Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Integrando práticas de saúde: o SUS e os saberes populares
Lina Gonçalves Lopes, Eduardo Wengrat, Gabriela Thais Silva, Leonardo Campos, Angela Haiduk, Thais Rodrigues dos Santos, Cristiane Mehl

Última alteração: 2015-10-31

Resumo


O Coletivo InspiraSUS ao construir sua proposta do VER-SUS (estágio de vivência na realidade do SUS) no interior do Estado do Paraná busca compreender a dinâmica do Sistema Único de Saúde, bem como os fazeres em saúde dos povos tradicionais (quilombolas, faxinalenses, agroecologistas, assentados e benzedeiras), propondo um diálogo entre os saberes científicos e populares, inclusive com a participação de integrantes das comunidades tradicionais na vivência. Essa proposta está em consonância com a característica a nossa localidade, visto a expressividade do campo e da agricultura familiar na região centro-oeste do Paraná. Partindo disso, esse debate sustenta-se pela luta a inclusão dos saberes populares nos planejamentos e práticas de saúde, uma vez que o atual modelo de atendimento no SUS não contempla os conhecimentos das comunidades tradicionais da região. Conservando um modelo curativo de cuidado fragmentado, biomédico e uso abusivo de fármacos, beirando à patologização e mercantilização da saúde e da vida. Em contraposição a este modelo, percebemos as práticas dos povos tradicionais, os quais tiveram contato durante as vivências, que se utiliza de ervas medicinais e prezam por práticas preventivas, com vista à concepção de saúde ampliada, que inicia pelo cuidado com a terra e a alimentação livre de agrotóxicos, somados a um conjunto de práticas que incluem cuidados provindos das benzedeiras, curandeiras, técnicas holísticas, uso de chás e ervas medicinais entre outras, promovendo saúde de uma forma abrangente. O conjunto de políticas desenvolvidas com o apoio dos diversos movimentos sociais tem fornecido brechas que, lentamente, tem dado espaço para as diferentes práticas alternativas dentro dos dispositivos de cuidado. Porém, sabemos que isso vai contra os interesses de grandes indústrias e corporações que lucram com a doença, ao mesmo passo que existe uma disputa de saberes, a exemplo o Ato Médico.  Sendo assim, valorizamos os conhecimentos populares passados de geração em geração, que atualmente e vagarosamente, vem sendo incorporados no SUS através do Plano Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS (2006) e da Politica Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (2011), construídas com a participação dos movimentos sociais ligados a terra. Compreendemos assim, que a universidade e o saber científico têm um compromisso histórico com a valorização e legitimação dos saberes tradicionais, para que tanto a cultura dos povos, quanto o seu compromisso com a saúde de sua população não se dissolvam pelo acesso a praticas já legitimadas. Pensando a universidade, enquanto uma instituição que deve corroborar com o desenvolvimento da saúde pública, seja na área tecnológica ou humana, percebeu-se déficit muito grande no curriculum dos estudantes de saúde, além da graduação extremamente conteudista e distanciada da prática. Logo, o VER-SUS é uma ferramenta de formação e educação permanente para os futuros profissionais de saúde, atuando de forma interdisciplinar e incorporando políticas complementares, como os saberes populares, nas práticas de cuidado centradas no indivíduo e que o compreenda de forma integral e equitativa.

Palavras-chave


Saúde; Saber Popular; VER-SUS Interior Paraná;

Referências


Disponível em:http://www.saude.rj.gov.br/docman/gestao-estrategica-e-participativa/publicacoes/gt-campo-e-floresta/7512-politica-nacional-saude-da-populacao-do-campo-floresta/file.html