Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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VISÃO MULTIDIMENSIONAL SOBRE SEXUALIDADE DO IDOSO
Odair Queiroz Holanda, ROSANA ALVES DE MELO, AMANDA KARLA ALVES GOMES E SILVA, JOHNATAN DANTAS OLIVEIRA FREITAS, FLÁVIA EMÍLIA CAVALCANTE VALENÇA FERNANDES

Última alteração: 2015-11-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: O envelhecimento no Brasil é um fenômeno que têm repercutido bastante nos últimos anos, principalmente com o aumento da expectativa de vida brasileira. Porém, ainda hoje os idosos sofrem com a discriminação, no qual existe a concepção retrógada de que a terceira idade é sinônimo de doença e invalidez (ALMEIDA; LOURENÇO, 2007). Quando se pensa em sexualidade na velhice vêm à tona mitos e tabus estereotipados pela sociedade, resultando na ideia de que os idosos são pessoas assexuadas. Nesse sentido, a sexualidade do idoso, parte da compreensão de que ela deve ser considerada na sua totalidade, deste modo, sendo vista no seu sentido holístico. Portanto, não apenas como um fator biológico, como também por aspectos sociais, psicológicos e culturais. Diante disso, o aumento crescente da população idosa traz consigo novos desafios e necessidades que visam à promoção e melhora significativa da qualidade de vida, também considerando a sexualidade como parte importante (ALENCAR et al., 2014). Embora a sexualidade e o envelhecimento sejam vistos de forma distante. Ela faz parte do cotidiano e das relações interpessoais dos seres humanos ao longo de todas as fases da vida, estando presente desde o nascimento até a morte, uma vez que, as funções sexuais permanecem de forma continuada, mesmo na terceira idade, devendo ser preservada e respeitada (BASTOS et al., 2012). Desta forma, a construção dos aspectos levantados nesse estudo poderá contribuir para melhorar os fatores que envolvem a qualidade de vida na terceira idade, além disso, as informações trazidas são de fundamental importância para sociedade, em geral e para os profissionais de saúde, permitindo visualizar a sexualidade na velhice sob um novo olhar, o que trará benefícios mútuos. Diante do exposto, o objetivo desta produção consiste em compreender a sexualidade em seus aspectos sociais, psicológicos, biológicos, culturais e a influência destes sobre a qualidade de vida em idosos.       METODOLOGIA: Trata-se de revisão bibliográfica, com dados extraídos por meio da busca do banco de dados: Scientific Electronic Library Online (Scielo), Literatura Latino-Americana em Ciências da Saúde (LILACS). Também foi usado nessa revisão capítulo de livro. Ademais a busca enfatizou artigos publicados entre os anos de 2005 a 2015, com o idioma em português. Os descritores (DeCS) utilizados foram: sexualidade; idoso; qualidade de vida, doenças e envelhecimento, no qual foram delimitados 14 artigos.   RESULTADOS: A sexualidade vai além do ato sexual, sendo vivida sob diferentes formas de expressão, podendo ser desde a ternura ao contato físico, como a troca de olhares e carinhos, desenvolvendo assim laços de amizade, compreensão, intimidade, prazer e confiança. Cada pessoa sente a sexualidade de uma forma única e peculiar, em qualquer fase da vida, possuindo uma dimensão que engloba outros valores. Assim, é necessária a estimulação e discussão sobre o assunto, pois um idoso com conhecimento e informação sobre suas limitações e a respeito da sua sexualidade, poderá manter uma atividade sexual satisfatória (FRUGOLI et al., 2011; VIANA et al., 2010). O processo de envelhecimento leva a transformações físicas naturais a senescência, estando envolvidas nessa fase as mudanças anatômicas e funcionais (FERNANDES, 2009), o que acaba interferindo na prática sexual. Destacam-se também as mudanças hormonais, que afeta principalmente a fase reprodutiva da mulher, neste sentido essas alterações perturbam a vida sexual na terceira idade (BASTOS et al., 2012) No entanto, com os avanços na indústria farmacêutica a atividade sexual na terceira idade também aumentou, expondo essa população a risco de doenças sexualmente transmissíveis, destacando-se a AIDS. Estudos apontam que o aumento dos casos de doenças sexualmente transmissíveis no idoso também está relacionado à omissão desta problemática nas campanhas educativas de prevenção. Desta forma, o idoso acaba não sendo contemplado (LAROQUE et al., 2011). Outro aspecto importante no que diz respeito à sexualidade dos idosos, sendo uma questão pouco enfatizada, são os paradigmas formados referentes à autopercepção, vista de maneira errônea na qual a sociedade e o próprio idoso centram-se em determinadas atribuições da pessoa idosa como algo inadmissível, baseando-se em mitos, tabus, levando tal questionamento a uma prerrogativa da possibilidade da manifestação de que a sexualidade é algo restrito, somente aos mais jovens (VIANA et al., 2010). Formulado a partir da ideia que os idosos não são pessoas atraentes fisicamente, não tem interesse por sexo e que são incapazes de sentir algum desejo sexual, ao considerarem a velhice um estado de doença e de incapacidade, que impede os idosos de pensar e até mesmo de ter uma vida sexual ativa. Sendo essa perspectiva incorreta gerada pela ausência de informações esclarecedoras referente ao assunto (FRUGOLI et al., 2011). Reforçando esse ponto de vista, muitos idosos ficam envergonhados ao conversar sobre sua sexualidade por medo de serem mal interpretados em relação à sua moralidade, aceitando de forma pessimista a sua vida sexual, reflexo do preconceito construído durante as etapas da vida, de que a sexualidade está restrita ao sexo, embora muitos idosos considerarem importante manter a sexualidade deixando de praticá-la, relacionando a idade com a perda da virilidade sexual e a diminuição da libido sexual (BASTOS et al., 2012). A auto-imagem influencia significativamente na sexualidade da pessoa idosa. Quando o idoso percebe a mudança física em seu corpo devido à idade, isso acaba por prejudicá-lo tornando menos ativo sexualmente, de modo que são incapazes de sentir algum estímulo e diminuindo o interesse sexual (VIANA et al, 2010). Em relação aos profissionais de saúde, percebe-se a falta de informação, preparo e segurança no atendimento de idosos, em dúvidas e questões a respeito da sexualidade, além do constrangimento ao abordar os idosos. A equipe de saúde possui a responsabilidade de transmitir confiança, conhecimento e segurança ao discutir a sexualidade para que esse público alvo continue a manter hábitos sexuais que vão desde um afago, carinho, abraço, beijo, ao contato físico, proporcionando um novo sentido a sexualidade em idosos, esclarecendo as várias dimensões da sexualidade, orientando os cuidados que devem ser tomados para possibilitar a satisfação individual e coletiva (ALENCAR et al., 2014). Assim, mostramos que também na velhice as pessoas podem ser produtivas, o que permite “transformar também o idoso comum, rompendo com os obsoletos estereótipos os quais eles muitas vezes têm contato. Dessa forma, eles vão se sentir estimulados a também procurarem aperfeiçoar suas relações interpessoais” (ALMEIDA; LOURENÇO, 2007), proporcionando melhora na auto estima.   CONSIDERAÇÕES FINAIS: A sexualidade humana, principalmente no que engloba os idosos, é uma abordagem muito significativa e de grande relevância, porém muito pouco enfatizada pela própria sociedade, devido à maneira errônea de ver essa questão, considerando que é sempre atribuído ao idoso a imagem de um indivíduo incapaz e impossibilitado de vivenciar determinadas experiências. Ressaltamos que a própria sociedade tem o papel de auxiliar na quebra desses tabus e mitos, a fim de aperfeiçoar e desmistificar uma visão preconceituosa e que impede o bem estar do idoso. A oferta de estudos que abordem os diversos aspectos que interferem na sexualidade do idoso e a visão multidimensional dos fatores influenciáveis na qualidade de vida desses, deve ser foco de análise para uma avaliação crítico- reflexiva sobre essa temática, para que possamos favorecer as discussões sobre os diversos temas que englobam a vida e saúde da pessoa idoso e contribuir de forma positiva na quebra de paradigmas.

