Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
SAÚDE NA ESCOLA: HÁBITOS ALIMENTARES ENTRE ADOLESCENTES DO ENSINO FUNDAMENTAL NUMA ESCOLA EM SANTARÉM- PA
ANDRÉA LEITE DE ALENCAR, Aragonês da Silva Franco, Gabriela de Cássia Oliveira dos Santos, Samilla Calderaro Gato, Elciene Sousa Sá, Simone Aguiar da Silva Figueira, sheyla Mara Silva Oliveira

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


APRESENTAÇÃO: A obesidade se apresenta contemporaneamente como o mal do século XXI, principalmente entre a população adolescente que ainda está construindo seu hábito alimentar que poderá segui-lo pelo resto da vida. Desta forma este estudo visa averiguar como os adolescentes matriculados na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio São Felipe alimenta-se, estabelecendo parâmetros com outros estudos para identificar se em ambos a prática alimentar é feita de forma adequada, se não, quantos estão desconformes, de acordo com os padrões da Organização Mundial de Saúde - OMS. O período que corresponde à adolescência é cercado de grandes transformações. O Ministério da Saúde e Organização Mundial de Saúde cronologicamente caracterizam de 10 a 19 anos a adolescência. Logo, a adolescência é quando ocorrem transformações hormonais e comportamentais (biopsicossociais). Diferente da puberdade que está relacionada na porção biológica e medida por hormônios (1;2). Os hábitos nutricionais se transformam rapidamente especialmente entre adolescentes, pois a mídia os constrói e os substitui ao estimular o consumo de produtos não saudáveis e que são expostos apenas como saborosos. Assim é comum que alimentos e bebidas, com alta taxa de processamento, com valores nutricionais questionáveis, porém de elevado valor energético, com grandes quantidades de gordura, açúcar, colesterol e sal sejam largamente consumidos (3). É crescente o número de jovens que substituem habitualmente uma refeição e satisfazem seu apetite com lanches, correndo o risco de ocasionar sério equilíbrio dietético. Devido a estes fatores, é de fundamental importância acompanhar o que os adolescentes ingerem em sua dieta diária. O objetivo deste estudo foi verificar os hábitos alimentares em adolescentes da escola São Felipe para compreensão de uma dieta específica, identificando se há falha, para uma eventual intervenção neste modelo alimentar para a manutenção da homeostasia nutricional destes jovens. DESENVOVIMENTO: O estudo foi feito no ano de 2013, com participantes do 6º e 7º ano do ensino fundamental, da Escola São Felipe, localizada no bairro da Matinha em Santarém, Pará. O modelo adotado de pesquisa segue o Método da Problematização, baseado na teoria do Arco de Maguerez, que visa o ideal de práxis: aprender fazendo. O Arco passa por cinco etapas bem definidas, são elas: observação da realidade (problema), os acadêmicos efetuaram uma visita à escola, observando sua estrutura e comportamento dos participantes para elaborar a intervenção. Pontos chaves foram recolhidos dados numéricos e descritivos sobre a infraestrutura e conhecimento dos alunos. Teorização, pesquisa bibliográfica sobre o tema. Hipóteses de solução, elaborada a forma de recolher as informações para a intervenção e métodos para informar os estudantes, por última aplicação à realidade (prática), quando os graduandos efetuaram o formulário com palestra (4). A escolha da faixa etária deveu-se exclusivamente ao assunto, série e horário disponível para a realização da ação. A população estudada foram alunos de 6° e 7° ano do período matutino, matriculados no ensino fundamental da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio São Felipe, localizada no bairro da Matinha, Santarém-Pará. Sendo a faixa etária de 12 a 15 anos, a coleta de dados foi realizada nos meses de setembro à outubro de 2013. Foi realizado inquérito alimentar com o público alvo, através da aplicação de um formulário, que consiste em material de autoria dos pesquisadores, adaptado de outro estudo (5). O formulário foi composto de perguntas acerca dos hábitos alimentares, bem como altura e peso para o cálculo de Índice de Massa Corporal - IMC. Realizou-se também uma intervenção que se caracterizou por uma palestra sobre alimentação. Foi desenhada uma pirâmide dividida em base, centro e o cume, onde não se descreveu a divisão entre carboidratos, água, proteínas, vitaminas, sais minerais e lipídios. Em seguida se perguntou quais os alimentos que deveriam estar na base, no centro e no cume da pirâmide, este modelo pedagógico em saúde coletiva, foi inspirado na idéia da pedagogia das representações sociais, na qual o público constrói o conhecimento e o educador só orienta com seu conhecimento científico se é válido ou não a afirmação do público. Sendo os materiais utilizados um quadro branco e pincel atômico, para a dinâmica. Na qual foi orientado o que é um nutriente, sua importância para o organismo, o que seu excesso e sua carência podem alterar no corpo, quais as suas fontes e a dieta adequado para faixa etária e oferecido um lanche baseado em frutas saudáveis para estimular a ingesta dos nutrientes comentados na palestra. RESULTADOS: Verificou-se que a maioria (67,9%; 19/28) pertencia ao sexo feminino, com idades predominantes de 13 anos 52,6 % (10/19), 14 anos para masculino 44,4% (4/9). Todos os participantes afirmaram que fazem desjejum regularmente, nestes estão inclusos alimentos líquidos e sólidos respectivamente. Observou-se o consumo acentuado de café com leite, 78,5% (22/28) e pão/biscoito com margarina 39,3% (11/28) fonte rica em lipídios, lactose, amido e cálcio fundamentais para estruturação óssea muscular e intelectual, devido ao gasto intenso de energia pelo cérebro (6). Durante o almoço e o jantar foram constatados que o consumo de proteína está em excesso em alimentos como o feijão e carne 82,1% (23/28), que pode causar a osteoporose (6), energéticos a base de carboidratos, como arroz 67,8% (19/28), energéticos extras como refrigerantes 67,9% (19/28). Para acompanhar cada refeição, os participantes declararam consumir refrigerante, com uma taxa expressiva da população masculina 77,2% (7/9) e feminino 63,2% (12/19).  Nesta pesquisa verificou-se que a alimentação dos adolescentes está escassa em frutas 0% (0/28) e sucos 7,3% (2/28), ocasionando a falta de vitamina E, vitamina A, vitamina C e fósforo, que por consequência retarda o desenvolvimento. Isto reforça que os participantes abusam de fontes de carboidratos extras, como refrigerantes que contém alta taxa de açúcar e sódio, que no futuro pode vir a serem fontes diretas de problemas relacionados à obesidade, hipertensão arterial e diabetes (7). Em um estudo efetuado pela Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) 2008-2009(8), observou-se em seus dados que o excesso de peso na adolescência aumenta em todo o Brasil. Diferente do que se esperava para este público, seguindo os dados obtidos pelo POF, os participantes da pesquisa não apresentavam taxas de obesidade, foi observada à desnutrição por parte dos adolescentes 10,7% (3/28), porém a maioria está dentro dos padrões 80,3% (25/28), contudo uma possível explicação para tal resultado, seja a o consumo rico em fontes de proteínas leves, como peixes e aves. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Em virtude do que foi mencionado, é imprescindível que os adolescentes se conscientizem que a construção de bons hábitos alimentares é de suma importância para se ter uma vida saudável. Dessa forma, é necessário que profissionais da área da saúde ajudem a enfatizar aos adolescentes, as vantagens que uma nutrição adequada pode trazer tanto para o presente, quanto para o futuro. Este estudo pode colabora para uma possível intervenção na alimentação dos participantes e ajudar em futuras pesquisas com temas semelhantes.

