Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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Humanização das consultas na atenção básica: uma estratégia para a adesão ao tratamento
Adriana Cristina Vianna Alvarenga

Última alteração: 2016-01-12

Resumo


INTRODUÇÃO: As doenças cardiovasculares consistem na principal causa morte no país e no mundo, e na imensa maioria dos casos resultam de complicações prevecíveis através do tratamento adequado das doenças crônico-degenerativas. Evidências de que a Atenção Primária à Saúde é o melhor modelo de organização dos sistemas e serviços de saúde são e inequívocas, e como porta de entrada do sistema, é a oportunidade ideal para a prevenção dos agravos. OBJETIVO: Demonstrar maior adesão ao tratamento através de consultas com abordagens holísticas. MÉTODO: Durante 14 semanas, foram atendidos 60 pacientes portadores de hipertensão arterial sistêmica e/ou diabetes mellitus, em tratamento com medidas comportamentais e farmacológicas.  A abordagem era realizada durante as consultas, com ênfase nos aspectos psíquicos, comportamentais de enfrentamento da doença, reeducação alimentar e uso correto das medicações. O estudo foi realizado em UBSF de Campo Grande - MS, no período matutino e vespertino, com amostragem aleatória por conveniência. Os pacientes eram submetidos à consulta, com registro de parâmetros clínicos (sintomas, pressão arterial, glicemia capilar, sinais de complicações cardiovasculares) e laboratoriais (quando disponíveis). Após 15-30 dias, nova avaliação era realizada. Todos os dados ficavam registrados no sistema computadorizado do município, e eram consultados através do prontuário. RESULTADOS E DISCUSSÃO: após a intervenção, foi possível observar em todos os casos melhor aceitação da doença e estabelecimento de relação médico-paciente coesa. Adicionalmente, em relação aos critérios clínicos, foi possível observar redução da sintomatologia inespecífica (dores vagas, cansaço diário, insônia, irritabilidade) com menor uso de sintomáticos. Houve discreta melhora dos parâmetros clínicos de controle da doença (glicemias e níveis pressóricos). Estes últimos achados ficaram condicionados à baixa adesão a prática de atividades físicas pelos pacientes (menos da metade iniciou atividade física regular), pelo curto intervalo entre as avaliações, que foi inferior ao intervalo necessário para o efeito ótimo das medicações, e também devido aos diferentes graus de comprometimento da saúde da amostra avaliada. CONSIDERAÇÕES FINAIS: conclui-se que através de intervenções humanizadas de baixa complexidade podem ser obtidos resultados de benéficos para qualidade de vida e para o enfrentamento de doenças por parte do paciente e dos serviços de saúde. É importante que a saúde seja reconhecida como um fenômeno clínico e sociológico, resultante de decisões dos indivíduos sobre seus determinantes sociais. Através desta abordagem pode ser possível reduzir as complicações clínicas, infelizmente, tão usuais no cenário da saúde brasileira.

Palavras-chave


humanização; consulta; tratamento

Referências


BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Prevenção Clínica de Doença Cardiovascular, cerebrovascular e Renal Crônica. Caderno de Atenção Básica n. 14.  Normas e Manuais Técnicos. Brasília, 2006.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção à Saúde da Mulher. Caderno de Atenção Básica n. 13.  Normas e Manuais Técnicos. Brasília, 2008.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção integral à Criança. Caderno de Atenção Básica n. 28.  Normas e Manuais Técnicos. Brasília, 2008.

BRAUNWALD et al..  Medicina Interna Harrison. São Paulo: Artmed, 18ª edição, 2013.