Palavras-chave


Sexualidade; Idoso; Envelhecimento

Referências


ALMEIDA, T; LOURENCO, M. L. Envelhecimento, amor e sexualidade: utopia ou realidade?. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol. [online]. 2007, vol.10, n.1, pp. 101-113. ISSN 1809-9823.

ALENCAR, D. L. et al.. Fatores que interferem na sexualidade de idosos: uma revisão integrativa. Ciênc. saúde coletiva, Recife, vol.19, n.8, 2014.

BASTOS, C. C. et al. Importância atribuída ao sexo por idosos do município de Porto Alegre e associação com a autopercepção de saúde e o sentimento de felicidade. Rev. bras. geriatr. gerontol. [online]. 2012, vol.15, n.1, pp. 87-95. ISSN 1809-9823.

FRUGOLI, A. et al. A sexualidade na terceira idade na percepção de um grupo de idosas e indicações para a educação sexual. Arq. Ciênc. Saúde Unipar, Umuarama, v. 15, n. 1, p. 85-93, jan./abr. 2011.

VIANA, H. B. et al. Sexualidade na velhice e qualidade de vida. Rev. Bras Qualidad Vida, Paraná, v.2, n.2, 2010.

FERNANDES, M. G. M. Problematizando o corpo e a sexualidade de mulheres idosas: o olhar de gênero e geração. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 jul/set; 17(3):418-22.

LAROQUE, M. F. et al. Sexualidade do idoso: comportamento para a prevenção de DST/AIDS. Rev. Gaúcha Enferm, Porto Alegre, vol.32, n.4, 2011.