Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A importância da alteridade no coletivo do trabalho: uma experiencia de educação permanente
BRUNA PEDROSO CANEVER, PAULO FERNANDO CAPUCCI, POLLYANNA MAYARA CÂMARA, ANA HONORATO

Última alteração: 2015-11-12

Resumo


APRESENTAÇÃO: Tendo como premissa a reestruturação de prática de saúde e a qualidade dos serviços oferecidos torna-se preeminente a releitura dos modelos de educação em saúde promovidos pela Educação Continuada e Educação Permanente, preconizados pelo SUS, que desencadeie nos modelos de gestão e de postura profissional mais eficiente e humanística. Assim, a proposta de modelo pedagógico para gestão da Organização Social de Saúde Associação Saúde da Família (ASF) – Sul traz como movimento inicial envolver a equipe gerencial, abarcando apoiadores locais e regionais, supervisores técnicos e coordenador, para que num processo encadeado, se reflita nas demais práticas de desenvolvimento gerencial do território. O desafio é integrá-los quanto um grupo envolvido e coeso, à frente para experimentar um modelo onde todos contribuem para mobilizar as competências desejadas, intelectuais, emocionais, pessoais e comunicacionais, com capacidade em impactar na atenção em saúde e gestão do cuidado. O objetivo deste relato é apresentar a experiência de um encontro afetivo entre a equipe técnica da ASF-Sul, englobando gerentes das áreas, apoiadores locais e regionais, supervisores técnicos, coordenador regional. DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO: Pautado num diagnóstico realizado nas Unidades de Saúde, a equipe gerencial da ASF-Sul sinaliza para uma proposta de um desenvolvimento gerencial participativo, onde a identificação, sistematização das demandas e das propostas de solução, são apresentadas nos Grupos Técnicos (GT), compostos com os gerentes dos equipamentos de Saúde. Para este fim, a equipe de Educação Permanente elaborou o “I Encontro de Educação Permanente para a Equipe Gerencial” para afinar as relações interpessoais e a metodologia aplicada pelos apoiadores com vistas a facilitar a atuação dos GT. Visando criar um ambiente propício à reflexão e um “olhar” para si mesmo como indivíduo e como educador, cujos valores e vivências dão sentido às relações, foi preparada a sala de acolhimento do grupo, ambientada com a temática “I have a dream” numa alusão aos 52 anos do discurso do ativista Martin Luther King, uma vez que o “I Encontro de Educação Permanente para a Equipe Gerencial” ocorreu no dia 28 de agosto, mesma data do discurso ocorrido em 1963. A sala teve o intuito de sensibilizar à equipe sobre os valores e expectativas-sonhos que cada um tem e que ecoam nos anseios coletivos, como o que foi vivenciado na manifestação presidida por Martin Luther King em seu discurso pronunciado nas escadarias do Monumento à Lincoln. Imagens e frases sobre o discurso foram dispostas na sala para apreciação da equipe com espaço para reflexões e disponibilidades de trocas. Em continuidade, todos os participantes se dispuseram em círculo na sala e foi apresentado um vídeo introdutório de comédia, cuja temática retrata o ambiente de trabalho com as funções de chefia e subordinado, abordando falhas de comunicação provenientes do discurso ininteligível do chefe, em nada compreendido pelo interlocutor. O intuito desta apresentação consiste em aplacar um pouco a tensão ou expectativas do grupo, desconstruindo os conceitos de hierarquia, trazendo todos para uma posição mais horizontal e confortável para trabalhar e dialogar entre pares. A exibição do vídeo proporcionou a descontração e várias risadas do grupo, encorajando o espaço para as interpretações e depoimentos de situações similares vivenciadas. Desdobrando a conexão entre a importância da comunicação qualificada e a prática dos valores que almejamos para as transformações em saúde, nesta atividade, a Educação Permanente, concretizou com as interações espontâneas dos participantes, a análise crítica da realidade e entraves na gestão, visando uma atuação mais participativa e