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O município de Vera Cruz/RS, norteado pelos princípios do SUS, implantou em 2009, o C-AME – Centro de Atendimento Municipal Especializado, com objetivo de atender a demanda infanto-juvenil do município. É um serviço intersetorial, mantido totalmente com recursos municipais, construído a partir da interface das Secretarias Municipais de Saúde, Educação e Desenvolvimento Social, composto por equipe multiprofissional e baseado num trabalho interdisciplinar, buscando a atenção integral da criança e do adolescente usuário do serviço. O trabalho é realizado de forma individual e/ou em grupo, dentro da ótica ambulatorial. Este trabalho aborda a participação do município no Projeto dos Percursos Formativos na RAPS: intercâmbio entre experiências e supervisão clínico-institucional, vinculado ao Ministério da Saúde, e da participação na Oficina de Capacitação que ocorreu no município, com os profissionais da Rede Preceptora, no caso o município de Coronel Fabriciano/MG. E, objetiva o relato da experiência dos profissionais da equipe do C-AME, que tiveram a oportunidade de refletir sobre sua metodologia de trabalho e conhecer outras formas de atender a demanda. Desde sua implantação o C-AME vem sofrendo por não conseguir atender a demanda crescente de casos que vão desde dificuldades emocionais, dificuldades de aprendizagem, distúrbios da linguagem, dependência de crack, álcool e outras drogas, até transtornos do espectro autista. A equipe estava muito preocupada com a demanda crescente encaminhada ao serviço e, com isso, a dificuldade de atender os casos mais graves e agudos. Além disso, também havia a preocupação com a qualidade e resolutividade do trabalho desenvolvido, bem como a manutenção em manter o objetivo inicial do serviço, da atenção integral ao usuário. Como efeito decorrente desta experiência, apresentou-se para Secretária Municipal de Educação e Coordenação Pedagógica da SMED uma proposta de reuniões de Matriciamento em escolas de educação infantil e de ensino fundamental municipais, com objetivo de discussão dos casos nas escolas. Desde março essas reuniões vêm ocorrendo mensalmente e já se observa melhora nas relações entre os profissionais participantes e certa diminuição dos encaminhamentos. Além disso, quinzenalmente, também ocorre a Reunião Técnica, com objetivo de discutir casos comuns de serviços como CREAS, CRAS, CAPS I, C-AME, SMED, SMS e Conselho Tutelar, com representantes de profissionais desses serviços. Nesse espaço percebe-se uma maior aproximação dos profissionais, as discussões e acompanhamentos dos casos são mais efetivos. Mensalmente o C-AME é responsável pela organização do Fórum Municipal da Criança e do Adolescente, espaço aberto à participação de serviços e pessoas que trabalham ou tem interesse em discutir situações que envolvem a infância e a adolescência. Assim, consideramos que a partir dessa experiência de intercâmbio entre profissionais, a equipe do C-AME pôde modificar sua metodologia de trabalho, construindo relações de co-responsabilidade com os colegas e equipes, compartilhando propostas de intervenção que entrelaçam o social, o pedagógico e o terapêutico na rede de atenção psicossocial infantojuvenil do município.

Educação Permanente; Infantojuvenil; RAPS