Anais do 12º Congresso Internacional da Rede Unida
Suplemento Revista Saúde em Redes ISSN 2446-4813 v.2 n.1, Suplemento, 2016
Conscientização de profissionais de saúde da atenção básica sobre a dor e suas dimensões: uma ação educativa
Christiane Barbosa, Rogério Gavassa Ornella, Paulo César Carvalho, Aline Figueira Fidelis, Lucimeire Fátima Laurindo
Última alteração: 2015-10-30
Resumo
APRESENTAÇÃO: No estudo dos sinais e sintomas das doenças, a dor é um dos sintomas mais presentes. Especialmente a dor crônica, quando vivenciada, torna-se uma experiência muito triste para o paciente e seus familiares. Isso se justifica, pois com a cronicidade, há a persistência da dor, que tem uma influência decisiva na deterioração da qualidade de vida e na atitude negativa perante a doença. O alívio da dor quer do doente, quer daqueles que com ele convivem, é uma exigência absoluta, e determina uma prioridade de ação dos profissionais de saúde. O profissional passa a ser o gestor da dor do outro, as suas ações compreendem a detecção, a avaliação e a intervenção nesse fenômeno. É fundamental saber o quanto os profissionais de saúde, que lidam com essa questão no dia a dia, estão conscientizados sobre esse problema. O suporte aos profissionais representa um novo desafio para o nosso sistema de saúde e para enfrentá-lo é necessário conhecer as bases do problema. Para elucidação dessa questão, o objetivo desse estudo foi conhecer o nível de conscientização de profissionais de saúde de uma equipe de saúde da família sobre a dor e suas implicações. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Além do método qualitativo, este estudo foi desenvolvido com delineamento transversal e é descritivo do tipo exploratório. As questões éticas foram respeitadas, conforme Resolução do Conselho Nacional de Saúde nº 466/2012. Para compreender a conscientização dos profissionais de saúde sobre a avaliação e o manejo da dor, foi desenvolvida uma prática reflexiva norteada pelo arco da problematização de Maguerez. O arco da problematização segue cinco etapas: observação da realidade, pontos-chave, teorização, hipóteses de solução e aplicação à realidade. Entretanto, foram utilizadas para esta prática somente as quatro primeiras etapas. A amostra foi composta por 9 profissionais de saúde de duas equipes de saúde da família que atuam na Estratégia Saúde da Família e no Programa Melhor em Casa. O desenvolvimento desta prática foi realizado na unidade de saúde na qual as equipes estão locadas, no município de Araraquara, interior de São Paulo, durante um período de 2 meses. A prática educativa foi organizada em 8 encontros semanais, de duas horas cada. Num primeiro momento educativo, realizou-se a observação da realidade, para saber o que os profissionais de saúde conhcem sobre o tema. Num segundo momento, houve um resgate do momento anterior e a identificação dos pontos-chave que deveriam ser trabalhados nesta prática. Num terceiro momento, foi realizada a teorização para elucidamento dos pontos-chave. Num quarto e último momento, realizou-se uma reflexão sobre a prática educativa além da proposta de hipóteses de solução para os problemas encontrados. A coleta e registro das informações foram efetuados através de diários de campo, que foram lidos e reescritos no dia seguinte ao da atividade, para que as idéias não se perdessem, e fosse mantida a fidelidade dos acontecimentos. RESULTADOS: Para realização do primeiro momento, que visava a observação da realidade, foi necessário apenas um encontro. Neste dia, os profissionais participaram de uma dinâmica para que houvesse uma descontração e o maior engajamento na temática em questão, dor. Após a dinâmica, os profissionais foram convidados a refletir e expor para o grupo o que sabiam sobre o tema em questão. Entre as frases ditas, algumas se destacaram como: “...é difícil a gente tratar a dor...” deve perguntar para o paciente como é a dor, usar a escala de carinhas, que a dor é o quinto sinal vital e devemos lembrar que a dor pode ser ligada à morte nós precisamos de outros profissionais para cuidar melhor da dor que é preciso estabelecer vínculos com a família e mostrar que a gente se importa com a dor. Este momento foi muito importante para resgatar o conhecimento dos profissionais, mas mostra que tal conhecimento sobre o tema é muito superficial e limita as ações de saúde que poderiam ser desenvolvidas para minimizar os problemas relacionados à dor dos pacientes e o estresse dos familiares. O segundo momento ocorreu em um único encontro. Neste encontro, foi retomada a discussão do encontro anterior com a categorização de pontos chave que precisariam ser melhor elucidados sobre a temática. Os profissionais decidiram que deveriam saber mais sobre os conceitos de dor e como se dá a dor física e a dor psíquica. Também decidiram que deveriam saber quais as melhores formas de avaliação da dor e as formas de tratamento existentes, inclusive as formas não convencionais. O terceiro momento ocorreu em cinco encontros de duas horas cada. Este foi um período de teorização, no qual foram discutidos com o grupo os conceitos mais atuais sobre o tema. Por se tratar de equipes multiprofissionais, pois havia enfermeiros, fisioterapeutas, médicos, técnicos de enfermagem e psicólogos, este foi um período muito rico na construção de conhecimentos sobre o manejo da dor em todas as suas nuances. Os profissionais avaliaram que tinham pouco conhecimento sobre o tema, sabiam só o superficial e o que era restrito às suas formações, sem conhecer o que os demais profissionais poderiam fazer a respeito. O quarto momento ocorreu em um único encontro. Foi desenvolvida uma prática reflexiva e os profissionais disseram que a participação neste processo foi muito importante para eles. Foi possível perceber que esta prática trouxe contribuições no desempenho das ações de saúde que visam minimizar a dor e o seu impacto para os pacientes e seus familiares. Os profissionais propuseram a construção de um instrumento para avaliação da dor dos pacientes em cuidados domiciliares e outro para avaliar o impacto da dor crônica na vida dos familiares e cuidadores, a fim de sistematizarem suas ações e aumentar a confiabilidade no trabalho da equipe. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Como desenvolvimento deste estudo, foi possível compreender a conscientização dos profissionais quanto às questões relacionadas ao manejo da dor em pacientes atendidos na atenção básica. O arco da problematização utilizado nesta prática privilegiou a ação dos profissionais, tornado-os protagonistas do processo educativo e favorecendo uma aumento da conscientização sobre o problema. Os profissionais ficaram motivados a continuar estudando sobre o assunto e agregar novos processos de trabalho para sistematizar a assistência em saúde dos pacientes que sentem dor.
Palavras-chave
Dor; educação profissional; educação continuada
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