Palavras-chave


saúde na escola; alimentação; adolescentes

Referências


1 CRUZ, F. M. M.; SAUTE. L.; BURIGO. L. A. Z.; GEAF. M. E.;O Adolescente no Ambulatório: uma visão atual. Rev. Med. Santa Casa.;Sine Loco, 1992. p.773 – 9.

2 FERREIRA. J. P.; Pediatria: Diagnósticos e Tratamento.; 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005. cap. 39, p. 373

3 DAMIANI, D.; CARVALHO, D.P.; OLIVEIRA R.G.Obesidade na infância: um grande desafio. PediatriaModerna, v.36, n.8, p.489-523, ago.2000.

4 BERBEL, N. A. N. Conhecer e Intervir: o desafio da metodologia problematização. Semina: Londrina, Editora UEL. 2001

5 GARBADELLA,A. M. D.;FRUTOSO,M. F. P.;FRANCH,C. Prática Alimentar de Adolescentes. Revista de Nutrição. Campinas -SP, v.12. 1999.

6 VITOLO, M. R.; Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rubio. Rio de Janeiro. 4. re.part.V. p. 267 – 309. 2008.

7 VEIGA, G. V; COSTA, R. S; ARAÙJO, M.C; SOUZA, A. M; BIZERRA, I. N; BARBOSA, F. S; SICHIERI, R; PEREIRA, R. A Inadequação de consumo de nutrientes entre adolescentes brasileiros. RevistaSaúdePública, 2013. Edição 47. p. 212-221. 20

8 IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares – 2008-2009: Antropometria de crianças, adolescentes e adultos. Rio de Janeiro: IBGE; 2010.