Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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VER-SUS SAÚDE DO CAMPO: ENCONTROS E AFETOS NA CONSTRUÇÃO COLETIVA DO SABER
Rebeca Araújo Vasconcelos, Karl Marx da Nóbrega Cabral

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


APRESENTAÇÃO: O programa Vivência em Estágios na Realidade do Sistema Único de Saúde (VER-SUS) é uma proposta do Ministério da Saúde em parceria com outras organizações que possibilita aos participantes (graduandos, residentes ou integrantes de movimentos sociais) a inserção num contexto para aprendizagem em serviços de saúde e organizações sociais, tendo como objetivo o estímulo ao desenvolvimento de processos de luta de trabalhadores, estabelecendo compromisso com a ética e a política para a saúde da população. A vivência estrutura-se com atividades de imersão teórica, prática e vivencial, com disponibilidade total do vivente para a participação nos espaços propostos em período integral. Possui duração de sete a quinze dias, em que os participantes estarão reunidos, dialogando e trocando saberes sobre as problemáticas observadas durante sua concretização. Os participantes assumem papéis variados: viventes, facilitadores e comissão organizadora.   METODOLOGIA: O VER-SUS Saúde do Campo constituiu proposta inovadora, visto que atrelado ao primeiro programa nacional de Residência Multiprofissional em Saúde da Família com enfoque no Campo. Ocorreu no período de 03 a 12 de agosto de 2015 no Centro de Formação Paulo Freire do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), localizado na zona rural de Caruaru/PE, numa construção coletiva com membros do movimento. Viabilizou aos viventes, oriundos de diferentes programas de residência, a imersão na realidade de assentamentos e comunidades rurais que apresentam limitações de acesso aos serviços de saúde, bem como a direitos fundamentais, como água, saneamento, transporte, educação, entre outros. A estruturação desta vivência contemplou a seguinte divisão por eixos: Estado e Sociedade; Saúde do Campo; Atenção Primária à Saúde e Promoção à Saúde; Rede e Integralidade em Saúde; Trabalho em Saúde e Educação Permanente; Questão Agrária; Mobilização e Participação Social. Cada um desses eixos contou com uma vivência prática, ora precedida por uma discussão teórica, ora seguida por uma problematização e contextualização da realidade vivenciada. As metodologias utilizadas constituíram-se de rodas de conversa; discussões em pequenos grupos; contribuição de convidados; leitura de textos; material audiovisual; dinâmicas participativas; visita a serviços de saúde, cooperativas, grupos de trabalhadores terceirizados da indústria têxtil, assentamentos e comunidades.   Resultados: A formação prévia dos sujeitos participantes contribuiu ricamente com o processo de análise e situação das realidades vivenciadas, e a participação de militantes do MST foi determinante para o atingimento do debate sobre a importância dos movimentos sociais nos processos de luta por trabalho, educação, moradia, entre outros determinantes sociais fundamentais à construção da concepção de saúde. O encontro dos residentes de variados programas permitiu trocas de saberes, experiências e afetividades, tão importantes no processo de formação dos trabalhadores de saúde.   Considerações Finais: O VER-SUS configura-se enquanto estratégia importante para a formação de estudantes e trabalhadores em saúde, na medida em que integra elementos ideológicos, políticos e éticos, a partir da realidade vivenciada no cotidiano de trabalhadores e usuários, buscando o protagonismo necessário dos diferentes sujeitos para a construção contínua do Sistema Único de Saúde.

Palavras-chave


VIVÊNCIA, SAÚDE, CAMPO, MOVIMENTOS SOCIAIS