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Este estudo traz uma análise da produção do cuidado na atenção especializada (AE) a partir das afecções produzidas por um caso traçador, Thep. Um debate sobre o cuidado enquanto objeto do campo da saúde, produzido no encontro vivo em ato, focado nas tecnologias leves é o eixo transversal da introdução. O estudo acontece em um Centro de Especialidades (CE) e tem como dispositivo metodológico um caso traçador. Os resultados foram obtidos por meio de entrevistas em profundidade com diferentes atores. A análise é apresentada em cinco Atos. No primeiro é feita uma abordagem sobre a trajetória de Thep pelo CE e demais serviços. Também são debatidas características do CE como: o foco nas tecnologias leve duras e duras, a fragmentação e o cuidado centrado nos diferentes núcleos profissionais e não no usuário. O segundo Ato discute a produção moderna/contemporânea do sofrimento humano e das doenças, a construção do trabalho médico, a valorização social das especialidades, bem como os interesses corporativos incidindo no arranjo das práticas. Debate também a subjetividade capitalística e a biopolítica como produtoras de concepções de saúde e doença, necessidades e problemas, operando sobre os modos de viver, organização do processo de trabalho e dos serviços. O terceiro Ato discute as relações de poder entre gestores, trabalhadores e o usuário, os tensionamentos na disputa dos diferentes projetos e a intervenção de Thep colocando atores e processos em análise. O quarto apresenta o caso traçador como dispositivo de interrogação das redes de (des) cuidado em saúde. No último, a AE é colocada em análise, dando visibilidade as relações centradas nos saberes profissionais, a invisibilidade do usuário e a organização apenas para produção de consultas, exames e procedimentos são evidenciadas. Os resultados mostraram que a concentração de recursos especializados em um único equipamento, descolado da rede de cuidados, é uma lógica que não responde às necessidades dos usuários e dá poucas respostas ao sistema. Enuncia a urgência de se reinventar a AE por meio de novos caminhos singulares, considerando que um lugar presidido pela racionalidade econômico financeira, produtor de filas de espera entre outras marcas é ineficaz. O cuidado pede novos arranjos com potência para responder às necessidades dos usuários como Thep, e o descuidado a que foi submetido.

Atenção Secundária à Saúde;Sistema Único de Saúde; Cuidado a Saúde