Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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MOTIVOS RELACIONADOS AO ATRASO VACINAL EM CRIANÇAS COM IDADE MENOR OU IGUAL A UM ANO
Francisco Ariclene Oliveira, Francimirley Aprígio Pena, Emessandra Clementino da Silva, Aviner Muniz de Queiroz, Maria Ivanilza da Silva, Cristiana Ferreira da Silva, Denizielle de Jesus Moreira Moura

Última alteração: 2015-10-30

Resumo


APRESENTAÇÃO: Uma maneira muito eficaz de se prevenir contra diversas doenças é a vacina. Quando ocorre na primeira infância, há uma relevante ação de prevenção de doenças infectocontagiosas, doenças estas que podem levar ao óbito e a graves sequelas em crianças no Brasil e no mundo (PUGLIESI, TURA, ANDREAZZI, 2010). Trata-se de um procedimento altamente viável e com excelente custo-benefício, visto que o custo com a vacinação de doenças imunoprevencíveis é muito menor que o valor dispensado a indivíduos acometidos por tais enfermidades (FEITOZA, PEREIRA, LANNES, 2010). A taxa de mortalidade entre menores de um ano de idade no Brasil apresenta queda contínua, com uma redução de 59,7% no período de 1990 a 2007. Esse declínio é resultado do aumento da cobertura vacinal, da terapia de reidratação oral e da ampliação dos serviços de saúde como, por exemplo, o pré-natal. Porém, mesmo o Brasil sendo um dos países mais completos quando se trata de imunização, algumas doenças estão apresentando-se como reemergentes. Apesar da eficácia comprovada das vacinas na prevenção de doenças, o cotidiano de trabalho de uma das autoras do estudo em sala de imunização lhe fez perceber quão inúmeros são os casos de crianças com vacinas atrasadas. Diante disso, surgiu o seguinte questionamento: quais os motivos relacionados ao atraso vacinal em crianças com idade menor ou igual a um ano? OBJETIVOS: Nesse contexto, esse estudo objetiva identificar quais os motivos relacionados ao atraso vacinal em crianças com idade menor ou igual a um ano. Conhecer os motivos que levam ao atraso vacinal pode contribuir no planejamento de estratégias que minimizem tal situação com vistas a atingir e manter as coberturas vacinais em níveis altos e homogêneos com consequente redução de doenças e melhoria na saúde das crianças. METODOLOGIA: Foi realizada uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa. A amostra foi composta por 115 pais ou responsáveis por crianças com idade igual ou menor a 1 ano com vacinas em atraso atualmente ou em períodos anteriores, em consonância ao calendário ministerial. Os dados foram coletados com os pais/responsáveis dessas crianças que compareceram à sala de vacina de duas unidades básica de saúde da família no período da coleta de dados. A amostragem se deu por conveniência. Foram excluídos os pais ou responsáveis que, mesmo referindo atraso vacinal, não levaram cartão de vacina. Foi realizada observação não participante com registro em diário de campo. A coleta de dados ocorreu no período de janeiro a abril de 2015 em duas unidades básicas de saúde da família, localizadas na área urbana do município de Maracanaú/CE. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado um formulário estruturado elaborado pelas pesquisadoras, com perguntas relacionadas às características sociodemográficas, vacinas em atrasos e seus respectivos motivos. Após a coleta, os dados foram tabulados com o auxílio do programa Excel, com análise estatística univariada, apresentados em tabelas e analisados à luz da literatura sobre o assunto. Após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade Metropolitana de Fortaleza, com o número do parecer 922.270, os pais/responsáveis pelas crianças foram convidados a participar do estudo mediante a apresentação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Esclarecemos os objetivos, riscos e benefícios do estudo. Ressaltamos o anonimato dos participantes, a fidedignidade das informações e demais preceitos éticos conforme determina a resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. RESULTADOS: A maioria das crianças (66,9%) tinham idade entre 7 e 12 meses; e 58 (50,4%) eram do sexo masculino. De 38 (33%) crianças que tinham idade entre 1 e 6 meses, apenas 19 (16,5%) estavam em aleitamento materno exclusivo (AME) e a média de idade em que as demais interromperam foi de 3 meses. A maioria dos responsáveis pelas crianças eram adultos jovens, com idade entre 25 e 35 anos (52,1%); 58 (52,1%) eram casados; e 93 (80,8%) eram de cor/raça não branca. Observou-se uma baixa escolaridade, pois cerca de 31 (26,8%) tinham o ensino fundamental e médio incompletos. Sobre a ocupação, 59 (51,3%) participantes informaram que não tinham emprego formal e 76 (66%) tinham renda familiar entre 1 e 2 salários mínimo com média de R$1.182,00. Observou-se que as vacinas BCG e Hepatite B foram as que mais tiveram atrasos, uma com 66% e a outra com 65,2%, devido a maioria das crianças não terem recebido as vacinas ao nascer. A Pentavalente e a Pneumocócica mostraram um maior número de atrasos na primeira dose (48,6% e 33% respectivamente), com consequente atraso nas demais. A Meningocócica e Tríplice Viral, foram as vacinas que tiveram o menor percentual de atrasos, uma com 23 (20%) e a outra com 11 (9,5%) crianças em atraso. Entre as crianças com atraso vacinal, o motivo mais relatado foi a falta da vacina tanto nas maternidades, quanto nas unidades básicas de saúde, sendo que 143 atrasos foram referentes à BCG e Hepatite B e 59 referente às demais vacinas. A falta de conhecimento dos responsáveis pelas crianças e/ou orientação dos profissionais de saúde sobre as vacinas, acarretou o segundo maior motivo dos atrasos, seguindo de falta de tempo (82 motivos), esquecimento (62) e rotina da UBASF (14). CONSIDERAÇÕES FINAIS: O atraso vacinal das crianças menores de um ano deve ser acompanhado com bastante atenção, fazendo com que essas crianças recebam todas as doses, incluindo os reforços, para que assim estejam realmente imunizadas. Os dados obtidos no estudo demonstraram que é baixa a proporção das crianças com vacinas em dia, ao se considerarem as metas preconizadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Esses atrasos não devem ser somente relacionados aos responsáveis pelas crianças, nem tampouco apenas às equipes da saúde, deve ser uma responsabilidade de todos. Porém, para obtermos maior êxito na cobertura vacinal, cabe aos profissionais de saúde participarem mais ativamente na busca ativa de crianças em falta com a vacinação, através da revisão sistemática dos cartões, de uma maior efetividade nas visitas domiciliares e nas orientações necessárias para cada vacina. Os resultados encontrados nesta pesquisa visam contribuir no planejamento de intervenções a fim de modificar a cobertura vacinal das crianças. Sugerimos também que mais estudos sejam desenvolvidos sobre esta mesma temática, em diversos cenários e com outras faixas etárias.

Palavras-chave


Criança; Vacina; Calendário vacinal.

Referências


Pugliesi MV, Tura LFR, Andreazzi MFS. Mães e vaci­nação das crianças: estudo de representações sociais em serviço público de saúde. Rev Bras Saúde Matern Infant. 2010; 10(1): 75-84.

Feitoza ETM, Pereira TCEJ, Lannes LG. Condutas do enfermeiro nas situações de atraso vacinal em conformidade com o Programa Nacional de Imunização. Saúde Coletiva 2010; 45(7): 277-281.