Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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AÇÃO EDUCATIVA SOBRE USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Maria Lydia Aroz D'Almeida Santana, Lucas de Almeida Silva, Talita Batista Matos, Tuany Santos Souza, Ana Cristina Santos Duarte, Rita Narriman Silva de Oliveira Boery

Última alteração: 2015-10-29

Resumo


APRESENTAÇÃO: O movimento inovador nas metodologias de ensino e aprendizagem encoraja o aluno a se inserir no processo de obtenção de conhecimento. Dessa maneira é que se organiza esse trabalho, buscando demonstrar a importância da apropriação do conhecimento pelo discente para além do simples repasse da informação, dessa forma, objetivou-se relatar a experiência da aplicação de metodologias de aprendizagem numa escola, enfatizando o processo de construção do saber, associados à necessidade do desenvolvimento de novas concepções sobre o homem e sobre a sociedade. DESENVOLVIMENTO: Em um cenário de mudanças constantes, que envolvem não só questões culturais, mas também sociais, políticas, morais e espirituais, a busca de novas concepções sobre o processo de ensino e aprendizagem orienta-nos a buscar um novo modo de agir dentro dos espaços reservados para a educação. Esse conceito contraria o que é apregoado pelo ensino tradicional através dos “programas rígidos e seletivos, de caráter sacramental”, que forma alunos passivos e simples depositários. É nesse contexto que se constrói esse trabalho, utilizando metodologias ativas para transmitir conhecimento sobre o uso racional de medicamentos, que é abordado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) da seguinte forma: “uso racional dos medicamentos requer que os pacientes recebam medicamentos apropriados para sua situação clínica, nas doses que satisfaçam as necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo possível para eles e sua comunidade”. Todavia, o que tem sido observado é que a realidade se contrapõe à proposta da OMS, sendo assim, informar e discutir sobre o tema é uma forma de minimizar o gasto farmacêutico, que atualmente vem tornando-se uma ameaça à sustentabilidade dos sistemas públicos de saúde de muitos países, inclusive do Brasil. Trata-se de um estudo descritivo acerca de uma experiência vivenciada por quatro discentes do curso de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem e Saúde da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em atividade proposta pela disciplina Processo Ensino-Aprendizagem em Ciências da Saúde, referente ao desenvolvimento de uma ação educativa acerca de um tema de livre escolha dos mestrandos no ambiente escolar, em que fossem aplicadas estratégias de ensino abordadas durante o curso. A atividade foi desenvolvida em um período de três horas em uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola da rede pública da cidade de Jequié, no estado da Bahia. O horário da aula foi cedido pela docente do dia, estipulado em acordo prévio com a diretora da instituição. A turma se constituía por 32 estudantes, sendo 18 homens e 14 mulheres, com faixa etária entre 18 e 45 anos. O primeiro momento da atividade educativa limitou-se aos mestrandos se apresentaram à turma, explicando o objetivo da atividade a ser realizada. Em seguida, foi utilizada a estratégia de ensinagem tempestade cerebral acerca do tema “uso racional de medicamentos”, expressando por meio de uma frase escrita o que eles compreendiam sobre o assunto. O momento posterior pautou-se na estratégia exposição dialogada, com a dinâmica dos “mitos e verdades” como prévia para as discussões levantadas na exposição. Como forma de avaliação dos conhecimentos apreendidos, e também como retribuição à oportunidade de execução da atividade, realizou-se um jogo, “quiz”, com premiação à turma. Por fim, foi entregue aos alunos individualmente, uma avaliação da atividade realizada. RESULTADOS E IMPACTOS: A aula foi iniciada mediante a divisão dos alunos em 4 grupos para a realização da tempestade cerebral, no intuito de criar um espaço de discussão de acordo com a questão norteadora do tema: “O que vocês entendem por uso racional de medicamentos e plantas medicinais?”