Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

Tamanho da fonte: 
BRINQUEDOS CANTADOS A PARTIR DAS PRÁTICAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA COM CRIANÇAS DE QUATRO A CINCO ANOS DE IDADE
Edilaine Menezes da Cunha, Lourdes Lago Stefanelo, Ednéia Albino Nunes Cerchiari, Mirian Eiko Suzuki Eiko Suzuki

Última alteração: 2016-01-06

Resumo


APRESENTAÇÃO: A cultura do brincar vai de geração em geração, se modificando com o tempo. Porém a riqueza do verdadeiro brincar nunca se perde, afinal, brincar faz parte da vida de qualquer criança e do ser humano.  Não importa a cor, raça ou classe social, os jogos, as brincadeiras e os brinquedos fazem parte da história de vida de uma criança, oferecendo períodos de felicidade e alegria, pois essas atividades têm por características serem lúdicas. De acordo com Bregolato (2007), as crianças estão deixando de lado sua cultura de criação, apropriando-se de brinquedos industrializados, assim deixando de vivenciar experiências lúdicas essenciais para suas vidas. Em muitos casos, as crianças que brincam com brinquedos eletrônicos e computadores, ficam sedentárias e escutam repertórios musicais da atualidade que muitas vezes não proporcionam o desenvolvimento cultural. Desta forma, a significância da utilização dos brinquedos cantados durante a prática na educação física é um tema que pode proporcionar uma visão mais ampla e sensível em relação às crianças. Segundo Paiva (2000), o conceito de brinquedos cantados é comumente conhecido como brinquedos de roda, rodas infantis, rodas cantadas ou cirandas, os brinquedos cantados são atividades de grande valor educativo e folclórico, simbolizando uma infância feliz. Os brinquedos cantados são caracterizados de acordo com cada região, pois existem modificações causadas pelas diferentes culturas dos povos. Para Awad (2011), como cada povo tem suas características e costumes, fica então difícil definir quando e como surgiram as brincadeiras cantadas ou brinquedos cantados em geral são canções compostas por letras simples e acompanhadas por gestos divertidos e dinâmicos. Paiva (2000) diz que os brinquedos cantados têm uma importância fundamental na educação infantil, pois reúnem os elementos fundamentais e expressivos da música: melodia, ritmo, harmonia, tempo e dinâmica, possibilitando unir a música à ação, utilizando movimentos que implicam no uso de grandes músculos e requerem alto grau de coordenação. As brincadeiras e os brinquedos cantados, segundo Brougére (1998), parecem ser um simples momento de recreação, mas devem ser valorizados como necessários ao programa de educação física. Segundo Awad (2011), as crianças entre quatro e cinco anos se encontram em uma fase de descobertas, do egocentrismo como uma perspectiva que a criança tem do mundo sem traduzir o que a realidade expõe. Fase onde elas querem ter o autoconhecimento, momento este, que começam a se interessar pelas letras, números e seus significados. A curiosidade, a imaginação e a imitação são bastante percebidas e os conteúdos que estimulam a fantasia, a invenção e as atividades que tentem somar às agilidades físicas serão de grande impacto no desenvolvimento das crianças. Conforme Piaget, citado por Kishimoto (2000), ao demonstrar o comportamento lúdico, a criança mostra o nível de seus estágios cognitivos e constrói conhecimentos. Nas brincadeiras, com os brinquedos e os jogos lúdicos educativos podemos favorecer o ensino-aprendizagem na criança de quatro a cinco anos de idade. Nesta faixa etária, quando a criança está brincando ela se concentra no brincar e desliga-se do mundo externo e entra em seu mundo imaginário. Durante este processo a criança também utiliza a imitação, ela imita a mãe em suas tarefas de dona de casa, no faz de conta. Os jogos, brincadeiras e brinquedos lúdicos também desenvolve na criança a inteligência, a memória, a interação, a coordenação motora e facilita a ter uma compreensão geral do processo de ensino aprendizagem (KISHIMOTO, 2000). De acordo com Le Boulch in Melo (1997), há uma interligação entre a voz e o movimento do corpo, na qual os brinquedos cantados trabalham que confirma sua relevância para as crianças entre quatro e cinco anos, onde o desenvolvimento lúdico permite um acesso ímpar na aprendizagem. DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO: Este estudo foi realizado por meio de observações e a