Tamanho da fonte:
ÁRVORE DO CONHECIMENTO: UMA METODOLOGIA COMO PRÁTICA DE INTERVENÇÃO AO ENFRENTAMENTO DO USO DE DROGAS COM ADOLESCENTES DO MEIO RURAL
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
INTRODUÇÃO: O tema central desse trabalho foi o consumo de drogas na adolescência. Atualmente, estudos do Ministério da Saúde indicam que em nossa sociedade o período da adolescência e juventude é vulnerável às experiências relacionadas à irresponsabilidade, desordem e às noções de crise. Estas são algumas das características que podem emergir durante a juventude e mereceriam atenção pública, devendo ser tratadas como um problema social a ser compreendido e solucionado; e um dos fatores de riscos deste momento poderia estar associado ao uso de drogas. É de extrema importância, que as práticas educativas, voltadas à promoção de saúde, sejam baseadas não somente na universalidade do sujeito como ser individual, mas confirmem a visão de um homem plural, respeitando as diversidades e diferenças. Durante a adolescência pode ocorrer situações de vulnerabilidade que incitem o uso de drogas, pois é um período caracterizado por dúvidas, conflitos, mudanças e descobertas; que podem ocorrer devido às influências sociais, culturais e ambientais que os adolescentes estão expostos. Perante o exposto, torna-se necessário a abordagem da temática: drogas na adolescência. Possibilitando a identificação das fragilidades relacionadas às questões de riscos e desta forma buscando o enfrentamento dessas vulnerabilidades. Nessa perspectiva, desenvolveu-se uma prática de intervenção que teve por objetivo conhecer a concepção dos adolescentes do meio rural sobre as drogas e as implicações de seu uso na juventude, bem como sensibilizar estes adolescentes para o enfrentamento dessa problemática, através da Dinâmica Criativo Sensível (DCS). OBJETIVO: este relato tem por objetivo apresentar a experiência da prática da DCS na abordagem da temática o uso de drogas em uma escola do meio rural no município de Chapecó – SC. DESENVOLVIMENTO: para o desenvolvimento dessa prática, foi realizada a intervenção no dia 05 de maio de 2015, no período matutino, com duração de 2 horas, na Escola Básica Municipal (EBM) Alípio José da Rosa, localizada na zona rural do Município de Chapecó – SC, com os adolescentes do oitavo ano do ensino fundamental da escola. A turma era composta por 21 alunos, com idade de 13 a 16 anos. A metodologia utilizada foi uma dinâmica do método criativo sensível, chamada árvore do conhecimento. A DCS árvore do conhecimento foi desenvolvida seguindo cinco etapas. No primeiro momento iniciou-se com a “quebra gelo” para que os adolescentes se sentissem acolhidos, realizando a apresentação das pesquisadoras, explicando de que forma aconteceria à dinâmica e o que se esperava com ela, orientando que estaríamos conversando a respeito do que eles conheciam sobre as drogas. No segundo momento foram organizados e dispostos os materiais utilizados na dinâmica, como: tesoura, cola, papel pardo, tiras de papel coloridas, canetas hidrocor de diversas cores. Foram organizados quatro grupos de alunos, e cada grupo colocou sobre o chão os materiais dispostos anteriormente para o desenho da árvore do conhecimento que deveria conter raiz, caule e copa bem definidos. Assim que todos os grupos terminaram o desenho da árvore, foi lançada a primeira questão geradora do debate: E as respostas foram coladas na copa da árvore. A próxima etapa, o terceiro momento, foram apresentadas e discutidas as produções artísticas elaboradas a partir da questão norteadora do debate e neste momento as palavras-chave registradas foram codificadas. O quarto momento correspondeu à descodificação, que durante a análise coletiva e grupal foram gerados os subtemas em que cada grupo apresentou e explicou sua árvore socializando suas discussões. No quinto momento, última etapa, realizou-se a validação dos dados de acordo com a síntese temática das produções e após os grupos realizarem estas discussões, foram realizadas intervenções frente às questões apresentadas pelos alunos, socializando todas as possibilidades de respostas dos grupos. A partir deste momento foi construída uma nova árvore da turma recodificando as informações coletadas dos pequenos grupos, englobando todos os pontos destacados nas outras quatro árvores. RESULTADOS: os resultados dessa intervenção possibilitou verificar as concepções que os adolescentes trouxeram a respeito da temática em estudo. Foram destacadas a partir das questões geradoras o que vocês reconhecem como riscos relacionados ao uso de drogas? As palavras-chave foram escritas nas tiras de papel e coladas na raiz das árvores. Posteriormente, a próxima pergunta foi: o que vocês reconhecem como tipo de droga? E foi solicitado que as palavras-chave fossem coladas no caule da árvore de cada grupo. Após, foi feita a terceira pergunta: quais são as formas de enfrentar o uso de drogas que vocês reconhecem? E os adolescentes trouxeram na raiz da árvore as palavras-chave relacionadas à dependência, doenças e morte No caule da árvore foram identificadas tanto drogas ilícitas como cocaína, maconha, narguilé, crack, heroína, êxtase, inalantes, lança perfume, LCD, anabolizantes, quanto drogas lícitas como cigarro, álcool e remédios, evidenciando a consciência de um rol de drogas ampliado. As respostas dos adolescentes referente a copa da árvore evidenciam uma grande ênfase para a reabilitação, trazendo palavras como médicos, tratamentos, internação, reconhecer o problema e palavras ligadas ao apoio das pessoas como família, amigos, conselhos, solidariedade, carinho, apoio, boas amizades, amor, atenção, compreensão, união e fé. A sensibilização dos adolescentes foi identificada através da árvore do conhecimento quando os mesmos apontaram diversos fatores que contribuem para o enfrentamento das vulnerabilidades do uso de drogas, bem como a partir da socialização em que os adolescentes apresentaram as árvores, destacando palavras-chave relacionadas à rede de assistência profissional e a rede afeto como possibilidades de enfrentamento. Ao final foi desenvolvida uma atividade de avaliação, para verificar a efetividade da intervenção. CONSIDERAÇÕES FINAIS: considera-se que os objetivos foram atingidos, pois durante o processo da construção da árvore os adolescentes discutiram, refletiram, interagiram e apresentaram as suas concepções frente à problemática. A metodologia escolhida apresentou-se satisfatória e mostrou eficiência na identificação do conhecimento dos adolescentes sobre a temática das drogas. A qualidade das respostas e o nível de participação dos jovens nas discussões demonstraram que a dinâmica árvore do conhecimento foi relevante para esse grupo de estudantes. Acredita-se deste modo que atividades como a aqui descrita, são facilitadoras nas práticas de prevenção ao uso de drogas, aliadas a outras técnicas de sensibilização dessa problemática. Com a realização da atividade de avaliação foi possível verificar que os alunos gostaram e adquiriram conhecimento sobre o assunto e sugeriram que mais atividades como esta fossem realizadas na escola.
Palavras-chave
Adolescente; Droga; Metodologia ativa.