Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Matriciamento em saúde mental na atenção básica: relato de experiência
Maria Odete Pereira, Patrícia Félix Santos Castro, Jeanine Teixeira Santos

Última alteração: 2015-10-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Na perspectiva do Sistema Único de Saúde, o Ministério da Saúde brasileiro publicou em dezembro de 2011 a Portaria nº 3.088, que instituiu a Rede de Atenção de Psicossocial - RAPS. A reformulação das práticas assistenciais às pessoas em sofrimento mental e usuárias de substâncias psicoativas de saúde mental, deve-se à reforma psiquiátrica brasileira, iniciada no final da década de 1970. Para além da implantação de novos pontos de cuidado, as políticas inovadoras objetivaram articulá-los, de forma que a transdisciplinaridade agregue melhores resultados na atenção à saúde. Os ambulatórios de saúde mental foram implantados a partir da década de 1970 e os que hoje existem, atuam em articulação a rede efetiva de atenção psicossocial, oferecendo suporte ao atendimento dos transtornos psíquicos menos graves, em municípios com maior demanda de atenção aos transtornos, em geral. Os centros de atenção psicossocial, desde a sua implantação, têm como atribuição realizar o matriciamento junto às unidades de saúde da atenção básica.  Em 2008 foram implantados os núcleos de apoio à saúde da família – NASF, que começaram a desenvolver ações matriciais nos territórios. São princípios metodológicos do matriciamento: a discussão de casos; os atendimentos individuais e coletivos; as atividades de lazer e capacitação dos profissionais. Dessa forma, é reforçada a corresponsabilização e trabalho interdisciplinar e articulado, entre o ponto de cuidado da atenção Básica e o serviço de saúde mental. OBJETIVO: Descrever a experiência de observação não participante de duas alunas de graduação em enfermagem, junto a uma equipe de saúde ambulatorial, que presta apoio matricial às equipes da estratégia da saúde da família, em um município da região metropolitana de Belo Horizonte – MG. METODOLOGIA: A Unidade de Saúde ambulatorial onde as duas alunas da graduação em Enfermagem, da Universidade Federal de Minas Gerais estão realizando a experiência de extensão/ensino e pesquisa, por meio de observação não participante, situa-se em um município metropolitano de Belo Horizonte – MG. O ambulatório foi implantado na década de 1990. Atualmente, a equipe técnica é composta por psicólogo, médico psiquiatra, enfermeiro e auxiliar de enfermagem. No local são realizadas consultas agendadas; reuniões de matriciamento e organização dos processos de trabalho dos profissionais. A gestão local permitiu que as alunas participassem das reuniões da equipe técnica, em que são discutidos caso a caso. Os atendimentos são realizados no espaço físico da unidade ou em visita domiciliária, na residência do usuário. As intervenções sempre priorizavam o trabalho em grupo, destacando que o tratamento baseia-se no cuidado integral, levando em consideração o usuário e suas necessidades, bem como seu contexto social e familiar. Todas as intervenções consentidas no matriciamento são incluídas no Plano Terapêutico Singular – PTS, sempre com ênfase ao autocuidado, para a promoção de independência e autonomia. RESULTADOS: O trabalho interdisciplinar, apesar de ser considerado um importante instrumento para provimento de cuidado integral e articulação dos serviços de saúde, ainda é pouco desenvolvido, pois na maioria das vezes, os profissionais da equipe de saúde, ainda desenvolvem o cuidado de forma fragmentada.  Entretanto, essa unidade de saúde está demonstrando como uma gestão responsável pode provocar mudanças como: o oferecimento de um tratamento mais adequado ao usuário; adequação da equipe de saúde para o atendimento da população; fortalecimento do dispositivo de matriciamento e, o mais importante, a criação de vínculo com o usuário. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A experiência ainda está sendo vivenciada, no entanto já é perceptível que a proposta está apresentando bons resultados. Porém, não exclui-se a necessidade de questionamento do serviço. Neste sentido, socializar a iniciativa e a assistência que está sendo prestada, promove o desenvolvimento da mesma, contribuindo para modificações que proporcionem maior participação ativa do usuário na construção do seu próprio Projeto Terapêutico. Dessa forma, atribuímos ao usuário o papel de protagonista do seu cuidado e gestor do seu autocuidado, capacitando-o para discussões que objetivem a  autonomia do sujeito.

Palavras-chave


saúde mental; enfermagem; matriciamento; atenção básica

Referências


Brasil. Ministério da saúde. Cadernos 34 de atenção básica sobre saúde mental. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.