Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AURORA MATERNA: A PARTILHA DE EXPERIÊNCIAS E SABERES POR MEIO DA RODA DE CONVERSA
Stephany Anastacia Serpa Alarcon, Eunice Delgado Cameron, Marilia Silveira de Mello, Thays Luana da Cruz, Cristiana de Souza Ferreira Rondon, Natália Sales Sidrins, Luciana Virgínia de Paula e Silva Santana, Aline Amorim da Silveira

Última alteração: 2015-11-11

Resumo


APRESENTAÇÃO: Vivida de forma única e singular, tanto pela gestante quanto pelos amigos e familiares que a cercam, a gestação é uma fase que apresenta a necessidade de diversos ajustes organizacionais nos âmbitos da vida diária para o enfrentamento das mudanças decorrentes da gravidez. Nesse processo, determinados fatores podem influenciar na evolução da gestação como a história de vida pregressa, desejo ou não da gravidez, contexto social, emocional, assistencial e econômico, como também características da gestação a que cada mulher está exposta (VIDO, 2006). Não só no período gestacional, mas também no puerpério, período que sucede o parto, as mudanças envolvem todo o contexto da mulher, seja profissional, pessoal ou dos papéis da vivência, com repercussões nos aspectos biológicos, fisiológicos e psicológicos (PEDROSA, 2013). Desta forma, o ciclo gravídico-puerperal se trata de um momento onde é comum o surgimento de dúvidas sobre diversas questões que envolvem o corpo da mulher, sua saúde e a do bebê (PEGORARO et. al., 2010). A proposta da roda de conversa vem como um meio de esclarecimento destas dúvidas, bem como forma de preparação para as mudanças consequentes do período gravídico-puerperal. Ela propõe um estímulo a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da troca de informações e da reflexão para a ação, sendo uma forma de construir espaços de partilha, confronto de ideias e entendimento baseado na liberdade de diálogo entre os participantes, se afirmando como uma alternativa importante para ampliar o grau de corresponsabilidade das ações na produção de saúde. Na roda, todos os participantes são desafiados a interagiram no processo, tendo o direito de usar a fala para expressar suas ideias e emitir opiniões (NUNES; BRANDÃO; VILARINHO, 2015). Portanto, esta ação educativa apresenta relevância por proporcionar interação social mediante a contribuição e a criatividade de cada um dos envolvidos na experiência. A diversidade de saberes que a roda proporciona é uma riqueza compartilhada, todos detêm experiências diferentes e são parceiros no esforço de aprender e construir conhecimento. Durante as rodas ocorre a discussão dos temas ligados ao ciclo gravídico-puerperal e a cada encontro as pessoas contam um pouco de sua história. OBJETIVOS: Oferecer, em espaço informal, um momento de partilha e troca de experiências entre o grupo, difundindo discussão sobre os temas abordados, criando um contexto de diálogo e promovendo reflexão. Bem como, ampliar os vínculos da gestante/puérpera com acompanhantes e profissionais. E ainda, articular técnicas/estratégias com uma postura pedagógica crítico-transformadora, que viabilizaria a dinâmica do grupo, oferecendo as condições para a construção de uma consciência de grupo indispensável à construção de novas posturas diante da vida. MÉTODO DO ESTUDO: Trata-se de um relato de experiência e reflexão teórica, de Residentes de Enfermagem Obstétrica, baseado em estudo bibliográfico e em análise da vivência em campo de prática, acerca da aplicação da roda de conversa, denominada Aurora Materna, entre gestantes, puérperas e acompanhantes como proporcionador de experiências e saberes. O início das atividades ocorreu na primeira semana de setembro de 2015, em um hospital escola da cidade de Campo – Grande. O projeto consiste em encontros semanais efetuados nas quartas-feiras, devido a presença das gestantes portadoras de Diabetes Gestacional, que realizam acompanhamento na instituição. O grupo apresenta em média 20 participantes e o tema inicial da roda de conversa tratou da importância da presença do acompanhante em todo o ciclo gravídico-puerperal, sendo que os encontros subsequentes tiveram seus temas de acordo com a solicitação dos participantes. Ao todo foram realizados 7 encontros, tendo entre os temas abordados: analgesia de parto, técnicas não farmacológicas para