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Humanização no pré-natal e no parto: estudo da assistência em instituições de saúde em um município mineiro
Última alteração: 2015-11-23
Resumo
O Brasil vem investindo e aprimorando suas normativas em relação à saúde das mulheres e ao parto na busca da redução da mortalidade materna e infantil, bem como do número de cesáreas. Em consonância com as agências internacionais, a proposta de humanização do pré-natal e do nascimento orienta uma estratégia brasileira composta por diferentes ações e programas compondo a política nacional. Neste cenário, no município estudado temos: a Rede Cegonha, o Programa Mães de Minas, o Centro Viva Vida e o Comitê de Defesa da Vida que demostram alguns avanços em relação aos cuidados com a saúde da mulher, assegurando melhorias do acesso, da qualidade e da cobertura no acompanhamento das usuárias durante e após o período gestacional. Desse modo, a presente pesquisa teve por objetivo conhecer os serviços de atenção à mulher gestante no município de quase 100 mil habitantes em Minas Gerais. Assim, foi realizado um estudo qualitativo utilizando de observação, diário de campo e análise documental durante 3 meses deste ano de 2015. Foram visitadas quatro instituições da rede de assistência à saúde da mulher gestante, sendo elas: uma equipe de Estratégia de Saúde da Família, a maternidade do Hospital Santa Casa de Misericórdia, Centro Viva Vida e o Núcleo Materno Infantil e nelas observamos os fluxos e atividades desenvolvidas com as gestantes pelos serviços de atenção (exames, consultas, acolhimento, grupos etc.). A coleta contou também com a análise de documentos federais da atenção primária a saúde, assim como da Secretaria Municipal de Saúde. A assistência à saúde de mulheres gestantes no município ocorre de forma fragmentada em instituições de atenção primária, secundária e terciária. O pré-natal de todo o território municipal é centralizado em uma única instituição (Núcleo Materno Infantil) que dispõe de apenas 3 ginecologistas-obstetras. Os médicos ou enfermeiros das diversas unidades do Programa de Saúde da Família (PSF) não realizam o pré-natal por motivações diversas. Os exames de imagem são realizados em outra instituição hospitalar e o parto (cesárea) é realizado na maternidade da Santa Casa de Misericórdia, exceto os casos de alto risco. Há um desconhecimento e descredito por parte da maioria dos profissionais de saúde em relação ao parto normal e também da necessidade de integrar os serviços para qualificar o trabalho prestado. A rede de assistência encontra-se desarticulada, com frágeis mecanismos de comunicação e de acompanhamento da mulher na rede de saúde municipal. Nota-se ainda que diversas práticas de saúde nos serviços visitados divergem do recomendado pelos documentos federais orientadores dos programas de saúde voltadas para este público. As práticas de atenção à saúde da mulher, em particular da mulher gestante, necessitam de modificações imediatas para desenvolver e ampliar a assistência de acordo com a Política Nacional de Humanização. A reorganização dos serviços, a formação dos profissionais e uma mudança cultural são pontos centrais de ação para estabelecer uma adequada atenção à saúde dessas mulheres no período gravídico-puerperal.