. Essa metodologia é uma possibilidade de estimular a geração de novas ideias de forma espontânea e natural, onde não há certo ou errado. Tudo o que for levantado será considerado, solicitando-se, se necessário, uma explicação posterior do estudante. Nessa oportunidade os alunos puderam discutir e formar um conceito sobre o tema, embasados nas suas próprias convicções e experiências vivenciadas em relação ao uso de medicamentos e plantas medicinais. No início do levantamento de conhecimentos houve a participação da maioria dos discentes, estabelecendo-­se uma correlação com a aprendizagem significativa dos sujeitos, à medida que os seus conhecimentos prévios auxiliaram na construção e absorção de novos saberes. Pôde-se verificar através de diversas falas que há uma forte influência do saber popular atrelado aos conceitos sobre uso racional de medicamentos e plantas medicinais. Embora o censo comum tenha prevalecido, percebeu-se que os alunos possuem conhecimento sobre a dualidade do uso de medicamentos, isto é, seus riscos e benefícios. Após o momento inicial de discussão foi apresentado o conceito original sobre o uso racional de medicamentos e procedeu-se a aula através da exposição dialogada, aplicando-se a dinâmica dos “Mitos e Verdades”, com o intuito de que houvesse participação dos alunos durante toda a aula. Nessa metodologia há um processo de parceria entre professores e alunos durante o desenvolvimento do conteúdo, propõe-se aos alunos a realização de diversas operações mentais, num processo de crescente complexidade do pensamento. Reforça-se que o ponto de partida é a prática social do aluno. Durante a problematização transcorrida em cada afirmativa proposta, foi possível extrair dos grupos suas dúvidas e discuti-las de forma a suscitar nos alunos a possibilidade de construção de um olhar reflexivo e cuidadoso quanto ao uso correto de medicamentos e plantas medicinais, dado que esse tema é de extrema relevância para a saúde pública, haja vista o grande número de efeitos indesejáveis e aumento da morbimortalidade causadas pelo uso incorreto e indiscriminado de determinadas substâncias. Após a exposição dialogada, foi realizado um “quiz” com perguntas objetivas, a fim de avaliar o aprendizado da turma. Os alunos participaram intensamente das discussões, sendo percebida a expressão verbal de cada um frente ao restante do grupo, levando em conta as atitudes diante das críticas habituais, até a decisão da resposta. Com a finalização do “quiz”, os alunos preencheram uma ficha de avaliação das atividades realizadas quanto ao seu conteúdo, clareza das apresentações, metodologia empregada e o aprendizado da turma. 62,5% dos responderam que a clareza e o conteúdo apresentado foram excelentes enquanto que 37,5% disseram que foram bons. No tocante a metodologia, 68,8% disseram que foi excelente, 21,8% bom e apenas 9,4% responderam regular. Em relação ao aprendizado da turma, 59,4% disseram que foi excelente, 28,1% bom, 9,4% regular e 3,1% ruim. CONSIDERAÇÕES FINAIS Com a finalidade de obter um ensino mais eficiente, a disciplina Processo Ensino-Aprendizagem em Ciências da Saúde permitiu aperfeiçoamento de novas técnicas didáticas (metodologias) tornando assim, a educação mais prazerosa e inovadora. Os recursos didáticos utilizados nesse estudo foram bastante dinâmicos, garantindo resultados eficazes no processo de “ensinagem”, apesar de exigir extremo planejamento e cuidado na execução da atividade elaborada. As novas formas de pensar e atuar na educação cria possibilidades de formar cidadãos críticos e criativos, com condições aptas para inventar e serem capazes de construir cada vez mais novos conhecimentos. No entanto, processo de Ensino/Aprendizagem está constantemente aprimorando seus métodos para a melhoria da educação e dos educadores, de forma que a atividade proposta auxiliou de maneira essencial para construção no nosso saber e a troca de informações com os alunos.     

Palavras-chave


Ensino; Aprendizagem; Uso Racional de Medicamentos.

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