alívio de dor, posições de parto, DST, utensílios necessários para mala da maternidade, cuidados com o RN e primeiros socorros para RN. No grupo foram demonstradas e aplicadas técnicas referentes ao assunto da roda, que foram reproduzidas pelos participantes, como por exemplo, as posições de parto, os exercícios para alívio da dor e as manobras para desengasgar RN. Esta ação visa não somente a promoção de conhecimento como a aproximação entre equipe e os usuários do serviço, através do esclarecimento de dúvidas e transmissão de informações. RESULTADOS: O espaço livre e informal da roda de conversa permite que, a partir dos temas abordados, os participantes sintam-se confortáveis para tirar dúvidas, quebrar mitos e tabus a respeito do trabalho de parto, descobrir questões relacionadas à gestação, parto, amamentação e cuidados com o bebê, que fazem extrema a diferença no momento do parto e nos cuidados no puerpério e com o RN. Desta forma, a roda de conversa serve como meio de preparação para os acontecimentos que envolvem o período gravídico-puerperal (trabalho de parto, parto, puerpério, cuidados com RN), tanto para mulher quanto para o acompanhante de sua escolha. Neste sentido, atinge-se o objetivo de empoderar as mulheres, e seus acompanhantes, no que diz respeito à gestação e ao parto, devolvendo este último às mulheres e às famílias, conscientizando-os e lhes garantindo a autonomia para fazer suas escolhas e decisões. Além disso, a roda de conversa também serve como terapia, uma vez que, o compartilhamento de sentimentos e experiências, com pessoas que possuem realidades e vivenciam situações semelhantes, contribui para o fortalecimento das decisões e escolhas, bem como diminui a ansiedade e medo diante dos acontecimentos previstos, como o parto. No momento em que escutam histórias bem-sucedidas de gestação, parto e amamentação, as mulheres e seus acompanhantes se fortalecem e assim podem defender com mais segurança suas escolhas, sem se deixar influenciar pelo ambiente social em que vivem ou mesmo pela opinião de profissionais pouco qualificados. Dentre seus benefícios, nota-se que efetivação da ação da roda de conversa possibilita interação entre equipe, as gestantes, as puérperas e os acompanhantes. Portanto, devido a seus resultados positivos, percebeu-se a necessidade de tornar esta atividade permanente, pois a informação é fundamental para a autonomia do cuidado em saúde, em especial no trabalho de parto e puerpério. Sugere-se então, a manutenção destas atividades e a inclusão de profissionais de outras áreas, para que contribuam para ação com conhecimentos e opiniões distintas. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A roda de conversa é uma experiência que está atingindo os objetivos propostos, aumentando a interatividade e vínculo das gestantes, puérperas e acompanhantes com os profissionais da equipe de enfermagem: técnicas, enfermeiras e residentes. A reunião de grupo proporcionou um espaço de escuta e interação que, muitas vezes, não é possível pela grande demanda de serviços e atendimentos do setor da maternidade. Além disso, a abordagem dinâmica/interativa adotada possibilitou a valorização do conhecimento das mulheres sobre o período vivenciado, permitindo que opinassem e sugerissem temas de sua necessidade e interesse. Assim, foi possível esclarecer dúvidas, bem como, fornecer o empoderamento dos participantes da roda, lhe garantindo mais segurança e autonomia, principalmente em momentos de decisões e escolhas.

Palavras-chave


roda de conversa; gestantes; puérperas

Referências


PEGORARO, V. A.; RIBEIRO, M. S.; FUZA, R. L.; ABREU, S. C. Roda de conversa para gestantes: educação em saúde com criatividade e dinamismo. Enfermagem Brasil, v.9, n.5, p.310-15, set./out. 2010.

PORTELINHA, C. Sexualidade durante a gravidez. Coimbra: Quarteto, 2003.

VIDO, M. B. Qualidade de vida na gravidez. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). São Paulo, Guarulhos: Programa de Pós- Graduação em Enfermagem/Universidade de Guarulhos, 2006.

VILARINHO, M. L. C.M.; MACHADO, T. M. G.; CARVALHO, P. I. N.; BRANDÃO, S. A. S. M. A roda de conversa como ferramenta de planejamento de ações: relato de experiência.  Revista Eletrônica de Gestão & Saúde ISSN, v. 6, n.1, p. 751-61, mar. 2015.