aplicação de um questionário com a professora de Educação Física de uma escola pública no município de Guia Lopes da Laguna/MS, com uma das turmas da educação infantil e teve como objetivo analisar e descrever informações sobre o assunto relacionado à prática e ao uso de atividades com brinquedos cantados com crianças de quatro a cinco anos de idade. A turma era formada por nove meninos e dez meninas, estas crianças, foram escolhidas pela professora por terem as seguintes habilidades: andar, correr, saltar, girar, pular, rolar, imitar, dançar, saber pegar, entre outras. As observações foram realizadas durante um período de três manhãs e foi realizada somente nas aulas de Educação Física. As observações foram anotadas num diário de campo para, posterior análise e estabelecimento da relação teoria/prática. O questionário aplicado ao professor buscou coletar informações sobre sua metodologia de ensino e sobre o desenvolvimento das crianças com o foco em saber se as brincadeiras cantadas eram aplicadas e planejadas. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Por meio das observações foi possível detectar que o professor preocupava-se em estar proporcionando atividades variadas e que mesmo intuitivamente utilizava os brinquedos cantados. Em relação ao questionário, pode-se dizer que o professor percebe a diferença do entusiasmo, da harmonia entre as crianças, mas ainda não consegue mensurar a real importância dos brinquedos cantados, aplicando-o de forma intuitiva e tratando-o como algo natural ao ser humano. Observou-se que na prática os brinquedos cantados se tornam essenciais para o aprendizado e para o aprimoramento das habilidades das crianças, mas ainda não se tornaram um método. O professor entrevistado também diz que procura organizar suas aulas de acordo com a necessidade e com a experiência que cada turma traz consigo. Por este motivo, a plasticidade da utilização das brincadeiras e a responsabilidade do professor são fatores ainda não mensuráveis. No entanto, a importância de pesquisar e discutir sobre esta ferramenta desencadeou no professor uma reflexão sobre a sua prática trazendo à luz um tema que pouco se discute nas aulas de educação física. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A escola junto com a disciplina de Educação Física deve se adequar para que a criança desenvolva suas habilidades sem perder o melhor da vida, que é a alegria de brincar uma vez que, a prática da educação física, que foi recentemente inserida na educação infantil, também é responsável pelo desenvolvimento corporal, intelectual e emocional da criança. Cabe, portanto ao professor de educação física em suas aulas preservar e registrar as expressões culturais próprias da idade infantil e fazê-las presentes no meio educacional especialmente, as cantigas de roda, pois as mesmas favorecem o desenvolvimento da consciência corporal, ritmo, lateralidade, coordenação motora ampla, além de outros conteúdos específicos. Neste contexto é possível trazer as cantigas de roda como uma ferramenta para o professor de educação física desenvolver não somente a prática corporal e regras de jogos, mas participar culturalmente da vivência do estudante uma vez que as brincadeiras cantadas além de educativas podem ser vistas como socioculturais, com a preservação do folclore e o desenvolvimento musical de diferentes melodias e ritmos aumentando o conhecimento e fortalecendo a identidade cultural dos estudantes. O professor tem, portanto, um importante papel neste contexto: o de conhecedor e promotor do intercâmbio com o estudante, possibilitando um aprendizado divertido, favorável à criança e culturalmente rico.

Palavras-chave


brinquedos cantados; educação infantil; educação física

Referências


AWAD, H. Z. A. Brinque, jogue, cante e encante com a recreação: conteúdos de aplicação pedagógica teórico/prático. 3ª ed. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2011.

BREGOLATO, R. A. Cultura corporal do jogo. São Paulo, SP: Ícone, 2007.

BROUGÉRE, G. Jogos e Educação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

KISHIMOTO, T. M. Jogo, Brinquedo, brincadeira e a Educação. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2000.

MELO, J. P. Desenvolvimento da consciência corporal. Campinas, 1997.

PAIVA, I. M. R. Brinquedos Cantados. Dissertação (Mestrado) – Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, SC, 2000.