Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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O PERFIL DOS ADOLESCENTES COM DIABETES MELLITUS TIPO 1 DE BLUMENAU E REGIÃO
Marinês Finco, Judite Hennemann Bertoncini

Última alteração: 2015-11-23

Resumo


O Diabete Mellitus tipo 1-DM1 é a segunda doença crônica mais frequente da infância, é responsável por 90% dos casos de diabetes na infância, no entanto, apenas 50% dos casos são diagnosticados antes dos 15 anos. As doenças crônicas dentre elas o diabetes, são permanentes e para toda vida da pessoa e seus familiares, exigindo adaptações e necessitando enfrentamento das dificuldades, frustrações e conquistas do tratamento. Ao se tratar de crianças e adolescentes, essas adaptações são mais profundas e intensas e espera-se que consigam viver as situações de saúde para crescer e se desenvolver dentro de suas potencialidades. Constata-se em nossa prática assistencial desenvolvida na rede pública de saúde, aumento dos casos de adolescentes com DM1. Por se tratar de uma fase de muitas transformações ao descobrir o diagnóstico, inicia-se nova fase de adaptação e busca por atendimento pelos serviços disponíveis na rede pública. Percebe-se a necessidade dos serviços de referência estarem preparados para atenderem essas pessoas e seus familiares. Hoje contamos com três serviços de referência ao atendimento das crianças e adolescentes portadores de DM1: a Policlínica e o Núcleo de Apoio ao Diabético da Secretaria Municipal de Saúde, e a Policlínica Universitária da Universidade Regional de Blumenau. Estes serviços atendem exclusivamente usuários do Sistema Único de Saúde - SUS e constituem-se a referência no nível secundário da atenção para Região do Médio Vale do Itajaí (AMMVI) com sede em Blumenau, atualmente com setenta e oito crianças e adolescentes cadastrados. O objetivo deste resumo é descrever o perfil dos adolescentes com DM1 participantes da pesquisa da dissertação de mestrado “O itinerário Terapêuticos dos adolescentes com diabetes mellitus da rede pública de Blumenau e região”. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, exploratória com amostragem de variação máxima. A pesquisa foi realizada nos serviços de referência de Atenção Secundária de adolescentes com DM1 no município de Blumenau, Núcleo de Apoio ao Diabético, Policlínica da Secretaria Municipal de Saúde e Policlínica Universitária, buscando obter a diversidade dos serviços nas quais esses adolescentes são atendidos. A seleção atendeu os seguintes critérios de inclusão: ser adolescente portador de DM1; ter a idade de doze a dezessete anos, de ambos os sexos; ser atendido por um dos serviços de referência (Núcleo de Apoio ao Diabético, Policlínica SEMUS e Policlínica Universitária) da AMMVI; ter o diagnóstico estabelecido há pelo menos 1 ano; desejar participar do estudo; ter tempo e disponibilidade para participar da pesquisa. Foram excluídos todos os adolescentes que não eram portadores de DM1; que tinham menos de doze anos ou mais de dezoito anos; que não são atendidos por um dos serviços de referência da região (Núcleo de Apoio ao Diabético, Policlínica SEMUS e Policlínica Universitária); ter diagnóstico estabelecido há menos de 1 ano; que não desejar participar do estudo; não ter tempo e disponibilidade para participar da pesquisa. A coleta de dados foi realizada somente pela pesquisadora responsável por este projeto e iniciou em seis de agosto a dezessete de setembro de 2015, perdurando quarenta e um dias. Inicialmente tentamos vincular a coleta dos dados com as consultas médicas previamente agendadas, pois acreditávamos que facilitaria para os participantes uma vez que já estavam programados neste período. Foram realizadas dezessete idas aos consultórios desses serviços conforme agenda das consultas médicas, nas quais todos os adolescentes que preenchiam os critérios de inclusão convidados aceitaram participar da pesquisa, resultando em seis entrevistas somente. O baixo número de sujeitos participantes neste momento se deu devido a alguns fatores: a demanda desses serviços inclui o atendimento a crianças e adolescentes com outras patologias como obesidade e hipotireoidismo e a falta dos usuários à consulta agendada. A entrevista com o familiar e a realização do ecomapa com os adolescentes se deu em sala reservada a fim de garantir privacidade, sigilo e qualidade nas gravações. Algumas entrevistas se deram antes das consultas médicas e outras após, os adolescentes realizaram o ecomapa após as entrevistas com presença dos familiares.  