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BASES IDEOLÓGICAS DA CONSTRUÇÃO DO VER-SUS SERGIPE
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
Este trabalho pretende refletir a construção ideológica do VER-SUS Sergipe 2015/1. A realização do VER-SUS na cidade de Aracaju foi vista como fundamental para a articulação de atores sociais comprometidos com a defesa da Reforma Sanitária Brasileira pensou o histórico de reorganização dos serviços de saúde da capital na década passada em que a cobertura da ESF foi bastante ampliada e a rede de urgência local foi utilizada como modelo para a formulação da rede nacional, além de pensar o trabalho e a moradia como condicionantes sociais em saúde a serem discutidos com apoio dos movimentos sociais. Os principais atores foram o movimento estudantil da saúde, bastante enfraquecido nos últimos anos pela falta de projeto estratégico de transformação da sociedade, pelo distanciamento de sua base social pela não priorização do debate da formação profissional e pulverizado em seus cursos com articulações unitárias, pontuais e insuficientes. Para a construção deste estágio de vivência, tornou-se possível a articulação de estudantes de diversas áreas da saúde como Medicina, Enfermagem, Terapia Ocupacional, Biomedicina, Farmácia, Fonoaudiologia e Fisioterapia. A formação em saúde, em sua maioria se dá em uma perspectiva biologicista, hospitalocêntrica, voltada para os interesses do mercado, médico-centrada, que promove poucos momentos discussão multi/transdiciplinar e metodologias de aprendizagem pouco participativas e reflexivas, apesar dos avanços institucionais como as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os Cursos da área Saúde em 2001, VER-SUS, PRÓ-SAÚDE e o PET-SAÚDE. Além do movimento estudantil, torna-se necessário nessa construção a articulação com movimentos sociais e trabalhadores da área da saúde que compactuam com a ideia da saúde como um direito e de que é preciso uma mudança no fazer saúde no SUS. Na relação entre estudantes, trabalhadores e movimentos sociais, rompe-se a barreira corporativista, trazendo uma visão do mundo da saúde, com suas potencialidades e dificuldades (SANTORUM et al. 2011). Com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o Movimento Organizado dos Trabalhadores Urbanos (MOTU) o debate do trabalho e da moradia como condicionantes de saúde tornou possível uma reflexão acerca da Determinação Social do Processo Saúde-Doença por meio da vivência em áreas de Reforma Agrária e em ocupações urbanas, em que a luta pela terra e pelo direito à moradia se configuram uma discussão fundamental para a formação de profissionais da saúde mais críticos e comprometidos com a transformação social. A Comissão Organizadora desejou estreitar relação com movimentos sociais, possibilitando uma reflexão acerca do que existe enquanto política pública e as questões que precisam ser aprimoradas na rede de saúde, configurando um impacto positivo na reflexão dos gestores sobre a condição de saúde do município, através de outros atores pelas indagações e debates suscitados as vivências. Para os movimentos sociais é uma oportunidade de inserir suas ideias nas discussões em saúde. Para a gestão, ter um grupo de jovens profissionais de saúde em formação refletindo a realidade da qual se aproximam, contribui de forma direta para repensar os planos e ações em saúde desenvolvidas no município.
Palavras-chave
Formação profissional; Saúde; Reforma Sanitária Brasileira
Referências
SANTORUM, J. A.; CESTARI, M. E. A educação popular na práxis da formação para o SUS. Trab. Educ. Saúde, v. 9, n. 2, p. 223- 240, 2011.