Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Grupo de Artesanato da UBS Jd. Maia
Isis de Carvalho Stelmo, Jaqueline Cristina Damásio Marques

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


APRESENTAÇÃO: Nas últimas décadas, o cotidiano vem sendo marcado por mudanças significativas que acontecem de maneira rápida, principalmente por conta do avanço da tecnologia. Muitas experiências humanas estão pautadas no plano virtual em detrimento do contato pessoal. A rotina exaustiva de trabalho, seja esse externo ou interno ao ambiente doméstico, muitas vezes deixa as pessoas suspensas, vivendo passivamente, de maneira concreta, sem poder de abstração, sem que consigam ter consciência sobre seus próprios corpos e relacionar suas ações cotidianas aos seus processos de saúde-doença, podendo essa maneira de viver desencadear diversos sofrimentos, inclusive emocionais. Utilizar a criatividade para transformar é inerente ao ser humano.  A arte é agente de transformações na vida das pessoas. Por meio dela, é possível ressignificar ações, momentos, e ter um momento para encontrar-se e conhecer um pouco mais sobre si mesmo. Sir Bazalgette (2014) afirma que: “Quando falamos sobre o valor das artes e cultura, deveríamos sempre começar com o intrínseco - como as artes e a cultura iluminam nossas vidas e enriquecem nosso lado emocional. Isso é o que nós prezamos. Mas, enquanto não valorizarmos arte e cultura por conta do impacto no nosso bem-estar e coesão sociais, nossa saúde física e mental [...] atestam esses benefícios e nós precisamos mostrar o quanto isso é importante”. O grupo de artesanato foi criado com o objetivo de proporcionar o encontro entre si e o outro. Como prática terapêutica propõe-se uma atividade que dê vazão à criatividade, sirva como escape a situações estressantes, seja espaço de troca de saberes, resgate cultural e possível geração de renda. METODOLOGIA: Grupo semanal, realizado todas as quartas-feiras na UBS Jd. Maia, com participantes mulheres com idades entre nove e 65 anos. Nele, são desenvolvidas atividades com materiais recicláveis, como carteira de caixa de leite, porta-retrato com envelopes de papel que foram descartados, porta-treco de lata de leite em pó, além de aplicação em toalha e pano de prato, pulseiras de miçanga, marcador de página de E.V.A., entre outras. RESULTADOS: Como resultado, observou-se a convivência harmônica, a cooperação e a troca de saberes entre pessoas de diferentes gerações e diferentes condições de saúde física e mental. Participantes com diagnóstico de esquizofrenia e depressão, que eram resistentes a sair de casa, passaram a vir no grupo e a partir deste passaram a se sentir empoderadas e começaram participar de outras atividades no território. As pacientes também relatam frequentemente que o grupo tem feito bem a elas, é um espaço delas, para espairecer e aprender. CONSIDERAÇÕES FINAIS: Há muitos estudos internacionais mostrando o papel das artes na promoção da saúde. No Brasil existem algumas pesquisas, mas alguns passos nesse sentido estão sendo trilhados há pouco tempo. Faz-se necessária formação adequada de profissionais de saúde e subsídios para que estes possam desenvolver trabalhos que envolvam as artes e que estes sejam agentes de transformação da vida das pessoas e do território.

Palavras-chave


artesanato; artes; saúde

Referências


Bazalgette, P. Arts Council England, The Value of Arts and Culture to People and Society: An Evidence Review (London: Arts Council England, 2014) p. 4

Bracken, P. Mental Health, Recovery and the Role of the Creative Arts. Arts & Health, sep. 2015. Disponível em: (URL: http://www.artsandhealth.ie/perspectives/mental-health-recovery-and-the-role-of-the-creative-arts/

Gordon-Nesbitt, R. Exploring the Longitudinal Relationship Between Arts Engagement and Health Rebecca Gordon-Nesbitt, 2015. Disponível em: (URL: http://www.artsforhealth.org/research/artsengagementandhealth/ArtsEngagementandHealth.pdf)

Sisson, M. Handicraft: the ancient tradition of creating things with your hands. Disponível em: (URL: http://www.marksdailyapple.com/handicraft-the-ancient-tradition-of-creating-things-with-your-hands/#ixzz3oXcrILdJ). Acesso em 14/10/2015

Trezza, MCSF, Santos, RMS , Santos, JM. Trabalhando educação popular em saúde com a arte construída no cotidiano da enfermagem: Um relato de experiência. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2007 Abr-Jun; 16(2): 326-34