadora mediando a promoção da saúde e o empoderamento. Contrapontos. 2007;3(7):507-21.