Rede Unida, 12º Congresso Internacional da Rede Unida

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A TELE-EDUCAÇÃO COMO FERRAMENTA DE POTÊNCIA PARA EDUCAÇÃO PERMANENTE EM SAÚDE - UMA EXPERIÊNCIA DA ATENÇÃO BÁSICA
SCHEILA MAI, FABIO HERRMANN, GUSTAVO GUTHMANN PESENATTO, MAIARA BORDIGNON, JANAINNY MAGALHÃES FERNANDES, VANIA DEZOTI MICHELETTI

Última alteração: 2015-10-31

Resumo


INTRODUÇÃO/OBJETIVOS: No mundo, ao longo das últimas décadas, o desenvolvimento tecnológico trouxe muitos avanços e importantes contribuições para a área da saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que as tecnologias de informação e de comunicação contribuem de forma significativa para a prestação de cuidados na saúde pública, principalmente, em países em desenvolvimento (OMS, 2012). Na perspectiva de compartilhar conhecimentos, melhoria da qualidade da assistência prestada, ampliação e oferta de ações das equipes de saúde, assim como, mudança das práticas de atenção e da organização do processo de trabalho, foi instituída a portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011, que redefine e amplia o Programa de Telessaúde no Brasil, passando a ser chamado de Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes (BRASIL, 2011). O Telessaúde Brasil Redes, na Atenção Básica (AB), propõe desenvolver ações de apoio a atenção, a saúde e a educação permanente das equipes, que tem por objetivo ampliar a resolutividade da AB, por meio das estratégias ofertadas de Teleconsultoria, Segunda Opinião Formativa, Telediagnóstico e Tele-educação. Diante do exposto, neste trabalho buscou-se relatar uma experiência no que se refere à utilização da Telessaúde por meio da tele-educação em uma Unidade de Saúde da Família (USF) do município de Porto Alegre - Rio Grande do Sul. Métodos: Trata-se de um relato de experiência vivenciada na Atenção Básica quanto à utilização da Telessaúde por meio da tele-educação, envolvendo uma Unidade de Saúde da Família (USF) localizada no sul do Brasil. O Telessaúde dispõe de diversos dispositivos de Tele-Educação que visam promover a educação permanente à distância e em serviço para os profissionais de saúde, entre eles: web palestras, cursos, pílulas de sabedoria (avaliações críticas realizadas pela equipe de Telessaúde sobre evidências controversas da literatura científica), biblioteca online com produções científicas, livros, protocolos, manuais, entre outros. Em um turno na semana ocorre na USF reunião de equipe, momento em que o serviço de saúde é fechado para o atendimento à população e a equipe se reúne para discussão de pautas internas, processo de trabalho, discussão de casos, assim como para realização da educação permanente. Ao tratar de educação permanente, alguns dos métodos que a equipe utiliza são os dispositivos que a Tele-Educação oferece, por meio das Web palestras que são gravadas e disponíveis em ambiente virtual. É uma das formas mais acessíveis de educação permanente disponibilizada off-line. RESULTADOS: O advento da informatização na Atenção Básica tem oportunizado e potencializado a utilização da Telessaúde pelas Equipes de Saúde da Família. Acredita-se que este fato tende a melhorar o nível de resolubilidade da AB, aumentar a qualidade da assistência à saúde do indivíduo/família/comunidade, minimizando os encaminhamentos desnecessários para as redes de referência; além de instrumentalizar cientificamente os profissionais de saúde para melhor acolher, compreender, responder às necessidades apresentadas pela população e promover a integralidade do cuidado. A tele-educação tem sido um instrumento utilizado com frequência nas reuniões de equipe, em que as temáticas das web palestras são definidas com base na preferência dos profissionais da equipe, sendo possível identificar uma aproximação com as demandas locais, assim como a relação com o perfil epidemiológico da população. Podendo citar algumas das temáticas abordadas: Tuberculose na Atenção Primária; Tratamento de Feridas; Urgência e Emergências com enfoque na Reanimação Cardiopulmonar; Protocolos e Fluxograma de Processo de Trabalho; Atualização do Calendário Nacional de Vacinas, Hanseníase, Meningites, Chikungunia, entre outros temas. As web palestras têm uma duração que varia entre trinta minutos a uma hora, dependendo da temática abordada, sendo que ao término da palestra, destina-se um tempo para a equipe discutir sobre o tema abordado. Destaca-se que as web palestras são fornecidas em tempo real pela Rede da Telessaúde do estado do Rio Grande do Sul, no entanto, como não possuem uma periodicidade, dificulta um planejamento prévio para equipe  parar suas ações/atividades, como: as consultas agendadas, os grupos, os atendimentos, as visitas domiciliares, o acolhimento para acompanhar online as web palestras. Ressalva-se, que a baixa qualidade ou ausência de conexão à internet e a falta de informatização nas Unidades de Saúde da Família também dificultam o acesso em tempo real às web palestras. Para tanto, os momentos de educação permanente têm se constituído em espaços de grande aprendizagem, troca de experiências, atualização e formação em serviço, que tem possibilitado o aperfeiçoamento profissional e que subsequentemente reflete na qualidade da prestação de serviços à população. Alguns desafios permeiam a ampliação do serviço da telessaúde, de forma mais específica a tele-educação nos serviços de saúde, como à  baixa qualidade ou ausência de conexão à internet, poucos pontos de rede disponíveis, e a falta de informatização nas Unidades de Saúde da Família, a dificuldade da gestão em assumir a tele-educação como uma prática associada e necessária, que complementa às demais atividades dos serviços de saúde, assim como uma oportunidade de educação permanente, que pode impactar na prestação de serviços, na diminuição dos encaminhamentos desnecessários para as redes de referências e melhorar o processo de trabalho das equipes. CONSIDERAÇÕES FINAIS: As atividades de telessaúde para a Atenção Básica são de apoio na perspectiva da educação permanente, tendo, portanto, como contribuir na ampliação da autonomia e da capacidade resolutiva dos serviços prestados. Além disso, as atividades devem ser baseadas na melhor evidência científica disponível, adaptada para as realidades locais e seguindo os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS). As práticas de Telessaúde vêm crescendo, ampliando as discussões que devem ser pautadas e assumidas pela gestão como uma estratégia inovadora e necessária para o aperfeiçoamento das equipes de saúde, garantindo o acesso aos dispositivos que a Telessaúde oferece. Deste cenário, emerge a dificuldade de tornar a tele-educação uma rotina dos serviços de saúde. Para tanto, o envolvimento dos profissionais é essencial à implantação e efetivação das ações do Telessaúde; permanece, assim, o desafio de institucionalizar e incorporar o Telessaúde como um instrumento de transformação no cotidiano dos profissionais de saúde. Para tanto, é necessário que a Rede de telessaúde organize suas ações com maior antecedência, especialmente de tele-educação, e que se garanta divulgação aos serviços de saúde, possibilitando maior acesso dos profissionais de saúde aos dispositivos que o telessaúde oferece.

Palavras-chave


Telessaúde; Tele-educação; Atenção Básica à Saúde; Educação permanente.

Referências


Referências:

 

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). National eHealth strategy toolkit. 2012. Disponível em: . Acesso em: 28 mai. 2014

 

BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Portaria nº 2.546, de 27 de outubro de 2011. Redefine e amplia o Programa Telessaúde Brasil, que passa a ser denominado Programa Nacional Telessaúde Brasil Redes (Telessaúde Brasil Redes). Brasília, DF, 2011. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2546_27_10_2011.html. Acesso em: 28 mai. 2014.