Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Recursos Interativos e potencialidades da internet: Os cursos do Next
Rita de Cássia Machado da Rocha, Nilton Bahlis dos Santos

Última alteração: 2015-10-27

Resumo


Este trabalho relata o aprendizado desenvolvido través de experimentações de recursos interativos, como aluno, monitor e observador participante em três cursos do Núcleo de Experimentação de Tecnologias Interativas (Next), laboratório de experimentação do Grupo de Pesquisa "Tecnologias, Culturas e Práticas Interativas e Inovação em Saúde" da FIOCRUZ. Os cursos foram coordenados e ministrados pela equipe do Next. São eles: Andando nas Nuvens: Noções de Computação em Nuvem e Introdução ao uso de Tecnologias Interativas na Educação, Pesquisa, Gestão e Saúde oferecido para os profissionais do Departamento de Ação Básica (DAB) do Ministério da Saúde; a disciplina no Programa de Pós-Graduação de Ensino em Biociências e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz: “Pensando a Internet, Saúde e Educação na Era da Complexidade” e a disciplina no Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde: “Oito temas para se pensar a ciência, a sociedade e as redes na era da complexidade”. Os Cursos usaram metodologias de “educação em rede”, desenvolvidas pelo Next e com características de “Blended Course” que são aulas com atividades presenciais e outras realizadas pela Internet, tendo como ambiente principal um grupo no Facebook. Foram ofertados para alunos de pós-graduação da FIOCRUZ e também para profissionais ou interessados nos temas, estes que assistiam as aulas transmitidas online no canal do Youtube do Next. O primeiro aprendizado prático foi como “Anjo” de um grupo no Facebook, e-moderador no curso de extensão “Andando nas Nuvens”. A função exercida pelos “Anjos”, voluntários entre os membros do curso, era ensinar, auxiliar ou tirar dúvidas práticas dos outros alunos, sobre as tecnologias estudadas e experimentadas. O segundo aprendizado foi de transmissão das atividades presenciais pela internet, na disciplina Pensando a Internet, Saúde e Educação na Era da Complexidade, onde era feita uma reflexão e estudo mais teórico sobre a Internet e suas potencialidades. Em sequência, fui aluna e monitora do “Curso 8 temas para se pensar a ciência, a sociedade e as redes na era da complexidade” onde participei de atividades de tutoria com outros orientandos do Next. Neste curso estava com duas missões: 1) ser aluna e observadora participante, que registrava aulas e experimentações em meu diário de campo a cada sessão, e 2) realizar as atividades de transmissão e administração de canal do curso no Youtube. Percebemos que usar a tecnologia apenas como uma “ferramenta”, é muito diferente de entender os seus movimentos, a dinâmica, sua lógica de interação e seu real sentido no que tange a um novo processo de produção de conhecimento e, consequentemente, de ensinar e aprender. No primeiro curso comecei a perceber o movimento e a dinâmica existente nas redes, pois assumindo a posição de anjo, e-moderador, assumi também a função de observador participante, de uma certa forma fazendo uma netnografia, percebendo quando algo mudava no grupo ou não, quando os alunos precisavam ser motivados, quando uma temática era mais difícil de ser entendida por todos e que materiais poderiam contribuir no contexto que se verificava. No curso: Pensando a Internet, Saúde e Educação na Era da Complexidade” aprendi a realizar transmissão online pelo Youtube. Nas últimas aulas, inclusive, pude ensinar para outros alunos do curso a realizar a transmissão, ficando responsável em transmitir via hangout e sistematizar a comunicação no grupo criado no Facebook para os participantes do curso. Neste momento, percebemos que a transmissão de uma aula não servia apenas para que fosse assistida por alunos remotamente, mas era também um meio de registrar os momentos em sala de aula, transformando-os em recursos de educação permanente para estudo dos alunos. Pude também perceber o grupo do curso no Facebook como uma possibilidade de informação e interação entre os alunos, por exemplo sobre as datas dos trabalhos, servindo de colaboração, troca de informações e experiências. referências e opiniões. Comecei a perceber que as mensagens postadas pelos participantes no grupo do Facebook da turma, eram relacionadas às atividades do dia, com posts de vídeos que os alunos assistiam e que se referenciavam aos contextos trabalhados, surgindo ali discussões entre os participantes (tutores e alunos) do curso. Através das atividades com o Grupo de Pesquisa do Next e individualmente, pude realizar experimentações com recursos da Internet, como por exemplo a utilização de documentos no aplicativo Drive (o que facilitava a produção de textos colaborativos e o trabalho online), o gerenciamento de um Canal do Youtube e  criação de playlists; a criação de fanpage, e a produção de aplicativos para celular. No curso “8 temas para se pensar a ciência, a sociedade e as redes na era da complexidade”comecei a perceber um processo de emergência de conhecimentos, no grupo do Facebook, sobre as discussões que ocorriam em sala de aula e online quando alunos que assistiam as aulas postavam suas dúvidas, opiniões e questionamentos transmitidos ao grupo presencial. O grupo criado no Facebook para a turma presencial e online teve um movimento diferente das outras experiências que eu tinha observado. As postagens tinham uma maior frequência de materiais referentes as aulas, havia mais participação das discussões em sala e alguns relatavam que reassistiam as aulas transmitidas em casa, depois das aulas, para amadurecer os conceitos e teorias vistos e poder levantar dúvidas e observações no Facebook e mesmo na sessão presencial seguinte. Na transmissão das aulas via hangout para os alunos a distância, fui observando que: o Hangout servia para fortalecer os conceitos aprendidos conforme seus interesses; há necessidade de montar uma playlist para o curso específico e a criação de tags, metadados específicos para possibilitar encontrar os objetos de aprendizagem, e organizar o acesso às gravações; e os temas apresentados em sala precisariam estar organizados cada um em uma ficha para permitir que os alunos encontrassem os materiais de forma organizada. Diante a experimentação, foi criada uma metodologia de transmissão para ser disponibilizada e experimentada pelos membros do grupo de pesquisa. A sincronização remete às ações de postagem no grupo, que são espontâneas e que emergem de um contexto trabalhado naquele dia em sala. Não são fruto de uma orientação do professor do que os alunos podem ou devem fazer com vídeos. Esse movimento ocorre quando os alunos percebem que o grupo na Internet pode enriquecer o seu contexto, pode ser um meio de permanecer aprendendo. A tentativa de centralização de atividades em rede, se relaciona com o formato tradicional, no qual o professor é o centro das atividades e só ele coordena e impulsiona as ações. Mas, o trabalho em rede é voltado para ações distribuídas, organizadas a partir de um acordo pedagógico entre os participantes do processo educacional (professores, tutores, aprendizes, gestores, etc.), onde são definidas um mínimo de regras e objetivos que pautam os participantes e a partir do qual eles se desenvolvem de forma autônoma, e que se torna um processo de educação permanente.

Palavras-chave


educação em rede; tecnologias interativas; internet