Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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CONTRIBUIÇÕES DA VIVÊNCIA-ESTÁGIO NA REALIDADE DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE PARA A FORMAÇÃO ACADÊMICA DE ENFERMAGEM
DANIELA DE OLIVEIRA SOARES, AUDREY MOURA MOTA GERONIMO, LINEY MARIA ARAUJO

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


A descentralização político-administrativa, a universalização, a participação social, a Política Nacional de Humanização e de Atenção Básica, além do Pacto de Gestão somado às novas demandas do SUS culminaram na necessidade de rever a formação dos profissionais de saúde, resultando nas Novas Diretrizes Curriculares (NDC) para a área da saúde. Esse novo perfil exigia que fossem generalistas, humanistas, críticos e reflexivos, capacitados para intervir sobre problemas prevalentes no epidemiológico dos níveis local, regional e nacional, focado na responsabilidade social e comprometido com a cidadania. O desenvolvimento de habilidades, como comunicação, liderança, tomada de decisões e administração/gerenciamento, são competências promovidas pelo futuro profissional o enfermeiro, tanto na formação como no decorrer de todo o processo de educação permanente como respostas às demandas da vida profissional, cotidianamente. Relato de experiência sobre a vivência-estágio da realidade da rede de assistência à saúde do SUS em municípios do interior do Mato Grosso e sua contribuição na formação acadêmica. Trata-se de estudo descritivo, transversal, realizado a partir dos relatórios diários produzidos. As vivências ocorreram no período de 15 a 21 de Setembro de 2013, nas cidades de Araputanga e Pontes e Lacerda, com equipes de acadêmicos de variados cursos superiores. As visitas foram realizadas em todas as unidades relacionadas à rede do SUS dos municípios, oportunizando o desenvolvimento de potencialidades individuais e aprofundamentos outrora teóricos. Partindo das inúmeras críticas lançadas à gestão do SUS, a vivência in loco permite solidificar as teorias trabalhadas na academia, possibilitando o desenvolvimento de um senso crítico voltando tanto para as demandas dos usuários, quanto para as limitações dos profissionais de saúde e as prioridades elencadas pelos gestores municipais. A vivência-estágio possibilitou o exercício das competências que passaram a ser parte do cotidiano do enfermeiro, especialmente a comunicação e liderança, explicitando os desafios enfrentados no que se refere às decisões administrativas e de gerenciamento. Em sendo equipes multiprofissional, permitiu uma intensa troca de experiências, garantindo que os saberes acadêmicos fossem confrontados com a realidade, na prática. Já que cabe ao enfermeiro grande parte da gestão das unidades que compõe o sistema, conhecer a realidade em contraponto à teoria garante uma visão mais completa e concreta. Vivenciar o VER-SUS em diferentes unidades de saúde e identificar o enfermeiro como o principal executor dessas ações, contribuiu de maneira ímpar na formação do futuro profissional, provocando discussões sobre as realidades observadas, trazendo para os envolvidos uma autorreflexão no que tange os aspectos científicos, técnicos, éticos, moral e políticos, além de interdisciplinar, intersetorial. Contribui sobremaneira no desafio de atender às NDC instituídas, viabilizando o aprofundamento de um olhar comprometido com o social e com a cidadania que lhe cabe. Essa experiência de aprendizagem se tornou potente no momento em que os movimentos sociais trouxeram para o campo pedagógico sua bagagem empírica, explicitadas nas vivências e nas práticas diárias. Indiscutivelmente, compor a equipe do VER-SUS ainda que como acadêmicas, nos fez ser e pensar como profissionais, contribuindo para a desconstrução de críticas infundadas ao SUS, que muitas vezes corroborávamos de forma imposta pelo inconsciente coletivo.

Palavras-chave


VER-SUS; Enfermagem; formação acadêmica.

Referências


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