Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Dimensionamento da força de trabalho em saúde: descobrindo a leveza na norma e as suas implicações no mundo do trabalho
Lívia Cristina Bandeira Ramos, Ângelo D'Agostini Junior, Maria Luiza Fonseca do Valle, Lisiane Boer Possa, Andre Luiz Rodrigues Silva, Gustavo Hoff, Larissa Diogenes, Carla Novara Monclar

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


Este trabalho se fundamenta nas reflexões de uma pesquisa em execução no âmbito do Ministério da Saúde desenvolvida pelo Departamento de Gestão e Regulação do Trabalho em Saúde. Ao longo do seu desenvolvimento e em contato com diversos trabalhadores e gestores do SUS, a pesquisa indica possibilidades de novos olhares para o dimensionamento enquanto dispositivo de gestão potente e potencializador do engajamento dos trabalhadores e gestores no processo de planejamento em saúde. Essa perspectiva partiu de uma experiência oriunda de uma parceria entre Ministério da Saúde e municípios que vinham desenvolvendo o dimensionamento nos contextos locais de trabalho. O dimensionamento no cotidiano de trabalho da gestão local  tem sido abordado como um dispositivo de gestão que instrumentaliza a análise sistemática sobre o cenário da força de trabalho, considerando a capacidade existente e a necessária, identificando discrepâncias e construindo estratégias para um planejamento mais aproximado das necessidades dos trabalhadores, da população e do sistema de saúde. A análise das experiências  indicou que a forma que o processo de dimensionamento da força de trabalho assume está estreitamente relacionada a modelos tecnoassistenciais vigentes, se delineando a partir de processos mais ou menos criativos, centrados nas relações ou mais presos à lógica das normatividades. As diferentes possibilidades de delineamentos tecnológicos no processo de dimensionamento indicam questões importantes relacionadas à incorporação tecnológica, processos decisórios, distribuição assistencial, relação entre profissionais e a conformação de equipes, lógica que orienta o cuidado e o sentido atribuído ao ato de cuidar. A partir dessas reflexões, assume-se neste trabalho a importância da técnica, no entanto, propõe-se a perspectiva do dimensionamento centrado no trabalho vivo em ato envolvido e implicado no processo cotidiano de trabalho. Considera a dimensão subjetiva envolvida no trabalho em saúde, modos particulares de se relacionar com outro na produção de atos de cuidado e o campo de forças, que se tencionam manifestando interesse (também contraditórios) nas formas de se pensar/fazer o trabalho em saúde. Tais tensões se atualizam nas formas que o dimensionamento se concretiza no cotidiano de trabalho e acrescentam importantes implicações no âmbito da negociação do trabalho e construção coletiva do planejamento. Assim, o dimensionamento é proposto neste estudo como um instrumento de organização que centrado nas tecnologias leves e inserido no cotidiano do trabalho em saúde considera o trabalho coletivo, democratização das relações e a concepção de equipe de saúde como eixos centrais. Há a proposição do dimensionamento como dispositivo de gestão que esteja implicado em um processo centrado no movimento relacional, de diálogos e negociação coletiva, potencializando a inventividade e processos criativos dos trabalhadores na organização do trabalho.  

Palavras-chave


Dimensionamento da força de trabalho; Gestão do Trabalho