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As narrativas urbanas (RAP) sobre o olhar da integralidade e do conceito de saúde do SUS
Última alteração: 2015-10-31
Resumo
Na busca por uma sociedade mais justa e igualitária, a população brasileira conquista, com o apoio de movimentos sociais, o direito de acesso à saúde com a criação e estruturação do Sistema Único de Saúde (SUS). Dentre os diversos movimentos sociais destaca-se o hip hop e seu elemento central o RAP, narrativas urbanas, como manifestação social a ser valorizado pelo profissional de saúde, pois denuncia o desamparo por parte do Estado, que constitucionalmente deveria assegurar direito à saúde. Este trabalho tem como objetivo conhecer a visão do usuário sobre saúde e o sistema de saúde, a partir de narrativas urbanas (RAP) e como objetivos específicos busca entender qual a concepção de saúde do rapper, a partir das narrativas identificando a relação entre as narrativas urbanas e o principio da integralidade no SUS. Trata-se de um estudo qualitativo exploratório com base na discografia musical do RAP. A fim de responder aos objetivos da pesquisa, optou-se por analisar os documentos de domínio público, do rapper Eduardo Taddeo. Para tanto, se avaliou as letras das músicas contidas no CD duplo, A fantástica fabrica de cadáveres. A partir da analise temática, de dez músicas selecionadas, emergiram dois temas: afinal o que é saúde? e a integralidade como principio do SUS. Através da análise das letras pode-se perceber que o conceito de saúde, na visão do rapper é um conceito ampliado. No entanto, faz-se necessário reconhecer que ainda estamos longe do modelo de saúde ideal, que assegure acesso e seja eficaz o suficiente para gerar transformações na vida das pessoas. O rap responsabiliza o Estado, os profissionais da saúde, e muitos outros atores ligados à educação, sistema judicial, mídia pelo quadro de exclusão e coloca a população como protagonista da mudança esperada, valoriza o sujeito jovem e sugere caminhos, como a busca do saber pela educação. Além da integralidade, que abrange o conceito de saúde ampliado assegurado pelo SUS, o rap vem demandar a efetivação de políticas públicas como a de humanização em saúde. Nessa perspectiva, o rap é uma ferramenta de humanização dos profissionais da saúde e dos acadêmicos, fazendo com que se aproximem da realidade social na sua área de atuação, gerando vínculo, confiança e possibilitando a promoção da saúde e a participação social dos inúmeros usuários do SUS. Nesse sentido, o cuidado em saúde pode ser visto como um valor subjetivo, expresso quando compartilhamos saberes através do diálogo e do acolhimento. Conclui-se que a saúde é resultante de um amplo conjunto de fatores condicionantes e determinantes como educação, saneamento básico, moradia, acesso a bens de consumo e aos serviços de saúde, sendo necessário que as políticas públicas captem as necessidades dos diversos grupos sociais. Para que isso seja aconteça é imprescindível ampliar o olhar sobre as lentes da integralidade, reavaliando condutas e serviços que são prestados pelo Sistema Único de Saúde. Espera-se desassossegue trabalhadores, acadêmicos, gestores e usuários com o intuito de trilhar novas formas de promover, orientar e olhar para saúde, consolidando a idealização de rede SUS.
Palavras-chave
Integralidade em saúde, Sistema Único de Saúde, Música