Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Hanseníase: apontamentos indutores e promotores de cuidado à saúde na atenção básica
Eliziê Pereira Pinheiro, Ádyla Barbosa Lucas, Diana Suely Arraes Freire, Osmar Arruda da Ponte Neto, Rayane Alves Lacerda, Viviane Oliveira Mendes Cavalcante, Euclidia Selênia Pereira Teixeira

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


INTRODUÇÃO: A hanseníase é uma patologia causada pelo MycobacteriumLeprae que atinge alguns sistemas do corpo humano como o nervoso periférico e alguns órgãos como a pele, dentre outros. Pode apresentar-se na forma paucibacilar, contagiosa e multibacilar, não contagiosa, sendo as vias aéreas o principal canal de transmissão. OBJETIVO: Descrever a experiência de profissionais da Estratégia Saúde da Família, no mapeamento precoce e cuidado com pacientes acometidos pela hanseníase. METODOLOGIA: Trata-se de um relato de experiência, com abordagem qualitativa, realizado no Centro de Saúde da Família (CSF) Herbert de Sousa, localizado no bairro Padre Palhano, no município de Sobral-Ceará. Os participantes do estudo foram residentes multiprofissionais em saúde da família e profissionais do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), juntamente com a equipe mínima do CSF, composta por: terapeuta ocupacional, enfermeiros, assistente social, nutricionistas, fisioterapeutas, fonoaudiólogo, profissional de educação física, psicólogo, farmacêutico, médicos e agentes comunitários de saúde, além do envolvimento da população que reside no bairro em questão e usuários do CSF. Considerando a importância da Educação Permanente (EP) em Saúde, foram realizados momentos de atualização sobre a temática, utilizando o espaço da roda de gestão com os trabalhadores, que acontece semanalmente, para aprofundamento sobre causa, diagnósticos, medicação, profilaxia dentre outros, objetivando sanar dúvidas, aprimorar saberes e práticas. Para identificação de pacientes acometidos por esta doença potencializou-se espaços de atendimento individual, grupos de salas de espera, rodas de quarteirão com a comunidade, grupo de autocuidado, busca ativa, visitas domiciliares, panfletagem, ações educativas descentralizadas do CSF, como intervenções em estações do metrô e apresentação teatral feita pelas Agentes Comunitárias de Saúde (ACS) do CSF em grupo de práticas corporais da comunidade. RESULTADOS: Todas as ações realizadas em prol da Hanseníase aconteceram da seguinte forma, primeiro momento: de EP com os profissionais do CSF, foi utilizado um jogo de tabuleiro para abordar a temática da Hanseníase. Os profissionais foram divididos em duas equipes e foi escolhido um representante para iniciar o jogo, o qual iniciou com o lançamento de um dado sinalizando a casa que o profissional teria que avançar. O tabuleiro continha 35 casas e em cada uma delas havia uma pergunta referente à temática, sendo: verdadeiro ou falso, escolher a alternativa correta, entre outros, de forma que tanto os profissionais de nível médio quanto superior compreendessem o assunto. O momento culminou com o envolvimento de toda a equipe com a temática, proporcionando trocas de experiências, conhecimentos, esclarecimento de dúvidas e aprofundamento do conteúdo, possibilitando aos profissionais, identificar possíveis casos de Hanseníase, assim como adotar as condutas corretas em relação à patologia. Segundo momento: durante os momentos de espera dos pacientes, foram realizadas atividades de integração com informações sobre Bacilo de Hansen, alertando a comunidade quanto ao surgimento de manchas pelo corpo, com rarefação de pelos e alteração da sensibilidade, além disso, foram distribuídos panfletos informativos. Foi observado durante esta atividade que a comunidade possuía um significativo conhecimento prévio sobre a doença, pelo fato do município e bairro onde residem serem hiperendêmicos. Ao final desta atividade, três usuários procuraram atendimento com os profissionais do CSF e após exames e avaliações, foram diagnosticados com Hanseníase e encaminhados para tratamento. Terceiro momento: Foram realizadas rodas de quarteirão que é uma abordagem coletiva em alguma área crítica do território. Participaram alguns moradores de uma rua onde existem duas pessoas em tratamento de Hanseníase e consequentemente vários contatos. Neste momento foi notada a preocupação dos moradores daquela área quanto à transmissão da doença e identificado um novo caso. Quarto momento: no grupo de autocuidado são dadas orientações sobre prevenção de incapacidades e sequelas decorrentes da Hanseníase, sendo público alvo desta abordagem tanto pacientes que estão em tratamento quanto os que já finalizaram a poliquimioterapia. Quinto momento: Em um passeio de metrô com um grupo de mulheres, foram realizadas distribuições de panfletos para todos os passageiros, contendo informações sobre a doença. Algumas pessoas desconheciam, outras já tinham determinada familiaridade com o assunto. Sexto momento: apresentação teatral feita pelas ACS, esta ocorreu no grupo de práticas corporais, que acontece as terças e quintas-feiras, na quadra do bairro. A temática foi abordada de forma lúdica e artística, com cenas que simulavam o comportamento da patologia em uma pessoa, elucidando sinais e sintomas, bem como tratamento. Sétimo momento: visitas domiciliares, busca ativa e atendimentos individuais foram realizados para acompanhamento dos casos existentes no bairro, no intuito de ofertar um maior aporte aos pacientes de Hanseníase. Percebeu-se que lidar com algumas doenças como a hanseníase, ainda é um desafio para o Sistema Único de Saúde (SUS. Ao observar este fenômeno, neste cenário sociocultural, observamos que muitos profissionais de saúde necessitam de um aporte técnico-pedagógico para produzir uma assertiva nos diagnósticos de casos positivos e estabelecer uma linha contínua de cuidados àqueles com sequelas de ordens diversas. Constataram-se dúvidas substanciais sobre a doença, modos distintos de observá-la e carência na flexibilidade dos profissionais e tempo para oferecer as condutas terapêuticas indicadas. Apreendeu-se que as doenças a cuidar são muitas, desde as infectocontagiosas, às crônico-degenerativas. Sabe-se que a atenção é concedida de modo mais intenso a algumas doenças, por existirem programas instituídos, ou por estarem em um indicador específico de saúde. Além disso, considerou-se essencial a ampliação dos espaços de identificação da doença, e inventiva de métodos de coproduzir e promover saúde, atuando extramuros, pois, em alguns cenários de prática, a demanda não acessa os ambulatórios, que formalmente estão estruturados para este fim. No entanto é importante que profissionais de saúde tenham acesso a estes usuários que estão no território e desconhecem a doença, ou até mesmo seu diagnóstico, sendo um potencial disseminador. Com esse escopo de ações programáticas foi possível diagnosticar casos de hanseníase, outrora desconhecidos, bem como compreender o itinerário terapêutico de muitos usuários e estabelecer uma linha de cuidados de acordo com suas necessidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A efetivação das ações de educação permanente em saúde para os profissionais, e de educação em saúde, para usuários, encorajando o empoderamento e autonomia, são de suma importância, não somente para atender aos acometidos pela doença, mas também para garantir assistência integral e longitudinal assegurando a notificação de novos casos e terapêutica efetiva aos já antevistos na atenção primária em saúde.  

Palavras-chave


Educação Permanente; Hanseníase; Residência Multiprofissional