Diante disto, optou-se em realizar ligação telefônica para convidar os adolescentes e familiares a participarem da pesquisa. Das sete ligações realizadas, foi constatado que dois não eram portadores de DM1, um não recusou, porém ficou protelando o agendamento da entrevista e após quatro ligações à mesma pessoa, entendeu-se o não desejo de participar. Os demais abordados pelo telefone aceitaram prontamente e as quatro entrevistas foram realizadas na casa dos adolescentes e familiares participantes em dia e horário de escolha destes. Nesta ocasião também foi realizado o ecomapa com os adolescentes no domicílio. Todas as entrevistas foram gravadas na íntegra com gravador de áudio mediante autorização dos participantes. As entrevistas iniciaram sempre com a pergunta norteadora: Conte-me como você tem vivenciado o diabetes após descobrir que seu filho(a) tem a doença. Indagações sequenciais foram realizadas baseadas nas respostas dessa primeira pergunta a fim de alcançar os objetivos da pesquisa. A realização do ecomapa deu-se através do preenchimento pelo adolescente do desenho impresso após orientações da pesquisadora.  O adolescente se encontrava ao centro do ecomapa e os três círculos a sua volta representavam as relações íntimas, as relações pessoais e as relações ocasionais, conforme se distanciam do centro. Esses círculos foram divididos nas categorias previamente definidas: relações familiares, relações de amizade, relações na escola/trabalho e relações comunitárias. O adolescente foi convidado a escrever nos círculos envoltos a ele os nomes das pessoas que faziam parte de suas relações conforme seus sentimentos e percepções. Após o adolescente preencher os campos, a pesquisadora o questionava quem eram as pessoas no gráfico e escrevia na ficha de observação para posterior auxílio na análise do ecomapa. Participaram da pesquisa dez adolescentes com DM1 e dez familiares envolvidos diretamente nos seus cuidados. A coleta dos dados iniciou após esclarecimento dos objetivos da pesquisa, garantia do anonimato, permitindo esclarecimento de dúvidas e após o aceite com assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido par o adulto e para menores de 18 anos. Os adolescentes participantes tinham de doze a quinze anos, sendo três com doze anos, dois com treze anos, quatro com quatorze anos e um com quinze anos. Sete adolescentes eram do sexo feminino e três do sexo masculino. Blumenau era o município de residência de oito adolescentes, um era de Pomerode e um residente de Benedito Novo. O tempo de diagnóstico variou de dois a treze anos, um adolescente com dois anos de diagnóstico, dois com três anos, um com quatro anos, dois com cinco anos, um com sete anos, dois com dez anos e um com treze anos. Seis destes adolescentes são atendidos na Policlínica Universitária, três são atendidos no Núcleo de Apoio ao Diabético e um na Policlínica SEMUS. Os familiares que participaram das entrevistas foram quatro mães, três pais, um irmão, uma madrasta e houve uma participação coletiva pai, avô e avó. As transcrições das entrevistas foram feitas pela pesquisadora no dia da coleta ou no máximo no dia seguinte para facilitar os registros. Os dados até este momento encontram-se em fase inicial de análise, porém é possível antecipar que estes adolescentes e familiares encontram-se assistidos pelo serviço de atenção secundária, porém com pouca articulação com a atenção básica. Independe do tempo transcorrido do diagnóstico há carência de informações sobre diabetes por parte dos familiares e dificuldades em acessar alguns insumos essenciais para o tratamento.

Palavras-chave


Adolescente; Diabete Mellitus; Condição Crônica; Itinerário terapêutico.

Referências


SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes: 2014-2015. São Paulo:AC Farmacêutica Ltda, 2015.

LEAL, Dalila Teixeira et al. A vivência dos familiares de crianças e adolescentes portadores de diabetes mellitus tipo 1. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 14, n. 1, 2012.