problematizadora. Em seguida, durante a aplicação da ‘Dinâmica da Teia’, foi explicado ao grupo, como, para a composição da “teia”, a participação compete a todos os presentes, com a utilização de um rolo de barbante. A primeira pessoa segura o rolo, direcionada pela temática – “Quais dos principais entraves/desafios enfrentados na relação de trabalho do dia-a-dia?” se pronuncia, e arremessa o barbante ao próximo parceiro de sua escolha, segurando a ponta. E assim segue a dinâmica até o último participante. Na apreciação pelo grupo, sobre a formação da “teia”, compete adentrar na discussão de como todos os entrelinhamentos do barbante simbolizam e exemplificam os nós críticos vivenciados no trabalho, de como estão relacionadas e encadeadas algumas questões trazidas à tona e que consequentemente a solução advém do grupo, do coletivo. É imprescindível ressaltar como o diálogo e a Metodologia da Problematização apontam para um caminho de referência que permitem o desenvolvimento da habilidade gerencial para tomada de decisões de gestão mais acertadas.  As hipóteses de solução são apresentadas então coletivamente, de forma espontânea e o grupo decide se aquela proposta satisfaz para que o barbante retorne seu caminho de desfazimento da teia. Um a um dos desafios e problemas explicitados são confrontados com propostas de solução e segue-se o movimento até que a linha volte ao início da trajetória. Com o desmanchar do “desenho” da problemática, o grupo obtém um aprendizado intuitivo da importância acerca da participação colaborativa, com base numa compreensão multidimensional. No decurso do encontro, o grupo é direcionado a outro momento, cuja proposta é que a equipe evolua na prática da Metodologia da Problematização para a condução dos Grupos Técnicos, a serem formados junto aos gerentes dos equipamentos de Saúde dos territórios. Se o desempenho dos GT está relacionado à habilitada facilitação dos apoiadores locais e regionais, supervisores técnicos e coordenador é apresentado o exercício seguindo o Método do Arco, como ferramenta de qualidade de gestão, os casos da ouvidoria. A atividade seguiu o passo a passo do método, mas de forma intuitiva, para posteriormente ser apresentada a metodologia como base teórica. RESULTADOS E/OU IMPACTOS:O I Encontro de Formação em Educação Permanente para a Equipe Gerencial apresentou-se como um dia intenso em atividades e imersão, onde aspectos como empatia, tolerância e afeto foram evidenciados em várias oportunidades de interação e relações dos profissionais ao longo do período, com vistas a alcançar o aprimoramento da co-responsabilização e cogestão do serviço. Alguns depoimentos e conversas em pares ressaltaram como espaços em educação permanente promovem o aprender: a comunicar-se, a resolver conflitos, colaborar no desenvolvimento gerencial, e finalmente na mudança da práxis. Auxiliar e facilitar os GT como ferramenta de gestão participativa, proporciona ao indivíduo a ressignificação de sua atuação e seu papel dentro dos processos de trabalho. Cada etapa prevista pelo “Método do Arco” norteou a construção do conhecimento em equipe, confrontando a realidade com as diversas vivências e conhecimento dos profissionais, de forma construtivista. Este exercício proporciona a inovação na forma de interpretar ou de avaliar a realidade apresentada. Com isso, espera-se que haja uma transformação ao buscar as soluções participativas no enfrentamento dos problemas gerenciais do território. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Durante a realização deste encontro, assumindo o compromisso em buscar o conhecimento e colaboração dos diferentes profissionais envolvidos, considera-se alcançado o objetivo esperado em iniciar o exercício de desenvolvimento gerencial pautado no equilíbrio entre a flexibilidade e a organização (onde há hierarquia, normas, maior rigidez) dos processos de trabalho, que reflete no investimento de um modelo participativo, voltado à melhoria da oferta de serviço de saúde. 

Palavras-chave


Educação Permanente; Alteridade; Problematização