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APRESENTAÇÃO: Apesar dos avanços científicos a úlcera por pressão (UPP) permanece como um desafio constante para os profissionais, instituições de saúde e para pacientes e familiares. A temática representa um sério problema de saúde pública que se agrava em toda a esfera assistencial, administrativa e social. Assim, a prevenção desta lesão requer intervenções integradas e sistematizadas, sem o divisor de funções, com o processo de gerenciamento de ações e resultados. O presente estudo teve por objetivo identificar os fatores facilitadores e dificultadores para a prevenção e tratamento da UPP junto a indivíduos hospitalizados, sob a ótica dos profissionais de enfermagem, atuantes nas unidades de internação de clínica médica e cirúrgica das três maiores instituições hospitalares públicas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul. Método do trabalho: Trata-se de um estudo transversal, no qual foram incluídos como participantes 31 enfermeiros, 112 técnicos de enfermagem e 54 auxiliares de enfermagem atuantes em três diferentes hospitais de grande, porte localizados no município de Campo Grande/MS. Os hospitais escolhidos caracterizam-se por possuírem equipe multiprofissional e por constituírem-se como hospitais de ensino, recebendo alunos de graduação e residentes das diferentes profissões da área da saúde A coleta de dados foi realizada nos próprios hospitais, para a qual foi elaborado um instrumento semi-estruturado autoaplicável, que passou por processo de validação por juízes e teste piloto anteriormente à sua aplicação. O instrumento continha questões abertas que investigaram as ações empregadas na assistência ao indivíduo com risco ou portador de UPP. Para tanto, buscou entre outras informações, investigar os elementos facilitadores e dificultadores para implementação da prevenção e tratamento do agravo. Para análise dos resultados, os conteúdos das respostas foram categorizados e agrupados por semelhança de significado e frequência de repetição das respostas e apresentados por estatística descritiva. RESULTADOS: Como resultado, 52,8% dos entrevistados não identificam qualquer elemento facilitador para a implementação das medidas de prevenção da UPP, demonstrando que esta condição é tida como um problema de difícil manejo na prática diária destes profissionais. Entre os profissionais que indicaram a existência de ao menos algum fator facilitador (42,7%), os mais citados foram o processo de trabalho (55,9%) e os recursos humanos (45,2%), ainda com menor frequência foram apontados outros fatores como: a atuação da residência multiprofissional, o acompanhamento diário do indivíduo hospitalizado, a atuação do serviço social, o uso de dispositivo de alívio de pressão (colchão de ar) e a presença de acompanhante/ familiar. Quanto aos elementos dificultadores para a prevenção das UPP, os mais nomeados foram a falta de material (70,7%), a sobrecarga de trabalho (54,7%), o processo de trabalho (22,0%) e os recursos humanos (19,3%). Outros fatores foram apresentados, como a ausência do cuidado integral, a assistência de enfermagem não sistematizada, a ausência de capacitação específica sobre o tema, a falta do fisioterapeuta, a desinformação do acompanhante e a inexistência do protocolo de prevenção da UPP. Vale ressaltar que alguns fatores foram espontaneamente citados pelos entrevistados tanto como fatores facilitadores quanto como elementos dificultadores como, por exemplo, o processo de trabalho e os recursos humanos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Quanto aos elementos facilitadores destacam-se as atividades prioritárias no processo de trabalho na enfermagem, com cuidado integral ao ser humano, articuladas as outras ações gerenciais, assim a como a soma de dois principais elementos que possam atuar diretamente nas realizações das ações de prevenção das UPP, tais como o profissional capacitado e a dedicação à assistência em seus preceitos éticos com a sistematização do cuidado. Isso nos faz refletir que as principais dificuldades na efetivação de tais medidas de prevenção ainda são: a escassez de profissionais e materiais, ausência de capacitação e a falta de apoio financeiro das instituições, somada a adoção de medidas isoladas de compreensão da dinâmica do trabalho distanciada da realidade dos trabalhadores, produzindo condições de trabalho inadequadas e precárias condições de assistência ao indivíduo usuário do sistema de saúde. Observou-se neste estudo, que a grande maioria dos profissionais que compõem as equipes de enfermagem identifica fatores que dificultam a prevenção da UPP em seu local de trabalho, demonstrando a necessidade de ações de educação permanente, bem como projetos terapêuticos compartilhados entre equipe multiprofissional, paciente e cuidadores/familiares. A assistência à saúde envolve a interação de conhecimentos, atitudes e práticas que devem envolver a equipe de profissionais, os gestores e os usuários, quando esta interação não acontece da forma desejada, corre-se o risco de transformar instituições cuidadoras em saúde (neste caso os hospitais) em ambientes nocivos e de alto risco para a ocorrência de eventos adversos. Os resultados aqui apresentados justificam o repensar da organização da atenção e da gestão da prevenção da UPP, considerando-se ser este um agravo passível de prevenção quando adotadas medidas adequadas, utilizando-se tecnologias leves e leve-duras.  Nesse sentido, a assistência de enfermagem desenvolve-se como um trabalho coletivo e em colaboração com outros profissionais e trabalhadores da saúde. As práticas colaborativas interdisciplinares podem contribuir para a redução dos efeitos adversos, o agir ético e um conhecimento instrumentalizado, garantindo a assistência com qualidade e o cuidado seguro ao indivíduo. Assim, para a gestão do cuidado devem ser efetivadas ações e estratégias de promoção da saúde, centradas na prevenção, detecção precoce e intervenção junto às pessoas em risco, isso exige um processo integrado e com comunicação eficaz entre todos os atores envolvidos  (equipe de saúde, administradores, instituições de ensino, pacientes e familiares), para discutir o impacto que a UPP causa na sociedade e priorizar a tomada de decisão a fim de reduzir o desenvolvimento desta condição.  A decisão quanto ao tipo do tratamento e orientações para prevenção da UPP demanda conhecimento e habilidades de todos os profissionais de saúde, que devem apoiar-se nas melhores evidências científicas disponíveis, considerando-se o dinâmico processo de produção de conhecimentos que são incorporados ou descartados quando não se demonstram mais resolutivos. Os avanços no conhecimento sobre a UPP têm permitido a integralidade da atenção, a busca pela autonomia do indivíduo que necessita do cuidado e a ênfase na qualidade da assistência. Cabe aos profissionais e instituições compreenderem que a UPP é uma condição que em grande parte das vezes, desenvolve-se dentro do próprio ambiente cuidador, diante de diversos profissionais que acompanham estes pacientes, sua prevenção requer atenção e práticas constantes. Vale ressaltar que a UPP apresenta-se como uma comorbidade que pode apresentar-se como uma importante barreira para o processo terapêutico do paciente, que muitas vezes retorna ao seu domicílio e não possui condições e recursos para a continuidade do cuidado e tratamento desta condição, que pode agravar-se de forma progressiva. Assim,   a  abordagem a estes pacientes  deve ser planejada e incorporada no cotidianos dos serviços de saúde em âmbito hospitalar, favorecendo-se ainda a incorporação das evidências científicas, bem como a capacitação contínua da equipe de saúde, o envolvimento do indivíduo e o empoderamento da sociedade na busca constante da prevenção aos eventos adversos que ocorrem nas instituições de saúde.

Cuidados de enfermagem; Educação em saúde; Equipe de assistência ao paciente; Prevenção e controle